Empresário do setor afirma que processos são arcaicos, principalmente no setor de commodities
A falta de inovação e o uso de processos engessados, sem nenhum tipo de padronização entre exportadoras, operadoras logísticas, despachantes e importadores é a principal causa do comércio exterior não evoluir mais do que o atual estágio.
A constatação é do trader de commodities Thomas Raad. Há cinco anos atuando diretamente na área comercial de exportação de alimentos e commodities, ela acredita que quase tudo dentro de um processo de exportação está totalmente arcaico. “Eu faço vendas de commodities para o Oriente Médio diariamente, já fiz negócios com mais de 25 diferentes tipos de exportadoras, lidei com mais de 15 diferentes tipos de agentes marítimos e despachantes e identifiquei que cada processo é quase um parto, pois as empresas não têm nenhum tipo de padronização entre elas, como enviar documentos, fotos, solicitação de controle de qualidade ou transporte”, exemplifica.
Segundo Raad, qualquer erro pode gerar prejuízo de no mínimo US$ 1 mil para o responsável pelo erro e, para piorar, se houve falha de comunicação e o embarque acaba sendo atrasado, o importador que compra grandes volumes fica totalmente insatisfeito, culminando com a perda desse cliente.
O sócio da Raad International Trading, trading company situada em São Paulo, com escritório em Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, explica que por participar de toda cadeia de exportação desde a venda, acompanhamento de produção, logística para embarque e conferência dos documentos do despacho, já tem um projeto para melhorar todos esses processos que deverão ser lançados ainda este ano.
Veia empreendedora
Nascido nos Estados Unidos, Thomas Raad atualmente vive no Brasil. Fluente em árabe, inglês e português, cursou Administração de Empresas com ênfase em Comércio Exterior e desde os 24 anos atua como trader de commodities, sendo especialista na exportação de café e outros alimentos e especiarias.
Sua trading company, Raad International Trading, já exportou produtos como café, arroz, pimenta do reino, derivados de milho, gergelim, açaí, carvão vegetal e amêndoas de cacau. Além de negócios no Brasil, já exportou café da Colômbia e Vietnã e orégano do Peru. A Raad já vendeu mais de US$ 50 milhões de dólares de alimentos do Brasil, Colômbia, Vietnã e Peru, o equivalente a mais de 1,4 mil contêineres.
Atualmente está trabalhando no desenvolvimento de uma startup na área de comércio exterior com o objetivo de diminuir a pulverização da compra de commodities e aumentar o customer experience das importadoras ao redor do mundo e alimentos do Brasil oferecendo um sistema atendimento personalizado, baseado em dados, tecnologia e know-how para clientes do mundo todo.
Ele identificou que o mercado de exportação está obsoleto e os clientes no exterior têm dificuldades com os idiomas inglês e português, causando ruídos e perdas na comunicação por e-mail e mensagens no WhatsApp para gerar negócios.
O mercado de exportação de agronegócio/alimentos movimenta mais de US$ 100 bilhões de dólares por ano.