João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical
Um dos resultados da derrota sofrida pelos trabalhadores que amargam a recessão e uma investida sem precedentes contra seus direitos e conquistas, é o aparecimento e circulação de ideias e de práticas de resistência (mais ideias que práticas) que não contribuem para o esforço comum e que, pelo contrário, o desorientam.
Refiro-me especialmente às comparações indevidas entre a dinâmica do movimento sindical e as dinâmicas de outros movimentos sociais, como o dos estudantes secundaristas em muitas escolas públicas.
Como forma de protesto contra a PEC 241 (agora PEC 55 no Senado) e contra a medida provisória sobre o ensino médio, acontecem de maneira espontânea ocupações de escolas públicas, com grande concentração dos eventos no Paraná. Depois do êxito da mesma forma de luta em São Paulo contra mudanças pretendidas pelo governo estadual no ensino secundário, as ocupações atuais carregam uma marca forte de contestação e estimulam debates acalorados nas redes sociais de comunicação e em algumas das escolas ocupadas, mas não têm, longe disto, a força capaz de contrariar, seja a aprovação senatorial da PEC, seja o encaminhamento parlamentar intempestivo das modificações curriculares. É a resistência de uma juventude estudantil que quer ser ouvida e não tem encontrado eco duradouro na grande imprensa, nem no mundo político-partidário e sente-se quase perdida em seu esvaziado ambiente escolar; é um 2013 localizado.
Muito diferente desta é a situação dos trabalhadores e do movimento sindical, acossados pela recessão e pelos ataques conjugados contra seus interesses. A base dos trabalhadores está apreensiva e nada leva a se prever, de imediato, ações de massa retumbantes.
A cúpula sindical deve persistir no seu esforço unitário de resistência, compreender as limitações objetivas de suas manifestações, que têm características próprias e empreender, a curto e médio prazo, ações que, com inteligência, tragam para a primeira linha de resistência a massa dos trabalhadores, sem capitulação nem aventura.