Sexta, 22 Novembro 2024

Oito organizações ambientalistas - Greenpeace Brasil, ICV, Imaflora, Imazon, IPAM, Instituto Socioambiental, WWF-Brasil e TNC Brasil - apresentam pela primeira vez no Brasil o relatório “Desmatamento zero na Amazônia: como e por que chegar lá”. O seminário tem como objetivo debater as propostas apresentadas pelo grupo no documento para frear o desmatamento, que atualmente causa perdas para o Brasil – cessar a remoção de florestas na região e mudar a forma como o solo é usado, por sua vez, só trarão vantagens ao país.

Desmatamento Amazonia

A área de floresta perdida na Amazônia já equivale a duas vezes o território da Alemanha. Sem controle, a taxa de desmatamento poderá atingir patamares anuais entre 9.391 km2 e 13.789 km2 até 2027.

A taxa média de desmatamento entre 2013 e 2017 foi 38% maior do que em 2012, ano com a menor taxa registrada, a situação pode piorar devido à impunidade a crimes ambientais, retrocessos em políticas ambientais, falhas nos acordos da pecuária, estímulo à grilagem de terras públicas e retomada de grandes obras.

A pegada da pecuária, um dos principais vetores do desmatamento, é pesada: do total desmatado, 65% são usados para pastagens de baixa eficiência, com menos de um boi por hectare. O argumento de que é preciso derrubar floresta para crescer economicamente não se sustenta: o desmatamento registrado entre 2007 e 2016 (7.502 km2 por ano, em média) teve potencial de adicionar anualmente apenas 0,013% do PIB brasileiro. Além disso, compromissos corporativos ainda falham na sua implementação e não monitoram a cadeia por completo.

A meta do Brasil, assumida internacionalmente, de zerar o desmatamento ilegal na Amazônia apenas em 2030 é insuficiente. Em 2016, as mudanças no uso da terra representaram 51% das emissões de gases de efeito estufa do Brasil e mantiveram o país como o sétimo maior emissor do mundo.

Combater o desmatamento demanda compromissos dos setores público, privado e a sociedade. Uma das ações mais urgentes é estancar a grilagem de terras públicas. Há 70 milhões de hectares que precisam ser destinados para uso coordenado, seja para preservação, atividades extrativistas, entre outros – em 2017, 28% do desmatamento aconteceu nessas áreas, e de forma ilegal.

O fim do desmatamento na Amazônia coloca o Brasil na frente de uma tendência mundial: a produção de commodities com zero conversão florestal: além de abrir mercados, é um estímulo ao desenvolvimento de outras alternativas econômicas em harmonia com a floresta e seus povos. O Brasil dessa maneira protege a própria produção agropecuária, já que, sem florestas, a chuva diminui e o clima esquenta.

O evento traz a participação de Ana Toni, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade (ICS); os pesquisadores Eduardo Assad, da Embrapa, e Paulo Artaxo, da USP; e Paulo Pianez, diretor de Sustentabilidade do Carrefour Brasil.

Os palestrantes discutem caminhos e ações para que o governo, as empresas e a sociedade civil atuem em conjunto para a superação do desmatamento em quatro eixos: a implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes, o apoio a usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias, a restrição do mercado para produtos associados a novos desmatamentos e o engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o desmatamento.

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