Sexta, 22 Novembro 2024

Os Estaleiros Navais de Peniche são a primeira empresa privada deste sector de actividade, já que os estaleiros congéneres de maior dimensão – Estaleiros de Viana do Castelo e Arsenal do Alfeite – são de capitais públicos.

Em 2010 esta empresa, que emprega 210 trabalhadores, facturou 12,5 milhões de euros, dos quais 9,1 milhões provenientes das exportações. Teve lucros de 56 mil euros.

No dia 4 de Agosto está prevista a chegada a Maputo do Índico I, um navio de carga que zarpou do porto de Peniche no passado dia 29 de Junho. Foi nos estaleiros desta cidade que foi construído e faz parte de um contrato com o governo de Moçambique que inclui o fornecimento de um segundo navio idêntico, uma lancha de 29 metros e dois ferries para passageiros destinados ao Lago Niassa e a Cahora Bassa que fazem parte da lista.

“Estas encomendas aconteceram devido à necessidade de Moçambique reequipar o seu transporte marítimo e aproveitando as linhas de crédito, estabelecidas entre o Estado português e o moçambicano”, diz Carlos Mota, presidente dos Estaleiros Navais de Peniche (ENP), para quem só graças a estes acordos entre Estados tem sido possível construir navios para os mercados africanos.

Para Angola vai ser construída em Peniche uma doca flutuante no valor de 7,3 milhões de euros, que vai ser rebocada para Luanda onde será montada. Acompanhando este negócio, este empresário diz que perspectiva-se também a recuperação do estaleiro da Soconal na ilha de Luanda, destinado a apoiar a frota artesanal e semi-industrial daquele país, bem como a própria possibilidade de os ENP virem a assumir a própria exploração destes estaleiros.

“A nossa internacionalização, que até agora tem sido só de fornecedores de bens de equipamento, entraria assim numa fase em que nos assumiríamos também como prestadores locais de serviços de reparação naval”, diz o empresário.

Com uma vocação claramente africana, os ENP viraram-se também para a Argélia, país que deverá receber duas lanchas de apoio ao trabalho portuário, também “made in Peniche”. É um negócio de apenas 800 mil euros, mas Carlos Mota diz que pode ser o início de um fornecimento de 9 milhões de euros se, entretanto, vier a ganhar um concurso para o fornecimento de 18 lanchas.

Esta aposta de internacionalização em África levou a que nos últimos três anos estes estaleiros tivessem já fabricado 16 traineiras para Angola e nove water táxis para a Nigéria, Moçambique e Senegal.

Indonésia pode representar negócio de 60 milhões de euros

No mercado asiático os estaleiros de Peniche estão prontos para fabricar 60 lanchas para fiscalização, busca e salvamento destinadas aos mares da Indonésia. Mas este contrato está pendente da disponibilização de uma linha de crédito para aquele país.

“Portugal está há dois anos a negociar com a Indonésia acordos de cooperação e chegou a estar prevista uma visita oficial com o governo de Sócrates aquele país, para a qual fomos convidados. Como não se realizou, fomos lá por nossa conta e risco e as nossas diligências traduziram-se na possibilidade de um contrato de 60 milhões de euros, mas esperamos agora que o sucesso das negociações Portugal-Indonésia venham a consagrar um quadro financeiro propício ao financiamento destas exportações”, diz Carlos Mota.

No mercado português conta-se o fabrico de quatro lanchas de piloto para a administração dos portos da Terceira e Graciosa e para as barras do Douro e de Leixões, bem como o apetrechamento final do Sacor II, um navio da Galp para distribuição de combustível na costa portuguesa e que constitui para o ENP um contrato de 1,7 milhões de euros.

Fonte: Gazeta das Caldas - Portugal

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