Sexta, 22 Novembro 2024

* por Sérgio Luiz da Motta Zorovich

 

São 7.472 km. de fronteiras molhadas, sem computarmos as calhas fluviais navegáveis, entre elas a do Amazonas, o nosso rio-mar.

 

Em uma faixa de apenas 120 km. de largura, partindo-se da costa, reside 60% da população brasileira (100 milhões de habitantes), onde estão situadas as maiores cidades e os maiores parques industriais.

Petróleo; pesca; outros recursos naturais do solo e subsolo marinho; Marinha Mercante; Construção e Reparo Naval e; Portos. Todos estes segmentos são grandes geradores de emprego e, protegidos pela Marinha de Guerra, nos garantem o Poder Marítimo, alicerce essencial para que a nação brasileira, constituída por seus homens e suas máquinas no “estado da arte”, tenha atendidas as suas necessidades sociais de desenvolvimento e paz.

Desta forma, é imperioso entender a importância do mar para ter resguardada a soberania nacional.

Triste e perigoso comportamento – “o brasileiro como cidadão, e algumas classes/elites dominantes, não se interessam pelo mar”. O país não possui um Planejamento Estratégico para integrar e desenvolver ao longo do tempo este potencial e, sendo assim, seremos uma nação sem horizontes.

O Brasil tem um baixo consumo de peixe por habitante. Uma pesca quase que artesanal, produz apenas 0,5% dos 120 milhões de toneladas recolhidas anualmente no mundo. E o peixe é uma das mais ricas fontes de alimentos. Não se pesca, não geramos empregos e possuímos bolsões de famintos. Que vergonha!

A Construção e o Reparo Naval já geraram 52.000 empregos diretos e 200.000 indiretos, até o início da década de 80. Já fomos o 2º país em tonelagem construída no mundo.


Não se constrói, não se repara, nossos estaleiros foram sucateados, nossa capacitação industrial dispersa, não produzimos, não empregamos. Que vergonha!

As nações desenvolvidas tem intensa atividade marítima. Neste transporte, não há limitações de peso e volume, atingindo-se todas as distâncias. Nosso comércio internacional, utiliza o mar como via de circulação de 95% de todos os produtos importados ou exportados. A Marinha Mercante não mostra mais a Bandeira Nacional nos oceanos e nos mares do mundo.

 

Em 1985 operávamos com 8 milhões de toneladas. Os ganhos de divisas obtidas pela exportação, se perdem pela importação de serviços de fretes/afretamentos, cerca de US$ 6 bilhões de dólares anualmente. Não se concebe um país continental, oitava economia no mundo, que transporta menos que 5% do seu comércio exterior, deixando de empregar milhares de pessoas, contaminando o seu poder marítimo, com a incapacidade de mobilização por falta de meios flutuantes. Que vergonha!


Os portos e seus terminais foram esquecidos ao longo de décadas, apesar da Convenção 137 da O I T. ter alertado em 1973 para as grandes mudanças e modernizações que ocorreriam a partir daquela data. Sucateados, só agora percebe-se a sua importância e tenta-se adequá-los diante da dinâmica evolução dos conceitos logísticos. A mão-de-obra ainda carente de capacitação e as difíceis relações CAPITAL-TRABALHO contribuem para a demora deste processo. Além disto, a falta de uma política adequada de requalificação, exclui milhares de trabalhadores do mercado. Que vergonha!

 

Para garantir o propósito de defesa da Pátria, entendendo-se aqui o PODER NAVAL, através do domínio do mar (Atlântico Sul) ao longo do nosso litoral, garantindo a produção petrolífera e o tráfego marítimo do nosso comércio exterior, o ART. 142 da Constituição Federal de 05/10/88 dá à Marinha do Brasil a sua missão.

 

As suas tarefas garantem também a integridade das nossas calhas fluviais, entre elas a do Amazonas, região tão discutida em foros internacionais, como a Teoria do “Patrimônio da Humanidade” ou “Internacionalização da Amazônia”. Embora sejamos signatários de inúmeros acordos, não nos esqueçamos que: “A lei sem a força, é letra morta !”. Pensar como muitos desinformados que o país pode abrir mão de suas Forças Armadas ou então sucateá-las em termos de recursos materiais e humanos é rasgar a própria história, desde que o primeiro homem povoou o planeta Terra. Que vergonha, negar a si próprio ou a sua prole, o direito de crescer em paz e poder, olhando para a nossa Bandeira, dizer: “Sou brasileiro” ! Àqueles que pensam assim, a própria globalização que descortina-se nesta virada de milênio, garante um passaporte com um “registro de conveniência”. O direito de ser ateu é o mesmo de não ter uma Pátria.
Com o devido respeito ao nosso grande Henfil:

 

“Se não houver frutos,
valeu a beleza das flores.
Se não houver flores,
Valeu a sombra das folhas.
Senão houver folhas,
Valeu a intenção da semente”.
Henfil

 

Para efeito de cidadania, precisamos parar na primeira estrofe (1ª linha), porque as gerações que chegam, precisam acreditar sempre que, da beleza das flores surgirão os frutos que darão ao país um equilíbrio sócio-econômico sustentável e condizente com as nossas necessidades e expectativas.

Para conhecermos o que o nosso maior embaixador em todos os tempos, o "Águia de Haia", nos foros internacionais pensava:

 

“O mar é o grande avisador
pô-lo Deus a bramir junto ao
nosso sono para nos pregar
que não durmamos”.
Rui Barbosa

 

Cabe portanto a cada um de nós a missão de cultivar uma "Consciência de Maritimidade", o que nos levará a uma "Mentalidade Marítima" adequada, exeqüível e aceitável.

Não podemos aceitar que “brasileiros de costas para o mar, conduzam a nação de costas para o futuro”.


Sérgio Luiz da Motta Zorovich
*CMG/RRM, é Diretor-Presidente da "Zorovich & Maranhão – Serviços Náuticos e Consultoria Ltda."

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