Sábado, 23 Novembro 2024

Seria inacreditável, se não fosse no Brasil. Não pelos rios de dinheiro que outros países descarregam para cultivar com sucesso terras ditas improdutivas, desertos... Mas sim, pela capacidade do povo brasileiro de criar e implementar soluções radicais, mesmo com recursos mínimos e sem apoios econômicos... Apoios estes, direcionados a gigantes de pés de barro que devoram cédulas e regurgitam montes de projetos, infindáveis (para garantir constantes aportes financeiros), e inexequíveis (por falta de planejamento mínimo)...

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Mas... o que seria inacreditável, num país que – segundo análise recentemente citada num fórum digital de debates – é um país de território predominantemente tropical, onde é quase nula a produção daqueles itens com mercado garantido nos grandes centros, como o trigo? Alguém imaginaria produzirmos uvas nas terras quentes e secas do Cerrado central?

Já se produz uva ótima e vinhos reconhecidos na Bahia, em Pernambuco... o que impediria produzir tudo isso nas vizinhanças da Capital Federal? Pois é: inverteram até o ciclo natural da videira, podando seu crescimento no verão para colher os frutos no inverno. Os resultados dessas ousadias começam a ser divulgados neste ano. E são muito promissores.

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Talvez, em mais alguns anos, estas novas produções, 'in natura' ou engarrafadas, comecem a chegar aos portos, com destino aos grandes centros internacionais. Será que elas encontrarão instalações modernas? Ou esses portos estarão ‘engarrafados’ – já agora no sentido que damos ao trânsito congestionado –, por falta de visão estratégica do governo para implementar ou facilitar a implementação de soluções portuárias à altura da grandiosidade deste País?

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Se não saírem direto pelo Aeroporto Internacional de Brasília, talvez algumas (muitas) garrafas desse vinho federal brevemente cheguem aos portos litorâneos em conteineres, invertendo a histórica mão de direção das bebidas que saíam do porto santista para um terreno baldio numa cidade vizinha e dali para os gabinetes palacianos brasilienses. Bem, deixemos isso no passado...

O que importa saber é se – quando estas cargas estiverem prontas para embarque – ainda estaremos discutindo túnel versus ponte e margem direita versus esquerda, perigosas bombas flutuantes de gás e os eternos problemas rodo-ferroviários na Serra do Mar... ou já teremos implantado um terminal portuário ‘offshore’ que garanta a inserção da Baixada Santista na movimentação marítima de cargas pelos grandes navios já em construção.

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Brasília tem disso: de dia, um governo que nas quatro esferas de poder (Legislativo, Executivo, Judiciário e o rapaz do cafezinho) debate de modo inconclusivo todos os assuntos e a novela do dia. De noite, uma população anônima que vai lá, sem medo e sem incentivo, e cria o que todos diziam ser impossível, como a deliciosa uva e as primeiras garrafas de seu vinho.

Cada um em seu turno de atividade, tão próximos, mas em mundos separados por meros 30 km. Como sempre se diz: a economia brasileira cresce rápido, enquanto o governo dorme.

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Então, encerrando, voltamos à frase inicial. Seria inacreditável, se não fosse no Brasil. Um país tão promissor, mas que não consegue mudar seu futuro para melhor, por conta de sucessivas autoridades que falam como papagaios, mas parecem eternamente de mãos atadas para fazer algo melhor do que falar e falar.

Nesse falatório infinito e repetitivo, a expressão mais ouvida é que "o Brasil é o país do futuro". Pena que personalidades em diversos escalões de poder continuem deitadas em berço esplêndido...

Brasília do vinho à águaExemplo de vinho produzido no Distrito Federal
Foto: divulgação/Vinícola Brasília

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*O Dia a Dia é a opinião do Portogente

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