“Os condutores que compuseram a amostra do estudo foram selecionados a partir de critérios previamente estabelecidos, foram selecionados 195 condutores para compor a amostra do estudo”, conta Swerts. As avaliações foram feitas na cidade de Ribeirão Preto (interior de São Paulo). “Os parâmetros para a avaliação foram as características individuais e ocupacionais e a presença de dor osteomuscular”.
Durante a avaliação foram utilizados três instrumentos de análise. “O primeiro foi um questionário de caracterização individual e ocupacional, o qual foi elaborado pelo pesquisador e posteriormente submetido a um processo de validação de aparência”, conta o fisioterapeuta. “Também foram aplicados o Questionário Nórdico de Sintomas Osteomusculares e o Diagrama de Corlett, dois métodos conhecidos por avaliar a presença, localização e intensidade de dor osteomuscular”.
A presença de distúrbios osteomusculares mostrou-se frequente entre os condutores de veículos de transporte de cargas. “Com maior frequência estes profissionais queixaram-se de dor osteomuscular na coluna lombar (23,6%), no ombro (16%) e joelho (13,3%)”, aponta Swerts.
Testes estatísticos
Durante a pesquisa foram realizados testes estatísticos que mostraram correlação positiva entre variáveis individuais e ocupacionais com a presença de dor osteomuscular referida por estes trabalhadores. “Entre elas estão o índice de massa corporal (IMC), os problemas de saúde no trabalho, a distância percorrida diariamente e a carga horária diária de trabalho, variáveis que chamaram a atenção dos pesquisadores”, ressalta o fisioterapeuta. A pesquisa foi orientada pela professora Fernanda Ludmilla Rossi Rocha, da EERP.
Entre as orientações e recomendações para reduzir a incidência de dor osteomuscular estão a manutenção do peso corporal adequado e a adoção de pratica regular de exercícios físicos. “Também é necessário atenção quanto aos aspectos ergonômicos do veículo e da postura corporal adotada durante a atividade laboral, a realização de pequenas pausas conforme preconizada pela legislação vigente e a redução da extensa jornada de trabalho”, recomenda o fisioterapeuta.
Segundo Swerts, a jornada diária de trabalho do motorista é a estabelecida pela legislação federal (oito horas), porém, mediante acordos ou convenções coletivas de trabalho pode ocorrer prorrogação de até duas horas extraordinárias. “Em razão da especificidade do transporte, sazonalidade ou de características que justifiquem mudanças, as convenções e acordos coletivos poderão prever jornadas de doze horas de trabalho por trinta e seis horas de descanso”, aponta. “A lei federal 12.619, de 2012, dispõe sobre o exercício da função de motorista e diz que a cada quatro horas ininterruptas de direção é obrigatória uma pausa de meia hora”.
Swerts afirma que a pesquisa não avaliou a ergonomia dos veículos, porém a literatura científica destaca que aspectos ergonômicos podem favorecer o aparecimento das dores osteomusculares. “O assento do veículo (a altura do banco em relação ao volante e aos pedais) é um aspecto ergonômico que pode levar ao desenvolvimento de dor, dessa forma os ajustes para a acomodação e boa postura realizados pelos motoristas ficam prejudicados. A longa jornada de trabalho associada ao IMC elevado, ao sedentarismo e o ambiente anti-ergonômico interfere no alinhamento vertebral gerando quadros álgicos”, aponta. ”Por isso, a manutenção de uma postura adequada pode evitar tensões musculares e sobrecargas articulares”. Fonte: Agência USP de Notícias