Domingo, 24 Novembro 2024
publicado originalmente pelo Valor

O Porto de Tubarão, no Espírito Santo, onde estão as mais antigas operações portuárias para a exportação de minério de ferro da Vale, passa por uma fase de modernização. O porto começou a ser construído no governo de João Goulart, em 1962, e foi inaugurado quatro anos depois, em 1966. O terminal permitiu atracar grandes navios para a época e alavancou as vendas externas da Vale. Quase 50 anos depois, Tubarão está recebendo R$ 1,8 bilhão em investimentos para tornar-se mais eficiente via redução de custos e aumento da segurança operacional. Como resultado, espera ter ganhos de produtividade e manter-se como um dos portos mais eficientes do mundo na movimentação da commodity.

Tubarão escoa cerca de 30% da produção anual de minério de ferro da Vale. Em 2013, o terminal deve embarcar 103 milhões de toneladas de minério de ferro e pelotas, 18% abaixo de sua capacidade, de 125 milhões de toneladas. Os investimentos devem permitir ganhos de produtividade de 7% a 10%, disse Fábio Brasileiro, diretor de planejamento e desenvolvimento logístico e operações da Vale. Tubarão poderá chegar ao fim de 2016, quando o projeto de modernização estiver concluído, com capacidade até 10% maior.

Foto: André Bonacin

A estrutura do Porto se estende por 14 quilômetros quadrados em uma ponta da praia de Camburi, na capital capixaba

O porto se diversificou. O Terminal de Tubarão serve exclusivamente para a exportação de minério de ferro e pelotas e conta com três píeres para atracação de navios, um dos quais apto a receber os Valemax, mineraleiros com 400 mil toneladas de capacidade. Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), de 2009, apontou Tubarão como o porto mais eficiente do mundo para embarque de minério de ferro. Mas Tubarão abriga ainda o Terminal de Praia Mole (TPM), com dois berços, por onde é importado 70% do carvão consumido pelas siderúrgicas brasileiras. Também opera no local o Terminal de Produtos Diversos (TPD) com um píer para embarque de grãos e outro para as importações de fertilizantes. O porto tem ainda um Terminal de Granéis Líquidos (TGL), que atende à Petrobras.

Brasileiro disse que os investimentos feitos em Tubarão para atender ao minério de ferro podem beneficiar outras instalações do complexo. O aporte de R$ 1,8 bilhão busca atualizar o parque industrial de Tubarão e obter ganhos de produtividade para que a empresa continue sendo competitiva frente aos concorrentes, afirmou. Os investimentos foram previstos para cinco anos em período que começou em 2011 e termina em 2015. "Temos um parque com 40 anos de vida útil dos equipamentos, em média, que precisava ser modernizado", disse Brasileiro.

Essa atualização tem duas vertentes: uma vai revitalizar o sistema elétrico do porto a partir de desembolsos de R$ 951 milhões. Outros R$ 900 milhões estão sendo aplicados na renovação do parque de máquinas de Tubarão. Estão sendo compradas quatro empilhadeiras e três recuperadoras, equipamentos de grande porte utilizados na movimentação de minério de ferro e pelotas no porto. Uma primeira empilhadeira já está em fase de montagem na área dos pátios das pelotizadoras.

Brasileiro disse que as sete máquinas foram negociadas com a fornecedora alemã Tenova. "Já temos uma opção de compra para todas elas [as máquinas]." A Vale vem trabalhando o prazo de entrega uma a uma, disse Brasileiro. Na sequência da primeira empilhadeira, deve ser montada uma recuperadora que já chegou a Tubarão. Segundo o executivo, a Vale vem dando preferência a empresas nacionais no que se refere à montagem, supervisão e gerenciamento.

O diretor da Vale disse que os investimentos vão permitir reduzir o consumo de energia e melhorar a eficiência energética, além de dar maior segurança aos funcionários. Tubarão também vem passando por melhorias na área ambiental uma vez que o porto está próximo de áreas urbanas. Em 2007, a Vale acertou um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) com o Ministério Público Estadual (MPES), as associações de moradores da Grande Vitória e o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema). Como resultado, foram implementadas diversas ações.

Os pátios, por exemplo, foram cercados por barreiras de vento, estruturas de telas que reduzem a velocidade do vento sobre as pilhas de minério e pelotas e diminuem o arraste de poeira. As pilhas de minério e carvão recebem polímeros e as pelotas, supressores de pó que funcionam como uma película protetora, reduzindo ainda mais a emissão de poeira na movimentação. Houve também investimentos para reduzir as emissões das pelotizadoras e melhorias nos carregadores de navios.

Na área operacional, a Vale pretende estender o monitoramento online a todas as atividades do porto de Tubarão até 2017. A tecnologia vale-se de sensores para diagnosticar, de forma antecipada, eventuais anomalias no funcionamento dos equipamentos. Dessa forma, é possível reduzir custos com manutenção. Os cinco viradores de vagão do porto, usados para descarregar o minério que chega nos trens, já contam com monitoramento online. Outra ferramenta que cresce em Tubarão é o uso de simuladores para treinar os operadores das máquinas.

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