Sábado, 23 Novembro 2024

Os Portos de Paranaguá e Antonina estão localizados no Paraná e fazem parte da autarquia estadual APPA (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina). Com uma faixa portuária de mais de 2,6 Km de extensão, Paranaguá ocupa a segunda colocação entre os portos de maior importância do País. Possui o maior complexo para embarque de granéis sólidos da América Latina e é o principal portão de embarque da soja brasileira para o mercado externo. A Comunidade Européia representa mais de 40% dos destinos de exportação do porto e a Ásia é detentora de outros 40% da movimentação. Desde janeiro de 2003 o superintendente da APPA é o psicanalista Eduardo Requião de Mello e Silva. Perto de completar 63 anos, casado e com dois filhos, Eduardo Requião concedeu entrevista ao Portogente.

 

Portogente: O principal produto exportado por Paranaguá é a soja. Qual é a movimentação anual?

Eduardo Requião: O porto é o maior exportador público de grãos do mundo. Em 2004 foram exportadas 5 milhões de toneladas de soja, 5,3 milhões de farelo de soja e 3,5 milhões de milho. Os principais destinos dos grãos são China, Coréia, Tailândia, Índia, Irã, Marrocos, Emirados Árabes, Espanha, Itália, Holanda e Inglaterra.

 

Portogente: Qual sua opinião sobre a soja transgênica?

Requião: Nossa credibilidade baseia-se na qualidade dos produtos produzidos e embarcados. Os clientes exigem a certificação da não transgenia e os negócios firmados com o mercado internacional ratificam esta exigência. A lei estadual que proíbe o plantio, manipulação, comercialização e a industrialização de transgênicos no Paraná é respeitada em Paranaguá, que não embarca soja geneticamente modificada, acompanhando a decisão do Governo. Faremos o possível para impedir que qualquer pessoa tente burlar esta determinação do Estado. A exportação de transgênicos pelos portos do Paraná é crime e todo crime deve ser punido. Se constatada qualquer irregularidade na soja movimentada pelos complexos público e privado, a soja declarada contaminada é retirada dos silos e armazéns onde estiver depositada. A pena prevista para quem descumprir a medida varia entre a interdição da instalação e a suspensão das operações do responsável.

 

Portogente: Quais os investimentos que estão sendo feitos na infra-estrutura do porto?

Requião: Construção de novo silo para 107 mil toneladas de granéis sólidos; construção de terminal para álcool industrial na Vila da Madeira; primeira fase do Projeto Cais Oeste (melhorias nos berços e dragagem); pavimentação de 25 quilômetros das vias de acesso em concreto rígido; remodelação do Pátio de Triagem; balanças rodoviárias de acesso à área primária do porto; reforma da sede da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA); entre outros. Nestes citados aqui os valores chegam a R$ 93 milhões.

 

Portogente: Qual é a movimentação do porto de Antonina?

Requião: De janeiro a 25 de julho deste ano, o Porto de Antonina movimentou 609.208 mil toneladas de produtos. No mesmo período de 2004 foram movimentadas 553.497 mil toneladas. O orçamento total de investimentos no Porto de Antonina ultrapassa R$ 16,3 milhões.

 

Portogente: Como está a implantação do ISPS Code nos portos?

Requião: Os portos do Paraná estão em busca acelerada pela certificação internacional ISPS Code. A APPA já vem implantando melhorias, como a instalação de balanças nos portões de acesso; sistema eletrônico para leitura de código de barras; cercas na área oeste do porto; uma área exclusiva para a Polícia Federal; silos públicos e corredor de exportação. Também serão instaladas 69 câmeras nos portos. Sem o atendimento aos critérios estabelecidos pelo ISPS Code, os embarques com destino aos Estados Unidos serão cancelados. Do total das exportações do Porto de Paranaguá, entre janeiro e março de 2005, 6,83% tiveram como destino os Estados Unidos. O destaque fica por conta das exportações de madeira.

 

Portogente: O que mais será feito na área de segurança?

Requião: A segurança nos portos paranaenses será em breve incrementada com a instalação do Núcleo Especializado de Polícia Marítima (Nepom), órgão ligado a Polícia Federal, destinado à segurança das áreas marítimas e de navegação de Paranaguá e Antonina. A nova corporação será instalada na área primária do porto. O Nepom atuará contra o tráfico, o roubo de cargas, a pirataria, a presença de pessoas em situação irregular no Porto e contará com equipamentos como lanchas, botes e armamentos.

 

Portogente: Qual será a finalidade do Porto do Mercosul?

Requião: Um dos principais projetos da APPA é a instalação do Porto do Mercosul em Pontal do Paraná e a retomada da atividade portuária no município. O terminal contará com berços especializados na importação e exportação de cargas do Mercosul. A expectativa é que, num primeiro momento, 6 mil TEUs sejam movimentados em Pontal por ano. O Porto do Mercosul vai refletir na cidade todo o crescimento que a atividade pode criar, através da geração de empregos, renda e dos serviços oferecidos em Pontal do Paraná, que possui um dos melhores calados naturais do País. O novo terminal será a ligação dos países do Mercosul para o Atlântico. Com 23 quilômetros de costa, o porto poderá receber navios com capacidade superior a 60 mil toneladas.

 

Portogente: O sr. acredita que o Senado aprovará o decreto que suspende a autorização da União para o governo estadual administrar os portos de Paranaguá e Antonina?

Requião: A aprovação na Câmara Federal, pela bancada oposicionista ao Paraná, do Decreto Legislativo que federaliza a administração dos portos paranaenses é a apoteose da política burra e inconseqüente dos parlamentares liderados por Ricardo Barros, do Partido Progressista. Querem federalizar, numa primeira etapa, para depois privatizar e embarcar a soja transgênica. Tentar desestabilizar uma administração que em apenas dois anos fez dobrar a receita cambial é algo, no mínimo, suspeito. Em 2002, a receita cambial foi de 4,1 bilhões de dólares. Em 2003, com a mesma estrutura física utilizada pelo governo anterior, arrecadamos 6,5 bilhões e, em 2004, 8,4 bilhões de dólares. O porto de Paranaguá, além de ser o maior em embarque de grãos da América Latina, também é grande no embarque de cargas gerais, pelas quais lutamos, pois é esse segmento que gera mais mão-de-obra. Aqueles que são contra os interesses nacionais, que lutem para privatizar os nossos portos, empobrecendo a Nação e enfraquecendo o Estado.

 

Créditos:

Fotos 1 e 3 - www.portosdoparana.com.br

Foto 2 - Rodrigo Leal/APPA

Website: www.portosdoparana.com.br

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