Presidente em exercício do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá
A economia brasileira vive um momento de mudanças. Se depender de grande parte das elites vai sobrar para os salários e renda dos trabalhadores. O arrocho salarial é, de novo, a palavra de ordem adotada pelos setores patronais e que tem gerado grande repercussão nos meios de comunicação.
O que mobiliza as elites e seus representantes a favor do arrocho salarial tem a ver com os ganhos salariais que os trabalhadores brasileiros acumularam nos últimos 11 anos.
Dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe/USP) apontam que de janeiro de 2003 a agosto de 2014, a folha salarial brasileira cresceu 142%. O crescimento mensal médio foi de 0,6% e o anual, 7,9%.
A folha salarial anualizada, incluindo o 13º salário, corresponde a R$ 1,1 trilhão. Em agosto deste ano, o volume da folha salarial foi de R$ 85 bilhões.
Em setembro foi constatado que o aumento médio da folha foi de 7,7%, pouco acima do registrado em agosto, de 7,6%. O piso salarial médio dos trabalhadores com registro em carteira ficou em R$ 919,27, o que é 27% maior que o salário mínimo atual que é de R$ 724.
A construção civil registrou o maior percentual, com 8,3%, seguida de comércio (7,9%), indústria (7,8%), serviços (7,6%) e agropecuária (7,6%).
A Fipe analisou também 4.865 acordos e convenções coletivas que tratam de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), de janeiro a setembro de 2014. Em 73% dos casos, a negociação tratou exclusivamente da PLR. Em 27%, não houve detalhamento, apenas declaração de intenção.
Entre os acordos que estabelecem o pagamento, em 55% dos casos o benefício foi pago em duas parcelas. E em 36% em apenas uma vez. O restante em mais de três.
Os trabalhadores brasileiros conquistaram esse crescimento de 142% na massa salarial nos últimos 11 anos, que coincide com os governos Lula e Dilma, porque atuamos em duas frentes.
Na frente política, ajudamos a eleger Lula, o primeiro presidente operário do Brasil e colocamos na Presidência da República, depois de 500 anos de nossa História, um aliado dos trabalhadores e dos cidadãos brasileiros mais pobres.
Na frente sindical, conseguimos melhorar e muito as nossas negociações. Soubemos, a cada campanha salarial, negociar com eficiência reajustes reais de salários e durante as campanhas da PLR transferimos mais renda para o bolso dos trabalhadores. O resultado, como foi constatado pela Fipe, confirma que as mobilizações política e sindical geraram ganhos salariais significativos.
Ganhos que estão sendo diretamente ameaçados pelas elites que perderam a eleição mas que não perderam a capacidade de pressionar e fazer campanhas a favor do arrocho salarial.
Por isso, neste fim de ano, vamos aproveitar as festas natalinas e de ano novo, sem perder o foco, que teremos grandes batalhas a partir de 2015. Sempre em torno dos sindicatos que nos representam, sempre apoiando nossos diretores e diretoras, para mantermos os ganhos salariais que conquistamos com tanta mobilização e negociação ao longo destes 11 anos.