Opinião | Paulo Schiff
Engenheiro civil e jornalista, apresentador do Jornal da Manhã Litoral Paulista e do Opinião 2.0 na TV Cultura Litoral.
Paulo Schiff

Em 2024, a movimentação de contêineres no Porto de Santos cresceu 14,7% em relação a 2023: 5,4 milhões de TEUs.

A marca colocou Santos no topo do ranking de movimentação de contêineres da Lloyd's List na América Latina, ultrapassando o Porto de Colón, no Canal do Panamá.

Valeu também uma subida de 6 posições na escala mundial, passando da 43ª para a 37ª.

Em 2025, até outubro, mesmo com a chacoalhada das tarifas de Trump no comércio internacional, esse crescimento dos TEUs em Santos bate em 8,2%.

Esses números são importantes para dar a dimensão da urgência do leilão do STS-10.

É difícil dimensionar a capacidade instalada de movimentação de contêineres em Santos. Não é um número exato. Depende de fatores como novos equipamentos, velocidade de reparação, informatização, treinamento de equipes. Ainda assim, não deve fugir muito de 6,7 ou 6,8 milhões de TEUs por ano.

Em outubro, tarifaço em pleno vapor, a movimentação foi de 550 mil TEUs — recorde — 11,6% acima de outubro do ano passado.

Outubro multiplicado por 12 bate em 6,6 milhões de TEUs por ano. Há sazonalidades: safras, crises, picos de consumo. Mas se novembro e dezembro mantiverem a média dos 10 primeiros meses (4,9 milhões de TEUs), 2025 vai bater em 5,9 milhões.

Se a revogação das tarifas acelerar um pouco o ritmo, um crescimento de 12% leva 2026 para 6,6 milhões. Se for equivalente ao de 2024, cerca de 15%, 2026 teria algo perto de 6,8 milhões. Mesmo espremendo ao máximo os terminais instalados, não há garantia de que isso seja operacionalizável até o fim do próximo ano.

É colapso. É saturação.

Assim, é incompreensível que engravatados do TCU, em Brasília, discutam interminavelmente se vai haver concentração vertical, horizontal, enviesada ou cruzada no modelo de leilão do STS-10, que pode injetar de 3 a 3,5 milhões de TEUs por ano na operação.

Falta senso de urgência. Falta agilidade. A água está batendo nas nádegas, como diria o Neymar. Depois do TCU ainda tem o Cade. Depois, o tempo de instalação do terminal. Até começar a operar, meados de 2027. Até operar com capacidade total, meados de 2034.

Santos perde. O país perde enquanto ministros pedem vistas e discutem o gênero dos anjos.

Paulo Schiff
Engenheiro civil e jornalista, apresentador do Jornal da Manhã Litoral Paulista e do Opinião 2.0 na TV Cultura Litoral.
 

 

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