*por Juliana Crem
Saúde mental é uma das principais preocupações da OMS e afeta pessoas de todas as idades
“O impacto da pandemia na saúde mental das pessoas já é extremamente preocupante” — foi com esta frase que Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciou a coletiva de imprensa diária da instituição, no dia 14 de maio.
O cuidado com a sua saúde emocional é destaque porque a dinâmica mundial mudou com a pandemia de COVID-19. Esta alteração traz muito mais estresse e transtornos psiquiátricos às pessoas de todo o mundo e de todas as idades, podendo ter sérias consequências.
Estresse crônico
O isolamento social fez com que muitas pessoas tivessem que adotar o home office. Contudo, trabalhar em casa não é para qualquer um. A maioria dos indivíduos está trabalhando muito mais do que estaria em outro ambiente e tem com dificuldades para equilibrar vida pessoal e profissional.
Para piorar, também há gestores que não conseguem fazer essa separação e solicitam o subordinado em diferentes horas do dia, aumentando a tensão. Sem contar que há as demandas da casa e da família que ainda precisam ser supridas ao longo do dia, junto ao expediente.
Os profissionais com filhos são os que mais têm se queixado. Eles precisam cumprir o expediente, manter a performance e, ainda, ajudar a criança com as tarefas escolares, muitas vezes substituindo o professor. Ademais, devem entreter a turminha que anda entediada dentro de casa e, muitas vezes, não tem idade ou maturidade para compreender o que está acontecendo.
Por conta desse expediente expandido, o estresse aumenta, assim como as lesões por esforço repetitivo, a má postura e os transtornos do sono, como a insônia e os sonhos turbulentos que não deixam descansar suficientemente. Assim, esse acúmulo de responsabilidades vira uma bola de neve que parece não ter fim.
Ansiedade, pânico e depressão
São muitos os motivos de preocupação: os familiares mais velhos que insistem em sair de casa ou que podem precisar de ajuda extra durante o período de isolamento social; a falta de perspectiva de um fim da pandemia; o fato de que o mundo todo está passando pelo mesmo problema ao mesmo tempo.
Além deles, estar longe da família e dos amigos, passar muitas horas sem uma ocupação, no caso de quem não está trabalhando, a insegurança com o risco do desemprego, ou a perda efetiva do ganha-pão, e o medo de contágio pela COVID-19 estão causando muito sofrimento emocional em todo o mundo.
Diante disso, estamos prestes a outra pandemia: de ansiedade, crises de pânico e depressão. Segundo a OMS, uma das consequências que podem surgir em um futuro não muito distante é o aumento do número de suicídios. Tudo isso pode ser prevenido com o investimento em saúde mental e em suporte para os pacientes.
Crianças e adolescentes também sofrem
Os efeitos nocivos da quarentena no emocional são muito debatidos no público adulto, mas é preciso lembrar que crianças e adolescentes também viram suas vidas ficarem de pernas para o ar de um momento para outro.
Dependendo da idade, a criança manifesta seu medo e descontentamento com a situação por meio de comportamentos inesperados, como irritabilidade, choro, agitação e até desmotivação. A saudade dos amigos, dos professores, da rotina e dos familiares, pais com quem não vivem, avós, tios, primos e outros, também torna a situação assustadora.
Elas escutam as conversas, veem notícias sobre a COVID-19, mas não têm maturidade para compreender o que está acontecendo sem que um adulto converse e tente acalmar suas emoções. Agendar uma sessão com psicólogo ou terapeuta de confiança pode ser fundamental para ajudar toda a família.