A notícia da prisão preventiva do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) repercutiu nesta quarta-feira (19/10) entre os deputados em Plenário. O tema monopolizou a atenção dos parlamentares durante as discussões da sessão do dia, em que uma obstrução impediu votações. A sessão acabou sendo encerrada. Em perfil na rede social Facebook, Cunha reagiu à prisão preventiva: "Trata-se de uma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando argumentos de uma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal", disse. E completou: "Meus advogados tomarão as medidas cabíveis."
O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) disse que o governo está em silêncio, para demonstrar que a Polícia Federal continua investigando e quem comete crimes vai pagar. “Não acho conveniente as pessoas ocuparem a tribuna para anunciar a prisão de quem quer que seja, porque amanhã pode ser [o ex-presidente] Lula. Não é motivo de comemoração”, disse.
Jandira Feghali (PCdoB-RJ) respondeu pela oposição e disse que as situações são diferentes. Para ela, no caso de Cunha há fato e embasamento – e a prisão já era esperada –, mas para Lula não há legitimidade. “Mas isso não pode servir como cortina de fumaça para dizer que a prisão de Lula se justifica, como se houvesse prisões dos dois lados. O que ocorre com Lula é uma perseguição política seletiva, não há nenhum fato que o coloque como réu”, disse.
Desconversou
Um dos parlamentares mais próximos de Cunha, o líder do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP), preferiu desconversar e afirmou que a prisão do ex-aliado não muda o dia a dia da Câmara. “A Câmara continua funcionando, temos de votar projetos importantes”, afirmou.
Para o deputado, Cunha poderá rever a decisão de não fazer acordo para delação premiada, como afirmara o ex-presidente da Câmara várias vezes. “Uma coisa é fora da cadeira, outra é dentro. Quantos foram presos e diziam que não fariam delação e depois fizeram?”
Adversários
O deputado Silvio Costa (PTdoB-PE) lembrou que foi adversário de Cunha desde o início e avisou que esse seria o desfecho. “Claro que não vamos ficar felizes pela tragédia de alguém, mas como diz o ditado, a gente colhe aquilo que planta”, criticou.
Para o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), a prisão demonstra que a Rede e o Psol estavam certos ao pedir a cassação do ex-presidente da Câmara, aprovada pelo Plenário da Câmara em 12 de setembro. “Se essa cassação não tivesse ocorrido, não haveria essa prisão hoje, e ela demonstra que estávamos certos em cassá-lo”, disse.
Para o deputado Henrique Fontana (PT-RS), a prisão de Cunha deve desencadear uma mudança no cenário político. “O governo Temer, além de ilegítimo, é marcado pela corrupção e não se sustentará até 2018. A delação de Cunha provavelmente vai acelerar a queda do governo Temer.” Com informações da Agência Câmara de Notícias/Foto Wilson Dias/Agência Brasil.