Domingo, 25 Mai 2025

Alertar os caminhoneiros quanto aos perigos da prostituição infantil. Este é o objetivo da Ong Ciranda ao promover conversas com os motoristas que passam pelo Porto de Paranaguá, o segundo em movimentação de cargas no país. Tudo para evitar que a prostituição infantil tenha um público ainda maior naquela região do Brasil.

 

Toda segunda e terça-feira, os membros da Ong visitam o pátio de triagem de caminhões de Paranaguá para promover um bate-papo onde os motoristas são conscientizados dos problemas que a exploração sexual de menores traz para a sociedade. A expectativa da coordenação da Ong é conversar com 1.100 caminhoneiros de forma direta, atingindo outros nove mil indiretamente.

 

De acordo com a coordenadora do projeto, Andressa Grilo, o segredo é não tratar o caminhoneiro como vilão da história, mas sim como alguém que precisa ser conscientizado dos problemas que a prostituição acarreta para a vida familiar de quem paga e quem recebe dinheiro, e até mesmo para a imagem do Porto de Paranaguá no restante do país.

 

Uma prova do quanto o problema da prostituição pode manchar a imagem de Paranaguá aconteceu com a publicação de uma reportagem no jornal O Globo de 19 de março de 2006. O repórter Ricardo Galhardo denunciou a prostituição em Paranaguá, até mesmo pelo simbólico preço de R$ 1,99 por programa. Clique aqui e leia este relato dos problemas gerados pela prostituição na cidade paranaense.

 

Para evitar a manutenção de casos como os citados na matéria, as visitas dos membros da Ong ao pátio de triagem se estenderão até o final do mês de setembro, e o objetivo é diminuir consideravelmente o número de jovens que ganhem dinheiro por meio da prostituição no Porto de Paranaguá. A superintendência do porto local tentou minimizar os problemas erradicando o comércio ilegal de lanches no próprio pátio dos caminhoneiros. De noite, o mesmo ponto era usado para prostituição. O problema é que isso apenas mudou o ponto de prostituição.

 

Todos os caminhoneiros recebem o Guia da Estrada, que contém informações das rodovias brasileiras e dicas de como proceder ao presenciar um caso de prostituição infantil. O uso do telefone é incentivado pela publicação. “Não é preciso se identificar, tampouco ligar em frente a vitima para efetuarmos o flagrante. Nosso trabalho é erradicar definitivamente a prostituição, não agir em casos isolados, prendendo menores”, explica Andressa.

 

Segundo o administrador do pátio de triagem de caminhões, Eduardo Reis, a parceria da Ong Ciranda com a Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina) possibilitou o fácil acesso dos voluntários ao local, agilizando a conversa sem prejudicar o movimento de cargas, e trazendo uma mensagem de que a cidade paranaense está aberta para as famílias dos motoristas.

 

Essa, segundo, Andressa, é uma das principais constatações após a primeira semana de atividades. “Eles explicaram que se torna impossível trazer esposa ou filhos numa viagem, para que eles não presenciem cenas chatas, como jovens se prostituindo ao lado deles. Alguns contaram que em outras regiões do país a exploração é mais explícita que aqui, mas temos que acabar com isso de qualquer forma”.

 

As conversas fazem parte de um plano maior, intitulado Navegando nos Diretos, mantido pela Ong Ciranda e que busca alertar toda a sociedade paranaense para o problema da prostituição. Escolas já foram visitadas, reuniões com a direção do sindicato dos caminhoneiros foram realizadas e o próximo passo será a produção de vídeos e jornais que divulguem a proposta da organização e seus objetivos. Para isso, procuram-se 30 jovens interessados em contribuir com a proposta ainda este ano. Assim, os portos paranaenses procuram se tornar sinônimos de trabalho, somente trabalho.


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