Sexta, 29 Março 2024

Murilo 2021* Presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp)

O otimismo cauteloso em relação à pandemia, com o qual provavelmente poderemos encerrar o ano, infelizmente não encontra correspondência na nossa situação econômica. Nesse campo, os prognósticos pioram a cada semana, sem perspectivas de retomada do crescimento e geração de emprego ou de controle da inflação.

Como definiu Antonio Corrêa de Lacerda, presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), em entrevista ao Jornal do Engenheiro, vivemos uma “tempestade perfeita”, com recessão e, ao mesmo tempo, disparada nos preços, situação que afeta a todos, mas obviamente de forma ainda mais grave a população mais pobre do País, sujeita a privações de todo tipo, inclusive fome.

Em meio a quadro tão ruim, causa maior preocupação observar as medidas colocadas em prática ou anunciadas como soluções. No que diz respeito ao controle da inflação, assistimos a uma escalada da taxa básica de juros, que chegou a 9,25% no dia 8 de dezembro, após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A decisão de elevar a Selic ao seu maior patamar em quatro anos, em plena contração econômica, faz lembrar aquele medicamento que, além de não curar a doença para a qual foi prescrito, ainda produz perigosos efeitos colaterais.

Mais uma vez, quem ensina é o professor Lacerda: “Em geral, elevam-se juros para desaquecer a demanda, mas no Brasil você tem uma economia destruída. Subir taxa de juros neste momento é a pior coisa que se pode fazer”, explica ele. Significa que a carestia no País, que hoje torna muitas vezes impossível às famílias terem acesso ao básico para sua subsistência, mas que também afeta negativamente o setor produtivo, não ocorre por excesso de procura por produtos e serviços, mas pelo aumento dos preços dos combustíveis, da energia elétrica, das commodities no mercado internacional e pelo câmbio absurdamente alto. Assim, a opção feita pelo Banco Central não controlará a inflação e asfixiará ainda mais a atividade econômica, com o encarecimento do crédito.

Também não são animadoras as expectativas em relação à retomada do crescimento, já que as projeções para 2021 vêm sendo sistematicamente reduzidas, estando hoje em 4,7%, o que é ínfimo, tento em vista que em 2020 o Produto Interno Bruto (PIB) decresceu cerca de 4%. Para além do desemprego que atinge aproximadamente 14 milhões de pessoas – chegando a 30 milhões, se computados os desalentados e os subocupados –, temos ainda péssimos indicadores relativos à produção industrial e aos investimentos, que se encontram abaixo dos níveis de 2014.

Há muito prejuízo a se recuperar, e isso não será alcançado com privatizações, praticamente a única alternativa apresentada pela equipe econômica do governo. O Estado brasileiro precisa assumir o compromisso de indutor do desenvolvimento e cumprir esse papel com seriedade e competência. É preciso colocar em marcha um plano de recuperação que contemple medidas emergenciais, de assistência social e aquecimento ágil da economia, e ações estruturais, que tragam crescimento industrial e avanços tecnológicos com ganhos de produtividade e inovação.

Ou seja, precisamos de uma mudança de rumo para reencontrar o caminho do desenvolvimento e bem-estar social. Vamos nos mobilizar por esse objetivo e, assim, poder contar com um ano-novo mais feliz. Que 2022 traga paz e prosperidade ao Brasil.

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