Fernando Siqueira é vice-presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet)
Nos dia 18 e 19 deste, estávamos em Brasília tentando minimizar os malefícios do Projeto de Lei do Senador José Serra que tira a Petrobrás do pré-sal. Ele foi aprovado no Senado e está na Câmara sob o número PL 4567/2016, em final de aprovação, ou seja, foi aprovado o projeto, mas estão faltando algumas emendas apresentadas por deputados. Por exemplo, as emendas 1, 3 e 4. Elas estabelecem que áreas estratégicas continuem sob operação pela Petrobrás. As emendas 1 e 3 definem que áreas estratégicas são as que tem reservas acima de 500 milhões de barris e constatamos que elas não teriam chance de aprovação. A emenda 4 prevê que áreas estratégicas seriam as que têm reservas superiores a 1 bilhão de barris. Esta emenda, apresentada pelo deputado Arnaldo Jordy, do PPS – base do Governo – apresentou uma boa chance de ser aprovada.
Assim, passamos a trabalhar na base governista para angariar o apoio à sua aprovação, com boa receptividade. Conversamos com o Deputado Jordy porque fomos informados que uma equipe da Petrobrás o procurara (sob ordens do Parente, “não podemos provar, mas temos convicção”) para dizer que a emenda dele era tecnicamente falha. Informamos a ele que a emenda era boa, que não tinha falha técnica e que a Associação dos Engenheiros da Petrobrás a apoiava. Ele nos pediu uma nota técnica que afirmasse isto e imediatamente preparamos, tendo ele divulgado para a imprensa, além de nos pedir que contactasse nossos aliados para apoiar a emendas. Falamos com a FUP e esclarecemos que a emenda tinha duas vantagens importantes: 1) faria o projeto voltar para o Senado; 2) faria com que a ANP avaliasse as áreas antes de fazer leilões. Falamos também com os demais aliados da oposição, que ficaram convencidos – “é para atenuar o dano”, resumiu o Chico Alencar.
Mais tarde fomos à liderança do Governo para buscar convencê-los de que a emenda iria tirar do Governo a pecha de entreguista deslavado e responsável por um dos maiores danos à Soberania Nacional. O Chefe de Gabinete nos disse: “acho até que vocês estão certos, mas chegaram tarde. Acabei de enviar um email-circular convocando todos os membros da base para votar e derrubar a emenda. Ordens do Governo”.
Saímos correndo para a liderança da minoria para deslanchar um plano de obstrução e tentar evitar a votação. Enquanto conversávamos, ele verificava o quórum. De repente, disse: “Ferrou, o quórum está obtido e o Governo vai passar o rodo. Vamos tentar obstruir, mas não vai ser fácil”. Ficamos um pouco chateados, mas procuramos levantar o moral, dizendo: aceitar a derrota faz parte do jogo, mas desistir nunca!
Eis que, de repente, ocorreu o milagre: chegou a notícia de que Eduardo Cunha havia sido preso e isto provocou uma revoada de mais de 150 parlamentares do plenário! Todos atrás dos seus advogados para saber o que fazer e, assim o quórum foi derrubado e a votação não ocorreu. Cunha salvou a Pátria, involuntariamente, claro.
No Japão, o presidente, Temerariamente, antecipou sua volta ao Brasil.