Se ir ao médico regularmente já é um hábito importante para pacientes saudáveis, para quem tem câncer, é mais que essencial. No entanto, segundo o Instituto de Oncologia, pelo menos, 40% dos pacientes oncológicos no país tiveram o tratamento afetado pelo novo coronavírus.
Diante da urgência da questão, o Instituto Oncoclínicas lançou, em parceria com outras sociedades e entidades médicas, a campanha “O Câncer Não Espera. Cuide-se Já”. A intenção é alertar os pacientes oncológicos sobre os riscos de adiar consultas, cirurgias e procedimentos do fluxo de rotina dos tratamentos.
Os especialistas engajados na campanha lembram que, antes da pandemia, o câncer ocupava o segundo lugar em causas de morte no país e que, portanto, seu tratamento precisa ser considerado um serviço essencial, ou seja, não pode parar.
A continuidade dos tratamentos é fundamental para a cura da doença, e o tempo pode ser decisivo. Por isso, o câncer não pode ficar em segundo plano, nem diante de uma emergência grave como a COVID-19.
Números preocupam
O Brasil registra cerca de 625 mil novos casos de câncer todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). No mundo, são mais de 18 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pesquisa divulgada pelo Instituto de Oncologia, realizada por meio de questionário on-line, com cerca de 500 pacientes, mostrou que muitos deles tiveram dificuldades para marcar consultas e realizar procedimentos. Até mesmo tratamentos essenciais, como quimioterapia e radioterapia, foram adiados ou cancelados.
Outros dados, divulgados pela Sociedade Brasileira de Patologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, mostram que, em abril, 70% das cirurgias de câncer foram remarcadas.
Além disso, a dificuldade para realizar consultas pode ter atrasado diagnósticos da doença em fase inicial, o que é fundamental. Na maioria dos casos, as chances de cura aumentam consideravelmente quando o câncer é identificado precocemente, já que o tratamento ajuda a evitar que a doença se espalhe pelo corpo.
Muitos hospitais e instituições médicas tiveram dificuldades para implementar os protocolos de segurança e manter os atendimentos. No entanto, mesmo quando o problema não partia deles, muitos pacientes adiaram, por conta própria, os tratamentos.
Entre os principais motivos, está o medo de ser contaminado pelo novo coronavírus, uma vez que quem tem câncer também tem o corpo mais debilitado e mais chances de ter um caso que evolua para grave.
Segurança nos hospitais deve ser reforçada
A campanha também ressalta a necessidade de reforçar os protocolos de segurança das instituições que atendem pacientes oncológicos, para garantir que eles possam continuar seus tratamentos sem pegar o novo coronavírus.
Os protocolos ainda garantem a segurança dos profissionais essenciais, para que esses pacientes sejam atendidos. Entre eles, está o reforço na higiene de pacientes e funcionários, uso de máscaras e horário marcado para evitar aglomerações nas salas de espera.
Novas possibilidades devem ser consideradas
Além do reforço nos protocolos de segurança, possibilidades novas, como a telemedicina, podem ser uma boa ideia para garantir o acompanhamento daqueles pacientes que não necessitam, obrigatoriamente, de atendimento presencial. Afinal, é melhor que quem puder, não saia de casa.
Outras ideias que vêm sendo discutidas pela comunidade médica é a substituição da quimioterapia endovenosa por medicamentos orais. O motivo é que esse tipo de tratamento também evitaria o deslocamento até uma unidade de saúde. A viabilidade das duas possibilidades, no entanto, depende de avaliação de um especialista, que só pode ser feita caso a caso.