O professor universitário, especialista em Logística Internacional e despachante aduaneiro do Espírito Santo, Carlos Araújo, é mais uma que entra no debate “Portos – Problemas na Modernização”.
PortoGente - Quais as vantagens e desvantagens da descentralização e da privatização das administrações portuárias para o sistema portuário nacional?
Carlos Araújo – Não vejo desvantagem, na atualidade, na descentralização da administração portuária brasileira. Como vantagem, posso citar a principal delas que é a eficiência do planejamento com foco na prioridade do que o mercado precisa. Vejamos um exemplo recente. Três estados, Minas Gerais, Goiás e Espírito Santo, e mais sete empresas privadas, entre elas a Ferrovia Centro Atlântica, subsidiária da Vale, Mitsui, Multigrain e Louis Dreyfus, estas últimas comercializadoras, investiram em um projeto para melhorar a eficiência do transporte de soja do cerrado até o Espírito Santo. O resultado final foi um custo de frete mais barato em 25% entre Unaí no noroeste de Minas até o Porto de Tubarão, no Espírito Santo. O ganho repassado aos produtores fez reduzir o preço de 60 para 45 dólares por tonelada e encorajou os fazendeiros daquela região de Minas e de Goiás a plantar mais soja e milho. E isto aconteceu aplicando as quatro virtudes simples que citei anteriormente: planejamento integrado, foco na cadeia produtiva, soluções cirúrgicas e parceria com o setor privado. Com apenas estes quatro elementos já se foi possível ter resultados financeiros na logística na integração entre os três estados. O Estado deve ter o papel de regulador do mercado para corrigir as imperfeições de mercados e as externalidades negativas, principalmente na questão ambiental e de fomentar o crescimento econômico.