Opinião | Paulo Schiff

Engenheiro civil e jornalista. Apresentador do Jornal da Manhã Litoral Paulista e do Opinião 2.0 na TV Cultura Litoral

Paulo Schiff

Faz 23 anos. Em 17 de dezembro de 2002, era inaugurada a pista de descida da Rodovia dos Imigrantes, que liga o planalto ao litoral, ou São Paulo a Santos.

Num programa de televisão, o Opinião, naquele mês, perguntei ao presidente da Ecovias em quanto tempo de operação o consórcio recuperaria as centenas de milhões de dólares investidos na obra. Irineu Meirelles respondeu que entre o oitavo e o nono ano da concessão de 20 anos.

Aí perguntei se ele não tinha medo de que antes desse prazo, a tecnologia tornasse obsoleto o transporte de cargas e passageiros em rodovias. Alguma coisa tipo teleféricos, teletransporte ou drones gigantes — que ainda não existiam.

A resposta do executivo foi curiosa: “Não me pergunta uma coisa dessas, porque quando eu penso nessa possibilidade, não consigo dormir.”

A mesma questão se apresenta hoje na atividade portuária.

A previsão de investimentos para o STS-10, futuro mega terminal de contêineres em Santos, é de mais de R$ 6 bilhões.

E se a tecnologia transformar completamente, já em 2026 ou 2027, a atividade portuária?

A movimentação de contêineres, que cresce com taxas bem superiores às de outras cargas, já está informatizada há muito tempo em Santos. A estocagem em ordem de saída, totalmente sintonizada com escalas de navios e agendamentos ferroviários e rodoviários, ainda depende de operadores humanos.

Em Dubai, um dos portos mais modernos e inovadores do mundo, já há terminais com equipamentos sem operadores, totalmente automatizados, observa o experiente consultor portuário Fabrizio Pierdomenico.

Nesta semana, na terça-feira (09/12), foi realizada em Santos, no sindicato dos Despachantes Aduaneiros, uma etapa da 6ª edição do Caravanas da Inovação Portuária, iniciativa do Ministério dos Portos e Aeroportos, em parceria com a Antaq e o HUB Brasil Export.

É curioso que, 23 anos depois, a rodovia inaugurada em 2002 já esteja saturada em vários momentos e que o governo paulista já planeje uma nova obra. O futuro de 2002 não substituiu as estradas.

Na atividade portuária, é impossível fazer a mesma previsão.

A grande novidade, na visão do diretor de Inovação, Ciência e Tecnologia da Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos, Alexandre Euzebio, é o posicionamento da atual gestão do Ministério de Portos e Aeroportos, voltado a potencializar a cultura da inovação.

Ainda não dá para saber se cargas serão teletransportadas entre portos ou se contêineres cruzarão os céus em super-drones. Mas a postura do Ministério garante uma expectativa positiva no campo das inovações.

Neste final da primeira quarta parte do século 21, essa postura é fundamental para que Santos e outros portos brasileiros não apenas mantenham sua capacidade logística, mas ganhem eficiência e transfiram essa vantagem competitiva para importadores e exportadores.

Paulo Schiff
Engenheiro civil e jornalista. Apresentador do Jornal da Manhã Litoral Paulista e do Opinião 2.0 na TV Cultura Litoral

Curta, comente e compartilhe!
Pin It
0
0
0
s2sdefault
powered by social2s