Ressaltamos o correto entendimento dos conceitos e normas para as comunicações, fundamentais para uma atuação eficaz na segurança. Assim, inúmeros termos que percorrem nosso dia a dia podem ter interpretações pessoais distintas, levando muitas vezes a erros de consequências funestas.
* Linguagem na Segurança
* Expertise versus espertice
Nossa querida língua portuguesa, tão rica em palavras e significados, pode, mesmo para nós seus fãs, deixar sentidos incompletos. Na expressão “fulano morreu num acidente”, o que diria o grande poeta João Cabral de Melo Neto, em sua antológica Morte e Vida Severina, “e foi morrida essa morte, irmãos das almas, essa foi morte morrida ou foi matada?”.
Ora, meu caro leitor, todos hão de convir que ninguém sai de casa para morrer em seu trabalho, seja em acidente ou em insidiosa doença ocupacional. Vai daí que, nesse caso (e em outros), a língua inglesa é mais precisa, já que nela se registra que alguém que morreu em um acidente como “killed in a car crash”, por exemplo. Bem mais claro, afinal o nosso genérico verbo morrer em inglês é o to die, enquanto matar é to kill. Assim, de fato, quem perece em um acidente na realidade foi morto em um acidente.
Parece sutil, mas trespassa aí uma questão cultural, atávica, relativa à nossa colonização portuguesa. Isso se reflete na linguagem, na expressão com esse viés paternalista, condescendência que não faz juz à gravidade dos fatos. Ponto para o inglês, e sua objetividade que se traduz em precisão. Precisão sim, que na linguagem popular que exibe João Cabral, é a precisão – demanda - de justiça, tanto quanto nós precisamos de segurança em nossas atividades. Valha-me Deus, meu padinho Padre Cícero, meu São João Cabral e sua vida Severina...
Saudações seguras.