Milton Lourenço, presidente da Fiorde Logística Internacional, em recente artigo, diz que, "num exercício de futurologia, a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) acaba de divulgar o seu novo Plano Mestre do Porto de Santos, que traz projeções até o ano de 2060 para as operações do complexo santista e identifica futuros gargalos logísticos, entre outros dados".
Como descreve, o estudo prevê que o Porto deve chegar a 2060 com uma movimentação anual de 306 milhões de toneladas, resultado de um crescimento médio de 2,1% ao ano, apesar de admitir que esse crescimento pode ficar limitado a 1,7% ao ano, o que daria uma movimentação de 260,7 milhões de toneladas em 2060, dependendo do equacionamento de alguns dos gargalos. Ou mesmo de 1,2% ao ano, o que resultaria numa movimentação ao redor de 215 milhões de toneladas daqui a 42 anos, provavelmente levando-se em conta o atual ritmo de obras que visam a melhorar o acesso ao complexo tanto por terra como por mar.
Segundo ele, esse tipo de plano não pode prever acidentes de percurso. E explana: "Em 1974, quando se iniciaram as obras para a construção da Rodovia dos Imigrantes, ninguém poderia imaginar que os engenheiros cometessem a estultícia de projetar a sua via descendente com um declive tão acentuado que hoje impede a sua utilização por caminhões e ônibus. Resultado: mais de 40 anos depois, as carretas em direção ao porto continuam a se utilizar da Via Anchieta, construída na década de 1940, ocasionando congestionamentos, principalmente em época de supersafras."
Por isso, o empresário afirma que, para que os números do estudo da Codesp venham a se confirmar, "espera-se que seja construída no País uma rede de ferrovias que facilite o escoamento da produção agrícola do Centro-Oeste pelos portos do Arco Norte (Itacoatiara-AM, Salvador e Ilhéus-BA, São Luís-MA e Barcarena e Santarém-PA), além de uma rede de armazéns para abrigar a safra. Hoje, o que se vê é que os caminhões graneleiros cumprem o papel dos armazéns: carregados, ficam estacionados à beira de estradas e causam estrangulamento no trânsito quando têm de se dirigir ao cais do porto".
E acrescenta: "Também não se pode deixar de prever dificuldades cada vez maiores para a rede rodoviária na medida em que o fluxo de trânsito venha a ser mais intenso, especialmente nas rodovias que servem à região do porto santista, como a Domênico Rangoni, Anchieta e Manoel Hipólito do Rego (Piaçaguera-Guarujá), a via ascendente da Imigrantes e mesmo no Trecho Sul do Rodoanel. Mas, seja como for, o que se espera é que as novas gerações sejam capazes de enfrentar com êxito esses grandes desafios."