Após certo distanciamento do ritmo pop nos últimos trabalhos, Lady Gaga retorna com ares apocalípticos e singles dançantes, surpreendendo a crítica musical internacional
Em meio à pior pandemia registrada no último século, a cantora pop Lady Gaga lançou o seu sexto álbum. No dia 29 de maio, as plataformas streaming disponibilizaram Chromatica, que já havia sido finalizado antes da doença estourar no planeta.
Depois de bater recordes, vender milhões de álbuns e até ganhar um Oscar, em 2019, na categoria Melhor Canção Original, Lady Gaga é conhecida pelos clipes bombásticos e por provocar discussões sobre temas como sexualidade, gênero e fama.
O sexto álbum da cantora pop veio após a divulgação, em fevereiro, do clipe do single Stupid Love, produzido por meio do celular. As imagens foram gravadas com a ajuda de acessórios profissionais a fim de melhorar a estabilidade da imagem e contaram com um aplicativo profissional de edição.
Distanciamento do pop tradicional
Em seus últimos álbuns lançados, Lady Gaga havia demonstrado um certo distanciamento em relação ao pop tradicional. Em 2014, a cantora lançou, com Tony Bennet, um dos ícones do jazz, o álbum Cheek to Cheek, que traz alguns clássicos da música dos EUA.
Essa nova prospecção musical seguiu em 2016, com o álbum Joanne, que apresenta uma ligação mais forte com o estilo country e leva o nome da tia de Lady Gaga, que faleceu em decorrência do lúpus — doença autoimune que pode afetar órgãos como a pele, o cérebro, as articulações e os rins.
Em declarações públicas, a cantora afirmou que esse álbum ocorreu como uma forma de sanar algumas feridas que ela tinha com a sua família. Em 2019, Lady Gaga chegou a receber indicação ao Oscar de Melhor Atriz pelo filme Nasce Uma Atriz, mas não levou o prêmio. Contudo, ela ganhou o Oscar de Melhor Canção por Swallow, uma das trilha-sonoras do longa-metragem.
Chromatica
O novo álbum de Lady Gaga cumpre as promessas feitas pela cantora nos últimos anos e traz uma levada mais dançante. Ao criar uma atmosfera distópica e pós-apocalíptica, Chromatica diz que só a música pode originar uma proposta de pacificação para a humanidade hoje.
O lançamento do novo álbum, agendado para 10 de abril, foi adiado em função da pandemia que já matou mais de 112 mil pessoas só nos EUA, até o dia 7 de junho. Gaga foi uma das artistas que se envolveu com iniciativas para combater a doença e participou de um festival on-line que ajudou a arrecadar milhões de dólares para profissionais de saúde que atuam na chamada linha de frente.
Após oferecer o nome e as músicas para uma causa que afeta todo o planeta, como é o caso da COVID-19, Lady Gaga ousa, antes mesmo da pandemia eclodir, a pensar em novos cenários possíveis, com mais solidariedade e esperança, que nascem pela sublimação da dor e não pela sua negação.
Ares apocalípticos
Diferentemente de Joanne, o novo álbum é mais marcado por batidas de música eletrônica, especialmente, a house music. O álbum é dividido em três partes, sendo cada uma delas marcada por uma composição musical que confere ao disco uma atmosfera cinematográfica, digna de uma boa ficção científica.
Uma das faixas de Chromatica chama Alice e fala sobre a busca de uma espécie de “país das maravilhas”. Essa procura funciona como uma tentativa de resposta ao desespero do momento presente. Finalizado antes da pandemia, o novo álbum de Gaga assume um tom profético em meio à pior pandemia do último século.
O novo álbum também é marcado por parcerias entre a cantora e Ariana Grande, outra estrela que estourou nos últimos anos no mundo pop, e o grupo sul-coreano Blackpink.
Bem aceito por diversas publicações estrangeiras, Chromatica foi definido pelo jornal britânico The Sun como um “retorno triunfante” de Gaga e seu melhor trabalho desde Born This Way — que a fez famosa e ouvida em todo o mundo.
