A EMAE, Empresa Metropolitana de Águas e Energia do Estado de São Paulo, atua em projetos voltados a geração de energia e uso múltiplo de águas promovendo desenvolvimento sustentável. No início desse ano foi inaugurada a Usina Fotovoltaica Flutuante Araucária na represa Billings. O Portogente conversou com eles sobre esse empreendimento.
Foto Emae – divulgação
1 - A EMAE trabalha com geração de energia renovável a muitos anos com usinas hidroelétricas, como essa política de sustentabilidade se desenvolveu?
Alinhada às metas de seu Planejamento Estratégico, suas políticas e compromissos, e com a finalidade de expansão do parque gerador, em especial, nas oportunidades em energia renovável, a EMAE, a partir de 2020, buscou parceiros para o desenvolvimento de projetos de geração de energia elétrica por meio de fonte solar, que culminou com a criação de consórcios para a implantação de usinas fotovoltaicas flutuantes sobre a lâmina d’água do Reservatório Billings.
2 - A decisão de instalação de uma usina solar flutuante na Represa Billings mostra uma diversificação no portfólio da empresa para outras formas de geração renováveis?
Sim, certamente. Investir em usinas solares flutuantes é uma iniciativa que permite à EMAE diversificar sua matriz de geração, incorporando novas fontes de energia renovável, com impactos positivos, ao se evitar geração de energia por outras fontes poluentes.
Houve um progresso em projetos para aumento da capacidade de geração limpa e aproveitamento eficiente dos recursos disponíveis com a monetização de ativos não operacionais, considerando-se a nova forma de uso de parte da lâmina d’água do Reservatório Billings, o que reforça sua característica de uso múltiplo.
3 - Qual a atual capacidade de geração da usina flutuante e os planos de expansão?
Após a fase de consórcio, foi constituída, em novembro de 2023, a primeira SPE com uma das parceiras. Fruto dessa sociedade, foi inaugurada em janeiro de 2024 a primeira usina fotovoltaica flutuante no Reservatório Billings com potência de conexão de 5MW.
A UFF Araucária, usina instalada próximo à Usina Elevatória Pedreira e, atualmente, a maior planta solar flutuante do país, conta com 10,5 mil módulos fotovoltaicos (painéis solares) sobre flutuadores, com capacidade de produção de até 10 GWh por ano, equivalentes ao consumo de 4 mil residências.
Olhando para o futuro, a EMAE e seus parceiros têm planos para implantar até 130MW em projetos fotovoltaicos subsequentes.
4 - Qual a área ocupada total no espelho d’água?
A planta já instalada ocupa área de aproximadamente 50.000m2. A estimativa é de que, mesmo após a instalação total dos projetos previstos, a ocupação seja inferior a 1% da lâmina d’água do Reservatório Billings.
5 - Existe algum impacto para a Represa?
Embora o projeto tenha caráter inovador, não são esperados impactos negativos sobre o reservatório. A implantação da usina solar flutuante foi objeto de licenciamento ambiental pela CETESB, devendo os pontos analisados serem monitorados e reportados ao órgão licenciador durante a fase de operação da usina.
Mas segundo informe da própria CETESB, tendo em conta que o espaço ocupado pela usina UFF Araucária na superfície da represa é menor que 0,1%, é considerado baixo o impacto ambiental de instalação no local. Além disso, há o aproveitamento do espelho d’água com a vantagem de mantê-la em seu estado líquido, sombreando o local ocupado e reduzindo sua evaporação em até 70%.
A consideração da CETESB é de que a utilização de espelhos d’água para a instalação de parques solares flutuantes traz vantagens em relação às usinas terrestres, uma vez que a instalação de usinas solares fotovoltaicas necessita de grandes áreas, as quais muitas vezes são cobertas por vegetação nativa que precisa ser suprimida.
Além disso, a geração de energia elétrica por fonte solar, além de ser uma forma limpa e renovável, possui grande flexibilidade locacional, bem como uma facilidade de instalação, dado o curto tempo necessário para execução dos projetos.
6 - Como é feita a venda da energia gerada no mercado livre de energia?
Não haverá venda de energia da UFF Araucária. Na verdade, a usina foi alugada a consumidores cativos da Região Metropolitana de São Paulo na modalidade de geração distribuída. Nesse modelo, o consumidor que aluga a usina é beneficiado pelos créditos que a geração da usina acumula para ele na conta da distribuidora para abatimento do consumo de energia que ele possui.
7 - Qual foi o tempo total de planejamento, instalação e operação do projeto?
Desde o início das obras até a emissão da licença de operação pelo órgão ambiental, foram 5 meses. Contudo, a etapa preparatória anterior, de prospecção do projeto e de obtenção dos licenciamentos ambientais, de conexão à rede elétrica e alvarás, além da constituição da sociedade com a empresa parceira, tomou em torno de 2 anos. De agora em diante, o processo será mais célere, uma vez que a sociedade já está em operação.
8 - Com a atual capacidade instalada já foi possível avaliar se o sistema será rentável?
Sim. A expectativa de rentabilidade é positiva, uma vez que o uso dessa tecnologia é comprovado ao redor do mundo e as condições técnicas e de mercado do Brasil são favoráveis.
9 - Já se consegue prever se a capacidade de produção da usina terá grandes variações ao longo do ano?
A usina solar flutuante segue a sazonalidade meteorológica que é comum a usinas solares de qualquer natureza. Dessa forma, é esperado que haja geração maior no verão do que no inverno, por exemplo, em razão de que o número de horas com sol em um mesmo dia é maior no verão.
10 - Existem planos para expandir o projeto para outros espelhos d’água?
Foram realizadas visitas técnicas e avaliações com a finalidade de aproveitamento de outros reservatórios da EMAE, contudo sem proposta efetiva, no momento