O ano de 2015 será o quinto consecutivo de queda das exportações, que passaram de US$ 256,039 bilhões em 2011 para uma previsão de US$ 191,331 bilhões em 2015. A avaliação é da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) no documento divulgado hoje com a revisão das projeções feitas em dezembrode 2014 para a balança comercial de 2015.
O documento aponta que a expectativa é de um “superávit negativo” de US$ 8,064 bilhões, pois decorre, segundo explica o presidente da AEB, José Augusto de Castro, de queda da importação maior do que da exportação, e não gerado pela elevação das vendas ao exterior.
Apesar do valor projetado de R$ 8,064 bilhões ser quase idêntico ao valor divulgado pela AEB em dezembro, de US$ 8,140 bilhões, os dados atuais mostram forte desaceleração dos fatores da corrente de comércio, com as exportações de US$ 191,331 bilhões projetando queda de 15% em relação a 2014 e as importações de US$ 183,267 bilhões, com redução de 20%.
Três produtos importantes na pauta das exportações brasileiras, segundo o documento, deverão apresentar queda em suas cotações, soja em grão, minério de ferro e petróleo, e suas receitas serão compensados parcialmente pela elevação das quantidades exportadas de 6,3%, 3,8% e 55,5%, respectivamente. “Após o minério de ferro ocupar, de 2005 a 2014, a posição de principal produto de exportação do Brasil, em 2015 a soja em grão reassumirá o posto que ocupou em 2003 e 2004, com os embarques, até o início de julho, de 35 milhões de toneladas, representando 72% dos 48,5 milhões de toneladas previstas para 2015”, diz Castro.
A indicação, segundo a análise da AEB, é de que haverá elevação no índice de participação dos produtos manufaturados na pauta de exportação, que deverá passar de 35,6% em 2014 para 38,1% em 2015, mesmo com seu valor nominal sendo reduzido de US$ 80,21 bilhões em 2014 para US$ 72,9 bilhões em 2015. “O crescimento é resultado da forte queda nominal das exportações de commodities (básicos), de US$ 109,556 bilhões em 2014 para US$ 86,368 bilhões em 2015, e respectiva diminuição de índice, de 48,7% para 45,1%”, explica o Castro.
As exportações de manufaturados serão pontualmente beneficiadas pela desvalorização cambial, em especial aquelas destinadas aos Estados Unidos. “Isto se deve ao fato de os países da América do Sul estarem reduzindo suas importações devido à queda das cotações de suas commodities de exportação, assim como aos impactos decorrentes de acordos comerciais firmados e da maior agressividade comercial de nossos concorrentes”, esclarece Castro.
Os dados projetados que apontam para uma queda de 15%nas exportações reduzirão para apenas 1% a participação brasileira nas exportações mundiais, o que fará o Brasil cair da 25ª para a 26ª posição no ranking de países exportadores, na medida em que a OMC prevê o crescimento de 2,5% para o comércio mundial em 2015.
Segundo José Augusto de Castro, as projeções foram baseadas nos cenários e perspectivas atuais, “eventual mudança na dimensão da desaceleração econômica interna poderá ter reflexos sobre as importações, assim como a variação do nível de crescimento da China impactará as exportações de commodities e a crise na Argentina poderá se refletir sobre as de manufaturados”, concluiu.