A mobilização dos caminhoneiros que ganha força pelo País está preocupando os embarcadores. Nesta segunda-feira (23/2), algumas entidades divulgaram nota solicitando o fim dos protestos, entre elas a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e as federações das indústrias dos Estados do Paraná (Fiep) e de Santa Catarina (Fiesc).
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O presidente da ABPA, Francisco Turra, informa que os piquetes de caminhoneiros já afetam a avicultura e a suinocultura no território nacional. “Produtores de aves e suínos estão enfrentando dificuldades no abastecimento de insumos e liberação de cargas perecíveis em meio aos vários piquetes armados por frentes sindicais de caminhoneiros.”
Segundo Turra, as frentes sindicais que estão promovendo a greve precisam se sensibilizar quanto “ao gravíssimo problema que podem gerar impedindo que cargas vivas, produtos perecíveis e insumos para as granjas. Animais podem morrer de fome e alimentos serão perdidos”.
Ainda conforme Turra, as empresas informam que há paralisação total em importantes rodovias de escoamento de insumos e da produção de aves e suínos, como é o caso da BR 282 (Santa Catarina) e da BR 153 (Rio Grande do Sul).
A paralisação também pode afetar o fluxo das exportações dos setores, em um momento econômico delicado. “Estamos em um período de recuperação, após o desempenho negativo registrado, no mês de janeiro, em aves e suínos”, aponta.
Fiep
Já o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, destaca que o movimento dos caminhoneiros vem prejudicando indústrias paranaenses, inclusive de setores que produzem alimentos perecíveis – que deveriam estar livres dos bloqueios. “O setor produtivo brasileiro já atravessa um momento extremamente delicado, que vem se agravando a cada aumento de impostos e de tarifas públicas, como os ocorridos recentemente”, diz o dirigente empresarial. “Os bloqueios nas rodovias comprometem a entrega de matérias primas para as indústrias e o transporte de produtos finais até seus clientes. Esses atrasos representam um enorme prejuízo para as empresas”, acrescenta.
Foto: Gilson Abreu/Fiep
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Segundo Campagnolo, a preocupação é ainda maior em relação ao bloqueio de cargas de produtos perecíveis. Apesar de os líderes do protesto afirmarem que caminhões com esses itens estão com passagem liberada pelas rodovias, a Fiep tem recebido relatos de que isso não vem sendo respeitado. Sindicatos filiados à entidade que representam as indústrias de carne e de leite, entre outros, já registram problemas com a manifestação.