A ampliação do programa federal de concessões em infraestrutura representa importante passo no conjunto de ações para a retomada do crescimento e recuperação da competitividade da economia brasileira. “Santa Catarina é um dos Estados que mais necessita de obras de infraestrutura para redução dos custos logísticos. Por isso, consideramos o anúncio uma boa notícia. Agora precisamos de uma boa governança para o programa sair do papel, conciliando atratividade para o investidor com custos compatíveis com a realidade brasileira”, disse o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Glauco José Côrte. Ele acompanhou, no dia 9 de junho, em Brasília, o lançamento da segunda fase do Programa de Investimentos em Logística (PIL), do governo federal, que tem como meta viabilizar investimentos de quase R$ 200 bilhões.
Leia também
Concessões de rodovias facilitarão escoamento de grãos, diz governo
Setor portuário impulsiona exportações
Côrte destacou que entre os projetos anunciados estão obras importantes para Santa Catarina, incluindo obras cuja concessão já era defendida pela entidade, como o Aeroporto Hercílio Luz, o trecho Sul da BR-101, a BR-282 e a BR-470. “Ferrovias fundamentais para o Estado não foram incluídas porque não têm projetos prontos. Esperamos que tão logo seja superada esta etapa, elas também sejam concedidas”, avaliou.
Foto: José Paulo Lacerda/CNI
Empresários acompanharam em Brasília o anúncio do pacote de concessões do governo federal, no dia 9 de junho
Mesmo considerando que a infraestrutura de transporte deva ser provida pelo Estado, as obras não têm sido realizadas no ritmo necessário para atender o crescimento da demanda, conforme levantamentos da FIESC. Em Santa Catarina, por exemplo, os recursos previstos no Programa de Aceleração do Crescimento e Orçamento da União têm sido executados, em média, em 47%. Nos últimos cinco anos cerca de 80% desses recursos foram direcionados ao trecho Sul da BR-101.
O dirigente lembra ainda que análises técnicas da Fiesc mostram que as condições das rodovias com obras previstas na segunda fase do Programa de Conservação, Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema), do governo federal, estão em condições extremamente precárias.
Na avaliação da indústria, a ampliação da participação do setor privado aponta na direção correta para destravar investimentos estratégicos com modelos que sinalizam maior segurança e atratividade para o investidor. É preciso, contudo, assegurar condições para que a implantação dos projetos de concessão se confirmem no prazo estabelecido, garantir uma atuação independente das agências reguladoras e um ambiente jurídico e institucional que garanta os contratos.
Apesar do sensível progresso em alguns modais, a indústria brasileira ainda se ressente do déficit histórico na infraestrutura, que permanece um inconveniente entrave à competitividade do setor. Nesse sentido, boa governança e gestão serão essenciais para evitar atrasos, já que o tempo de maturação de projetos de infraestrutura é longo. Somente com a integração logística entre modais o País conseguirá com efetividade transportar seus produtos e concorrer no mercado externo, manifestou-se a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Na avaliação de Côrte, o programa de infraestrutura coloca em pauta uma agenda positiva de investimentos, que se contrapõe ao caráter recessivo do ajuste fiscal em curso. “Era o que vínhamos pedindo”, afirmou.
??Baixa qualidade - O estudo Competitividade Brasil 2014, da CNI, mostra que a má qualidade da infraestrutura de transportes coloca o Brasil em último lugar em um ranking que compara o País a 14 outras nações que disputam espaço no mercado mundial. De acordo com o trabalho, quando se analisam os modais, o Brasil ficou em último lugar em portos e aeroportos e em 13o lugar nos quesitos ferrovias e rodovias. Na prática, a falta de qualidade na malha de transportes se traduz em frete mais caro, maior tempo gasto no deslocamento de mercadorias e maior custo final no preço do produto nacional.