Segunda, 20 Mai 2024


por Bárbara Farias

Os portos se modernizaram e o transporte de carga a granel tornou as viagens mais rápidas e baratas. Com isso os tempos áureos das empresas de sacaria sucumbiram e muitas fecharam as portas entre as décadas de 70 e 80.

As memórias dos bons tempos e a reviravolta causada pela implantação de novos equipamentos e formas de transporte foram relembradas pelo aposentado Mariano Ramirez, 73 anos, ex-proprietário da Sacaria Ramirez e Filhos Ltda.

Já Victor Tobar Soares, 49 anos, dono da Sacaria Tobar e Soares, contou como conseguiu manter a empresa no ramo, a única na Cidade de Santos.

Os pais de Mariano eram espanhóis e se estabeleceram no Brasil na primeira metade do século 20. Seu pai, Vicente Ramirez Ortiz, então, ergueu a empresa de sacaria, que em princípio, recebeu seu nome. A família Ramirez permaneceu neste ramo até 1978. Com a entrada dos filhos, a empresa passou a se chamar Sacaria Ramirez Ltda.

Mariano (à esquerda) contou que, juntamente, com seus irmãos, viajava pelo interior do Estado de São Paulo e Paraná em busca de novos clientes - fazendeiros que comercializavam seus produtos como café, milho, arroz, feijão, entre outros.

A primeira Associação dos Comerciantes de Sacaria do Brasil foi organizada e fundada em Santos e isso, segundo Mariano, é um marco na história da sacaria.

Alguns anos depois, o pessoal da capital paulista emcampou a idéia e se organizou, inclusive, em sindicato, transferindo assim, a sede da associação para São Paulo.

Mariano disse que ouvia rumores sobre o fim da sacaria, já na sua infância, mas, segundo ele, mesmo tempos depois, com a utilização do transporte de mercadoria a granel, houve um descrédito entre os saqueiros em relação ao comprometimento de seus negócios.

Santos chegou a ter aproxidamamente 30 empresas de sacaria em atividade na mesma época. Conforme Mariano, devido a grande demanda, não existia concorrência desleal, havia mercado para todos. Uma característica é que o ramo era dominado por muitos comerciantes espanhóis.

Embora falava-se no avanço do transporte a granel desde a primeira metade do século 20, Mariano afirmou que a sacaria sustentou três gerações de sua família.

Em 1978, a família Ramirez encerrou as atividades fechando a sacaria devido a falta de mercado. Desde então até os dias de hoje, Mariano atua como corretor de imóveis.

A Sacaria Tobar e Soares tem cerca de 90 anos e é a única existente em Santos. Adaptando-se a modernização do transporte de carga, a empresa passou a fabricar também um produto de armazenamento da mercadoria a granel para contêiner. Esse tipo de saco é chamado liner.

Victor herdou a Sacaria Tobar e Soares de seus avós. Ele disse que a Sacaria tinha um papel significativo na região, pois movimentava todo tipo de mercadoria: arroz, milho, batata. "e o café era o carro chefe".

Apesar da baixa procura por sacaria, Victor (à esquerda)acredita que o mercado não acabará, no entanto, salientou que o comércio de sacaria perdeu cerca de 80% para o granel. O comerciante disse que o café ainda é o produto que mais depende de sacaria para ser transportado, diferente, do açucar, soja e farinha. Mas lembrou que o café movimenta apenas 50% de sacaria.

Para Victor, o mercado de sacaria não cessará porque os fazendeiros, pequenos e médios produtores necessitam de sacaria para o transporte de seus produtos. Afirmou que o fazendeiro tem safra uma vez por ano e, portanto, não investe em equipamento específico para transporte a granel.

Saco tipo liner para embalar café em conteiner. (tempos modernos)

 

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