Fotos: Flávio Berger
Uma gestão tripartite para preservar o passado de Santarém. Esta foi a saída encontrada pelas diretorias da Companhia Docas do Pará (CDP), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e da empresa Cargill, que assumiram na última sexta-feira (7) o compromisso de oferecer toda a infra-estrutura necessária para os estudos arqueológicos em plena área do porto. As suspeitas são de que a ocupação humana na região tenha começado há mais de 10 mil anos.
Desde os anos 80 a arqueóloga Anna Roosevelt, do corpo docente da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, estuda a ocupação de Santarém. A região onde hoje está o porto era ocupada por populações indígenas que, no século XVI, época dos primeiros contatos com espanhóis, foram descritas como constituindo um grande reino, o dos Tapajós. Por este passado, CDP, UFPA e Cargill foram procuradas e resolveram participar do projeto.
O programa de salvamento arqueológico pretende garantir a liberação de algumas áreas para uso das Docas. O projeto prevê ainda a construção de um parque ecológico e arqueológico, que abrigará um pequeno museu com características rústicas, de forma a integrar-se perfeitamente ao entorno. O museu abrigará uma exposição produzida a partir do que for achado no sítio arqueológico, compensando a destruição causada pela atividade portuária.
De acordo com a diretora da Gestão Portuária da Companhia Docas do Pará, Socorro Pirâmides, no parque ainda será construído um jardim com esculturas de artistas locais. O projeto sai do papel ainda este mês, envolvendo professores e estudantes de Belém e de Santarém, além de pessoas responsáveis por sensibilizar a população para a importância da preservação do patrimônio arqueológico.
“Além de ser uma obrigação da Docas atender ao Termo de Ajuste de Conduta assinado em 2002 no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), é uma diretriz da diretoria da CDP garantir a preservação ambiental. Temos ciência da responsabilidade cultural e social, por isso estamos realizando o projeto de pesquisa e salvamento desse sítio arqueológico existente no Porto de Santarém".
Fundado em 1974, o Porto de Santarém fica na margem direita do Rio Tapajós, próximo à confluência com o Rio Amazonas, e exporta grãos produzidos, em sua grande maioria, no Centro-Oeste do País. Por apresentar este potencial, a diretoria da CDP, comandada por Clythio Raymond Van Buggenhout, pretende transformar o porto em um grande pólo de industrialização.
Website: www.cdp.com.br