Por vezes, os pais investem no curso de inglês para crianças, mas se esquecem de estar presentes no processo de aprendizagem. Seja pela rotina corrida ou pela falta de interesse, o afastamento pode ser prejudicial e, até mesmo, desmotivar os filhos a continuarem estudando o idioma.
Estudo realizado pela pesquisadora da Universidade São Francisco (USF), Gislaine Chiquetto, analisou a influência da família no processo de aprendizagem das crianças. A pesquisa foi feita junto aos alunos do quinto ano do ensino fundamental de uma escola pública de Itatiba, no estado de São Paulo.
Chiquetto concluiu que a família tem uma grande influência no processo de aprendizagem, tanto positiva, quanto negativamente: as crianças que tinham um ambiente familiar favorável ao aprendizado apresentavam um desempenho melhor do que aquelas que não tinham esse apoio.
Com relação aos estudos de inglês, o British Council, organização internacional que promove a educação e a cultura britânica, aconselha que os professores do idioma tenham uma relação próxima aos familiares dos alunos. A orientação é para que o trabalho desenvolvido em sala de aula seja acompanhado por familiares e responsáveis dos alunos com constância, no dia a dia da convivência familiar.
Para ajudar e incentivar os filhos a aprenderem inglês, os pais podem embarcar nesta jornada e iniciar os estudos em família. Ao adotar estratégias simples, é possível tornar o aprendizado mais divertido e interessante, conforme especialistas da área.
Reserve um tempo para os estudos
No começo de todo processo, há o teste de nivelamento em inglês, que pode indicar uma diferença do nível de conhecimento entre os membros da família. Entretanto, isso não deve ser impedimento para aprenderem juntos, respeitando o ritmo e o nível de cada um. É aconselhável desenvolver uma rotina de estudos em família que seja regular e constante.
A diretora de avaliação de idiomas da Universidade de Ottawa, Beverly Baker, recomenda praticar o idioma com frequência em sessões mais curtas, em vez de períodos longos e esporádicos. "Uma hora por dia, cinco dias por semana será mais produtivo do que cinco horas uma vez por semana", informou em entrevista à imprensa.
Veja filmes, séries e desenhos
Outra forma de incorporar o inglês na rotina da família é por meio de filmes, séries e desenhos. Assim, a família se expõe ao idioma de forma natural, divertida e atrativa. O recurso audiovisual também é uma maneira de aperfeiçoar o vocabulário, a compreensão e a pronúncia. Uma dica é começar usando legendas em português, depois em inglês e, por fim, sem legendas.
O poliglota Timothy Doner aconselha assistir conteúdos pelos quais já exista um interesse prévio. "Se gosta de cozinhar, compre um livro de culinária em uma língua estrangeira. Se gosta de futebol, assista a um jogo internacional", disse em entrevista à imprensa. "Mesmo que aprenda apenas poucas palavras por dia, será mais fácil relembrá-las mais tarde."
Aposte em brincadeiras em inglês
Jogos de tabuleiro, mímica, palavras cruzadas e jogos de adivinhação são opções de brincadeiras que podem ser feitas em inglês. Elas podem ajudar a família a praticar o idioma de forma lúdica e dinâmica.
Relacionar o aprendizado com brincadeiras é uma recomendação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). De acordo com a organização, brincar é um direito da criança e um eixo estruturante do currículo da educação infantil. Colocar a recomendação em prática para aprender um novo idioma com a família é uma forma de estimular o desenvolvimento de habilidades como criatividade, raciocínio, memória, atenção, concentração, cooperação, respeito e tolerância.
Faça jantares temáticos
A língua inglesa é falada em diversos países com culturas totalmente diferentes. Uma apuração realizada pela empresa de dados do Reino Unido, Enciclopédia Britannica, revela que o idioma é falado por mais de 1,27 bilhão de pessoas em todo o mundo. Para aproveitar a pluralidade, os jantares temáticos podem ser uma forma descontraída de aprender inglês com a família.
É possível escolher um país e preparar uma refeição típica daquela região. Ao escolher a Austrália, por exemplo, a família poderá se deliciar com um churrasco de carneiro e uma pavlova de frutas. “Façam perguntas entre si ou alguma atividade, conversem no idioma e discutam assuntos desta cultura. Eu não pularia essa parte porque aprender sobre as pessoas e sua cultura me motiva a prosseguir no meu aprendizado”, orienta Baker.