Opinião
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- Leonardo Levy
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Ah, o Brasil... Sempre nos presenteando com suas novelas tragicômicas, onde a lógica parece um personagem coadjuvante esquecido no roteiro. Falo claro da epopeia do Tecon Santos 10 ou Tecon Pelé (em tempos de um Santos sofrível, faz bem lembrar das glórias do passado), o projeto que se tornou um estudo de caso sobre como adiar o progresso em nome de... Bem, ainda estamos tentando entender em nome de quê.
Primeiro, a ladainha: "Não precisamos de mais capacidade". Uma afirmação tão ousada quanto dizer que o sol não vai nascer amanhã. Nós, os que temos os pés fincados na realidade portuária - que vemos o gargalo diário, apresentamos estudos, números, a matemática fria e implacável - provamos que a demanda não apenas existia, como era urgente. O resultado? Anos de atraso, e hoje, quem arca com o ônus dessa teimosia é o embarcador, é o produtor, é o brasileiro que paga mais caro por produtos que poderiam fluir com mais eficiência. Um sofrimento que poderia ter sido evitado, ou ao menos mitigado.
Depois, o fantasma da verticalização. Pintado como um monstro de sete cabeças, pronto para devorar a livre concorrência. Gastamos saliva, neurônios e paciência para demonstrar que, em um mercado globalizado e competitivo, a integração de serviços pode ser sinônimo de eficiência, de redução de custos, de agilidade. Eis que, em sua última análise técnica sobre o assunto, a própria ANTAQ, reconhece: a verticalização não é o bicho-papão que pintaram. Pode, vejam só, trazer benefícios. Que bom que chegaram a essa conclusão. Pena que o tempo perdido não volta mais.
E a saga do tamanho? Disseram que o grande terminal deveria se espremer em um espaço incapaz de acomodar um terminal de contêineres, quase um bonsai logístico, ou então ser fatiado como um bolo de aniversário, perpetuando a ineficiência que tanto criticamos. Pacientemente, argumentamos: o Porto de Santos é do tamanho da ambição deste país de dimensões continentais. Precisa de escala, fôlego e de terminais que comportem navios gigantescos, que otimizem o fluxo, que nos coloquem em pé de igualdade com os grandes players mundiais. Convencemos. Mas a que custo?
Cinco anos. Cinco longos anos se passaram entre negativas infundadas, debates estéreis e a postergação do óbvio. E nesse período o dinheiro a mais pago pelo fazendeiro de café para exportar seus grãos viraram bilhões de reais, nas mãos de alguém que provavelmente nunca visitou o Porto de Santos.
E agora, no clímax desta saga, aqueles que sempre disseram a verdade e usaram os fatos, os que defenderam a visão de futuro desde a primeira hora, veem-se tolhidos de participar do certame. Barrados no baile. Sem um pingo de argumento plausível, sem uma justificativa que se sustente sob a luz da razão. É o Brasil que não queremos ver em sua mais pura essência: cansativo, para dizer o mínimo.
Aos que hoje celebram as restrições impostas, aos que se beneficiam do entrave alheio, um recado: o Brasil é um carrossel. A roda gira, e a miopia que hoje lhes parece vantajosa pode ser a mesma que amanhã lhes turvará a visão e emperrará seus próprios projetos. Pensem grande, senhores! A vitória pequena de hoje pode ser a semente da derrota amanhã, quando sentirem na pele as mesmas mazelas que hoje aplaudem de camarote. O Porto de Santos, e o Brasil, merecem mais do que essa visão tacanha. Merecem a grandeza que lhes é inerente, mas que teimamos em adiar.
Leonardo Levy
Diretor de Investimentos da APM Terminals
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