No último artigo, abordamos a influência de termos estrangeiros em nossa língua e como aprimorar nossa comunicação. O termo inglês expertise remete à pessoa muito experiente em um tema do conhecimento. É o expert, ou experto, com x, neologismo modernoso para indicar quem é consultado como especialista, para orientar ou dar um parecer. E a espertice? Bem, vou contar uma cena que presenciei, e você, meu atento e paciente leitor, logo perceberá.
Ao final do ano passado, em sessão da Conferência Mundial de Engenharia, em Genebra, dois mil profissionais de vários países, ouviram Hideki Nariai, professor emérito da Universidade Tsukuba, ex-Presidente da Organização de Segurança de Energia Nuclear do Japão, apresentar “Fatos e Lições aprendidas no acidente com a Usina Nuclear Fukushima Daiichi".
Todos conhecem a gravidade dos fatos. Terremoto e tsunami que causaram milhares de mortos, e o aquecimento dos elementos nucleares de geração. Todavia, o que marcou a apresentação foi o aspecto contristado com que o expert em nível mundial relatou reparos de urgência, cuidados com o atendimento à população, com o monitoramento do meio ambiente, inclusive a dispersão radioativa pelos oceanos. Como os antigos samurais derrotados, parecia que iria “fazer haraquiri” ali mesmo. Tudo o que falou refletia “não fomos competentes para evitar a tragédia”!
Energia eólica é uma forma de obtenção de energia
de fontes totalmente renovável e limpa
Mais adiante, 60 mil pessoas se manifestaram publicamente pelas ruas no Japão pedindo a desativação das usinas nucleares. Isso num país que depende de forma essencial dessa fonte de energia. Já no Brasil, neoelétrico ministro defende a construção de usinas nucleares do Nordeste, um dos lugares de maior insolação e ação eólica do mundo! Entendeu a diferença entre expertise e espertice?
Saudações seguras.