Será definida nos próximos dias a redação final do texto da Carta de Maceió, que os representantes de administrações portuárias presentes no XXII Eneph resolveram entregar às autoridades federais. Os tópicos foram acertados em reunião ocorrida logo após o encerramento do encontro portuário e representam o que os dirigentes portuários consideraram como os principais gargalos do setor.
O primeiro tópico se refere à solução do passivo trabalhista dos portos, e o segundo problema apontado é a questão do Portus, o instituto de seguridade do setor. Outro quesito destacado é a problemática das licenças ambientais para as atividades e a expansão portuária, sendo igualmente importante equacionar a qualificação profissional com responsabilidade social. No quinto item, os dirigentes pedem a exclusão dos portos do Plano Nacional de Desestatização (PND), devido aos gargalos que esse plano cria: como eles são ligados à Diretoria de Estatais, tudo o que pretendem fazer precisa hoje ser submetido a esse órgão, gerando consideráveis retardos burocráticos.
Rio de Janeiro
Fato que gerou várias brincadeiras, a escolha da próxima cidade portuária a sediar o Eneph acabou sendo anunciada por Paulo de Tarso Carneiro, que se ausentara do encontro para uma reunião e ao participar da mesa de encerramento dos trabalhos cumprimentou os participantes pela escolha desse local, antes mesmo que tivesse esta sido anunciada pela organizadora do evento, Cinthia Zanetti, da Santos Trade Convec. Pleiteavam sediar o Eneph 2008 também as cidades de Paranaguá e Recife, mas a capital carioca recebeu dois terços dos votos, inclusive por ser ali que em 1808 D. João VI assinou o documento em que declarava abertos os portos brasileiros ao comércio com as nações amigas.
Foram entregues diversos troféus, como o XIX Prêmio Bandeirantes de Dragagem (Melhor Palestra), entregue pelo gerente comercial da empresa Bandeirantes, José Augusto Duarte, Prêmio Eneph (Melhor Estande) e o Prêmio Ronaldo Herbst Dotta (Personalidades do Ano), entregue por Vera Lúcia Lunardi Dotta e Ana Carolina Lunardi Dotta, viúva e filha do engenheiro portuário que foi o idealizador do Eneph.
O melhor palestrante, eleito pelos participantes, foi Domício Silva, do Porto de Maceió; na categoria Terminal Portuário, Grupo Libra; Veículo de Comunicação/Jornalista, Leopoldo Figueiredo, editor do jornal santista “A Tribuna”, representado no evento pelo colega Diogo Caixote; Operador Logístico, Gunther Klaus Scheidt, gerente da Aliança Navegação e Logística; Trader, Cargill Agrícola S.A.; Responsabilidade Social, Braskem S.A., representada pelo diretor industrial Hélcio Deni Lolodete; Melhor Estande no evento, Petrobrás Transporte – Transpetro S.A., prêmio entregue a Wagner Leonardo de Souza, coordenador regional de comunicação da empresa.
Participaram ainda da mesa de encerramento o último palestrante, Celso Quintanilha (da Antaq), e os representantes dos portos anfitriões, Domício Silva e Renato Fernandes da Silva. Este lamentou no discurso de encerramento que o governo destinasse ao setor portuário apenas a décima parte dos recursos que destina às rodovias, enquanto Domício anunciou a decisão de se produzir a “Carta de Maceió”.
Personalidade do Ano
Foi ainda anunciada a escolha do presidente Lula como a personalidade portuária de 2006, troféu que foi entregue a Paulo de Tarso para ser encaminhado ao presidente – que enviou telegrama de agradecimento, lido no evento. Paulo disse que, embora suspeito para falar por ser do mesmo partido político do presidente, achou merecida a indicação pelo grande interesse que o presidente vem mostrando pelas questões portuárias, como foi comentado por inúmeros empresários no Rio de Janeiro, em Santos e em outros locais.
Segundo Paulo de Tarso, o próprio ministro dos Transportes, que atuou junto a quatro presidentes da República, comentou com ele que enquanto os outros, convidados a discutir assuntos portuários, ou não compareciam, ou não demonstravam interesse ou se retiravam deixando o encargo com assessores, o presidente Lula comparece, mostra-se muito atento aos assuntos tratados e, tempos depois, cobra dos interlocutores os resultados, mostrando que não se esqueceu. Aliás, é o próprio presidente que vem analisando os projetos incluídos no Plano de Aceleração do Crescimento, um a um. “Lula sabe mais sobre portos que muita gente do setor portuário”, completou.