Domingo, 28 Abril 2024

Reflexo da desigualdade social e de gênero, problema atinge populações de todo o mundo

Os assuntos femininos têm sido cada vez mais discutidos. Em especial, as questões relativas à menstruação têm contribuído para uma quebra de tabu com relação a um ciclo biológico natural para mulheres cis, homens trans e pessoas não binárias. Apesar de os avanços, ainda existem muitos temas que precisam ser tratados.

Um deles é a pobreza menstrual. Em resumo, o termo se refere a como a falta de recurso material e financeiro tem impacto no ciclo menstrual, principalmente, com relação à questão de higiene básica. Um dos pontos mais urgentes deste tópico é a precariedade do acesso ao absorvente.

Os impactos dessa escassez são reais. Para se ter uma ideia, um estudo publicado pela Intercept aponta que pessoas que não têm acesso aos absorventes e estão matriculadas em algum curso regular de ensino diário podem chegar a perder 25% do ano letivo.

Em uma esfera ampliada, isso contribui, por exemplo, para o aumento entre o preconceito de gênero, bem como suas consequências, a exemplo da diferença salarial. Dentro de um âmbito cotidiano, isso tem a ver com conforto psicológico e direitos básicos, como o acesso à higiene.

Além disso, analisar a pobreza menstrual nos ajuda a entender a diferença de classes. Países mais pobres, população carcerária feminina e pessoas em situação de rua são os mais afetados pela falta de acesso ao absorvente. Da mesma maneira, têm menos acesso a outros itens básicos de higiene, como o papel higiênico e o creme dental.

Isso, porém, é ainda pior no caso da menstruação, exatamente por causa do tabu em torno do tema, bem como da estrutura machista sobre a qual a maioria dos setores da sociedade foi construída.

Isso evidencia, inclusive, o quão o acesso aos absorventes está no mesmo plano de necessidades de todos os outros itens de higiene, tanto que a situação é reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2014.

Contexto atual

Apesar de a discussão ainda ser tímida, ela vem crescendo, e isso é uma das bases para que haja uma mudança efetiva. De todo modo, o debate precisa de ação, tanto dos órgãos públicos, quanto dos setores privados, e mesmo do indivíduo e das áreas culturais.

O documentário Absorvendo o Tabu, disponível na Netflix, mostra a situação das mulheres indianas no que diz respeito à pobreza menstrual, e como o aspecto cultural pode influenciar na manutenção dessa situação. No Rio de Janeiro, uma lei municipal foi aprovada para que a distribuição de absorventes aconteça de forma gratuita na rede pública de ensino.

De todo modo, o acesso aos absorventes não é o único fator que contribui para esse problema. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta que, em 2016, 1 milhão e 600 mil mulheres não tinham banheiro em casa, o que agrava a situação e retorna a discussão para aquelas em situação de rua.

Muitas vezes, isso faz com que, mesmo ações, como a distribuição gratuita de absorvente, não sejam efetivas para o combate da pobreza menstrual. Um fator agravante é o fato de que não são raras as ocasiões em que as moradoras de rua nem sequer têm roupas íntimas, o que impossibilita a utilização do absorvente tradicional.

Outro aspecto é que, como ainda não é considerado item de higiene básica no Brasil, os absorventes não são isentos de imposto, como os outros itens. Dessa maneira, são incididos 25% sobre o produto, o que cria mais uma barreira econômica para a sua obtenção.

Solução premiada

Considerando todos os agravantes em torno da pobreza menstrual, Rafaella de Bona, estudante de Design de Produto na Universidade Federal do Paraná (UFPR), desenvolveu um absorvente interno e descartável, feito com a folha da bananeira.

Rafaella destacou que também queria pensar na questão ambiental do descarte e a motivação para a sua pesquisa foi o desejo de combater a pobreza menstrual como uma forma de contribuir para a equidade de gênero. Ela espera que o modelo seja financiado e distribuído por órgãos públicos, de forma gratuita.

A solução criada pela estudante lhe rendeu uma palestra na edição brasileira da TED Talks e o prêmio alemão iF Design Talent Award, em 2019, sendo a única brasileira premiada na data. O projeto foi a pesquisa do seu Trabalho de Conclusão de Curso.

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*Todo o conteúdo contido neste artigo é de responsabilidade de seu autor, não passa por filtros e não reflete necessariamente a posição editorial do Portogente.

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