O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo, assíduo colunista aqui do Portogente, vem a público, desta vez, para reclamar do que ele considera "abandono" do grande oeste catarinense. "Na qualidade de dirigente cooperativista, líder sindical, empresário rural e parlamentar estadual percorri centenas de vezes o território catarinense. De todas as regiões que palmilhei, aprendi a admirar com especial respeito o grande oeste catarinense. O oeste é uma prova da capacidade de superação do brasileiro", afirma.
Pedrozo relaciona:
"O sistema rodoviário está deteriorado, as deficiências no fornecimento de energia elétrica comprometem a expansão industrial e ao mesmo tempo afetam milhares de propriedades rurais e o sistema de água requer urgente atenção. Os aeroportos esperam investimentos há décadas (especialmente o de Chapecó, um dos mais movimentados do sul do Brasil) e a reivindicação de uma ferrovia para conectar o grande oeste aos portos marítimos e ao centro-oeste, depois de 30 anos, nem sequer tem projeto. Região que muito contribui e nada recebe, o grande oeste acostumou-se com pouco ou com quase nada. É uma das áreas mais injustiçadas do território catarinense."
Ele explica que o local é distante do litoral, da capital e dos grandes centros de consumo e tem "uma topografia severamente acidentada e abandonada pelos sucessivos governos". Apenas conseguiu fôlego, segundo ele, em razão da chegada de "imigrantes europeus que fugiam da guerra com a entrega de terras na vasta e inóspita região". Foi assim, prossegue, que alemães e italianos "se tornaram protagonistas desse universo em transformação".
Pedrozo conta um pouco dessa história de sucesso: "Assim, primeiro irrompeu o ciclo da erva-mate e, depois, o da madeira. Quando o extrativismo deu mostras de esgotamento, surgiu o cultivo de lavouras e a ideia da criação intensiva de pequenos animais (aves e suínos) para abate e processamento industrial. Sob a batuta de pioneiros visionários como Attílio Fontana, Saul Brandalise, Plínio Arlindo de Nes e Aury Luiz Bodanese, entre outros, surgiram pequenas (que depois se agigantaram) agroindústrias, como Sadia, Perdigão, Frigorífico Chapecó e Aurora com a proposta de um sistema integrado de produção, no qual indústria e produtor rural viraram parceiros. Modernas técnicas de manejo, profilaxia e gestão foram introduzidas. A produção explodiu. O oeste tornou-se centro mundial da proteína animal. A mais avançada indústria da carne está ali instalada."
Apesar de tudo isso, reafirma, o local continua abandonado pelos sucessivos governos.