Sábado, 15 de fevereiro de 2025

A Votorantim Celulose Papel (VCP) concluiu as negociações com as famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga, para compra de 127.506.457 ações ordinárias (28,03% do capital) da Aracruz por R$ 2,7 bilhões. A empresa do grupo Vorotantim informou também que pretende comprar outros 28,03% que estão em poder da Arainvest, tornando-se, desta forma, controladora
da Aracruz.

A união entre as duas empresas criará a maior fabricante de celulose do mundo. Segundo o diretor-geral da Votorantim Industrial, Raul Calfat, a companhia deverá construir três fábricas até 2020. "Uma unidade que deve sair com bastante grau de certeza é no Rio Grande do Sul. A outra seria na Bahia, com a Veracel. E temos opção para a terceira unidade, que pode ser no Mato Grosso do Sul, em Minas Gerais ou outra no Rio Grande do Sul", afirmou Calfat, sem dar detalhes dos projetos.

Supõe-se que uma das unidades mencionadas pelo dirigente é a expansão da unidade de celulose da Aracruz, localizada em Guaíba. Em fato relevante, a empresa comprometeu-se a retomar o projeto a partir do primeiro semestre de 2011. A VCP também tinha o plano de construir uma unidade de celulose no Rio Grande do Sul no município de Arroio Grande ou de Rio Grande. Em dezembro, o presidente da VCP, José Luciano Penido, afirmou no Palácio Piratini, que a construção da nova unidade havia sido reprogramada para 2012 ou 2013.

Os dois projetos, inicialmente, estavam previstos para operar antes desses prazos. Contudo, no segundo semestre do ano passado, VCP e Aracruz dilataram seus cronogramas devido aos impactos da crise econômica mundial e aos reflexos no mercado de celulose. A Aracruz pretende passar sua capacidade de produção de celulose em Guaíba de cerca de 450 mil toneladas para 1,8 milhão de toneladas anuais. A estimativa de investimento é de R$ 4,9 bilhões, o que contempla o aumento da produção de celulose, expansão de base florestal e implantação de um sistema logístico hidroviário. Já o Projeto Losango da VCP prevê investimento de US$ 1,3 bilhão no Estado na plantação de eucaliptos e em uma fábrica com capacidade para produzir 1 milhão de toneladas ao ano de celulose.

O presidente da Associação Gaúcha de Empresas Florestais (Ageflor), Roque Justen, diz que essa expectativa de retomada de investimentos era esperada. "O setor de silvicultura tem uma visão de longo prazo e já enfrentou crises econômicas antes", destaca Justen. Ele acrescenta que os empreendimentos de celulose no Estado não chegaram a ser cancelados, apenas adotaram um ritmo mais lento.

A nova companhia que surge de VCP e Aracruz resulta em números expressivos: serão 5,8 milhões de toneladas ao ano de capacidade produtiva, mais de 1 milhão de hectares em áreas manejadas, sendo 40% de preservação, cerca de 15 mil funcionários entre diretos e terceirizados e R$ 7 bilhões em receita líquida anual. Do ponto de vista de ganhos de eficiência e de mercado, a operação prevê uma captura de sinergias das duas empresas da ordem de R$ 4,5 bilhões.

A Votorantim prevê que a união das companhias não resultará em demissões nas linhas de produção da empresa. A área administrativa, que representa cerca de 3,5% da força de trabalho da empresa, no entanto, deverá passar por uma adequação. Outra mudança que poderá ocorrer a partir da união das empresas será no nome da nova fabricante de celulose. A etapa de incorporação da Aracruz pela VCP deverá durar quatro meses, prevê Calfat.


Operação de R$ 2,7 bilhões já
inclui as perdas com derivativos
A proposta de pagamento de R$ 2,7 bilhões pelos 28,03% de ações ordinárias detidas pelas famílias Lorentzen, Moreira Salles e Almeida Braga já embute o impacto das perdas da Aracruz com operações de derivativos. A afirmação é do sócio da Estater, Pércio de Souza, que auxiliou na operação das empresas.

Segundo o executivo, apesar de o valor ser o mesmo daquele anunciado no ano passado, antes ainda do agravamento da crise mundial, o acordo anunciado ontem já considera a nova condição da Aracruz. A explicação está no fato de que o valor de R$ 2,7 bilhões será quitado em um prazo de dois anos e meio e que as parcelas do pagamento não são reajustadas. "E isso, se utilizarmos a curva média de juros dos últimos 15 dias, daria um valor aproximado de R$ 2,35 bilhões", disse o executivo da Estater. A diferença em relação à oferta anterior, destaca Souza, significa uma redução de preço equivalente à participação do bloco de ações (127 milhões de ações ordinárias) detidas pelas famílias vendedoras na perda dos derivativos.

Cidade deve ganhar fábrica de ração para animais domésticos
A empresa International Pet pretende construir uma unidade para produzir rações para animais domésticos (cães, gatos, hamsters, peixes) no município de Guaíba. A fábrica deve começar a ser instalada neste ano e concluída em 2010. A iniciativa absorverá nestes dois anos de desenvolvimento um investimento de cerca de US$ 5 milhões.

O complexo será implementado em uma área de 46 mil metros quadrados, dentro do terreno que tinha sido destinado à planta da Ford. A estrutura terá uma capacidade para produzir até 24 toneladas por hora de ração e a matéria-prima (grãos) deverá ser adquirida de pequenos e médios agricultores da região.
O secretário de Governo do Município de Guaíba, Paulo Scalco, enfatiza que investimentos como esse são fundamentais para a cidade. Ele espera também que a ampliação da Aracruz no município possa ser retomada o mais brevemente possível.

Fonte: Jornal do Comércio

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