Caros leitores,
Hoje, falaremos das dificuldades da expansão do transporte aquaviário.
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Transporte Modal irá abordar as duas vertentes do transporte aquaviário: a cabotagem e a navegação fluvial para analisar as dificuldades da expansão desse meio de transporte. A navegação de longo curso será abordada posteriormente, pois para o comércio exterior ela é o modo de transporte mais importante, respondendo quase pela totalidade de nossas importações e exportações.
A cabotagem no Brasil praticamente se extinguiu na década de 80, face aos problemas nos portos, sem equipamentos adequados e operação estatal deficiente, sempre interrompida pelos movimentos grevistas. Somado a isso uma frota obsoleta, o País não reunia os requisitos que a navegação moderna exigia. Como conseqüência, o caro e moroso serviço oferecido não resistiu à concorrência do transporte rodoviário - ágil e rápido. A alternativa ferroviária não existia, pois esse modo de transporte também sofria as conseqüências de abandono e má gestão, além de não oferecer condições para um transporte de longa distância que exigia freqüência e confiabilidade. Na época, década de 80, a distância de transporte média era de 350 quilômetros. Hoje, esse número está próximo dos 550 quilômetros.
Historicamente, a cabotagem apesar de dispor do mar, que é uma via pronta de grande capacidade, sofre da falta de portos e navios, situação que persiste até hoje bastando ler os noticiários onde se discutem os assuntos relacionados com os modelos para a cabotagem nacional, tais como:
· Abrir ou não a navegação de cabotagem para bandeiras estrangeiras.
· O custo do combustível também é um dos problemas da cabotagem brasileira, pois não é equalizado ao preço ao cobrado na navegação de longo curso.
· A cabotagem brasileira precisa de uma frota própria, caso contrário o setor corre risco de sucumbir.
· A equiparação dos preços de construção dos navios aos preços internacionais.
· A legislação obriga os armadores de cabotagem a comprar navios nos estaleiros nacionais.
· É obrigatório o uso de embarcação de bandeira brasileira. O navio pode ser importado, mas o imposto é de 55%.
· Falta de berços face o aumento do comércio exterior.
Apesar dos problemas, a cabotagem tem evoluído e, além do transporte de combustíveis, minerais e produtos químicos, hoje várias linhas oferecem serviço regular de porta contêineres entre os principais portos nacionais. Entre 2000 e 2006, a movimentação total da cabotagem, incluindo portos públicos organizados e terminais privados, passou de 134.656 para 163.520 milhões de toneladas, um crescimento de 21,4 %, representado a uma taxa anual de aproximadamente 3%. Entretanto, a análise da tabela abaixo mostra que de 2005 para 2006 houve um forte crescimento de 8,9%.
O perfil das cargas movimentadas também está se modificando, apesar da prevalência dos granéis líquidos, que somam cerca de 80%. A carga geral passou de 3% para 5%, em detrimento dos graneis sólidos, segmento que variou de 17% para 15%. O aumento da carga geral está relacionado com o uso intensivo do contêiner na cabotagem, fazendo as linhas alimentadoras (feeder lines) para os portos principais.
O volume de TEU aumentou 41,4 % de 2004 para 2006, representando um crescimento anual de 21%. O acréscimo foi resultado do maior número de embarcações navegando, as quais oferecem uma freqüência maior, fator que minimiza o tempo de viagem das mercadorias.
No próximo artigo abordaremos a navegação fluvial.
Referências bibliográficas
Cabotagem – Mudanças necessárias - Samir Keedi – 2008.
O Estado de S.Paulo - Adriana Fernandes e Fabio Graner - 2007
Antaq <www.antaq.gov.br>