Fórum Carbono Neutro debate alternativas aos fósseis e acesso à energia limpa na Amazônia Legal
Fórum Carbono Neutro reuniu pesquisadores, especialistas e representantes do governo para debater alternativas aos fósseis e ampliar o acesso à energia limpa na Amazônia Legal.

A urgência de ampliar o acesso à energia de forma sustentável foi o centro da discussão do painel "A descarbonização da universalização ao acesso à energia elétrica na Amazônia Legal", realizado no dia 23 em Belém (PA), durante o Fórum Carbono Neutro, dentro do Fórum Regional de Geração Distribuída - Norte.
Na ocasião, Vinicius Oliveira, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), destacou a necessidade de avaliar com cuidado as alternativas atualmente em implementação, como os sistemas de baterias em regiões remotas, além de reforçar a urgência de uma política pública voltada à gestão de resíduos sólidos.
Com a participação de representantes da Redes Energia e Comunidades e da Conexão Povos da Floresta, das quais o IEMA faz parte, o debate destacou a importância de garantir energia limpa e acessível como condição para a melhoria da qualidade de vida das populações da região. O painel contou com a mediação da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD) e com a participação do Grupo de Desenvolvimento e Análise Energética da Universidade Federal do Pará (GEDAE/UFPA).
“A falta de acesso à energia prejudica o desenvolvimento socioeconômico, a preservação ambiental e a qualidade de vida das pessoas, pois não se trata apenas do uso domiciliar, mas também do funcionamento de postos de saúde, escolas, unidades produtivas e da conectividade”, ressaltou Oliveira, do IEMA.
Representantes do governo, da prefeitura e de responsáveis pelos resíduos sólidos e reciclagem acompanharam o painel, que resultou em recomendações para a expansão de fontes renováveis, o fortalecimento da logística reversa de baterias e o desenho de programas específicos para comunidades isoladas.
Um milhão de pessoas no escuro
A Amazônia Legal ainda enfrenta grandes desafios em relação ao acesso à energia elétrica. Estudo do IEMA, de 2020, apontou que quase um milhão de pessoas ainda vive sem acesso à energia elétrica, dependendo de soluções precárias ou inexistentes para atender às suas necessidades básicas. Além disso, grande parte do fornecimento disponível é feito por fontes fósseis, o que agrava as emissões de carbono e aumenta os custos para as comunidades.
Para suprir essa demanda com sistemas fotovoltaicos, por exemplo, seria necessário o emprego de pelo menos três milhões de equipamentos ao longo da vida útil deles (25 anos) para garantir o acesso básico à energia elétrica para as pessoas que ainda vivem no escuro. O que pode gerar um volume expressivo de resíduos em locais afastados de grandes centros urbanos.
Só as baterias, indispensáveis para armazenar a energia em regiões isoladas, representam um desafio ambiental significativo: seriam produzidas pelo menos 71 mil toneladas de resíduos até 2055, dependendo do tipo de tecnologia utilizada. A dimensão desse passivo ambiental reforça a urgência de planejar a logística reversa dos equipamentos desde o início da expansão da energia elétrica mais limpa e inclusiva.