Sábado, 04 Mai 2024

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O cenário da gestão de obras e de ferrovias em operação no Brasil é caótico.

As ferrovias já construídas no País, e que deveriam estar em pleno funcionamento, andam para trás. Há algumas semanas, por exemplo, noticiou-se que a FCA está devolvendo diversos trechos que não pretende utilizar. Em São Paulo, trechos abandonados não são novidade, cobertos de mato e muitos deles já com aterros levados pelas águas mostram os trilhos balançando no vazio. São trechos que eram plenamente operacionais antes da privatização.

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Um desses trechos é o que atinge Panorama, a partir de Bauru, construído em bitola larga. Agora pasmem: Panorama é a cidade que a Ferrovia Norte-Sul pretende atingir a partir de Anápolis, em Goiás, e que segundo o site da Valec já está com o trecho em construção para Estrela d´Oeste, no interior paulista. Nem sequer consideraram que há uma linha de bitola larga, sub-utilizada, que termina em Barretos e pode ir diretamente até Panorama, passando pelas importantes cidade de Araraquara, Bauru, Marilia e Tupã. Se tivéssemos um ministro dos Transportes mais esperto, que lesse o que dezenas de blogueiros e fãs ferroviários escrevem por aí, dando dicas grátis, poderia prescindir de seus assessores que não devem entender nada de ferrovias e teria chance de inaugurar pelo menos o que poderia se chamar de “parte substancial da Ferrovia Norte-Sul”. Mas em São Paulo tem muito tucano voando por aí, então esquece.

Dizem que o Brasil tem mais de 28.000 km de vias férreas, mas se forem considerados apenas os trechos que as concessionárias operam, deve ficar pela metade disso. O restante está abandonado. Mas o governo (nesse caso a ANTT) parece nem sequer fiscalizar ou ter interesse em perguntar se outro operador teria interesse.

Dá pra ver claramente que há um sério problema de gestão na administração das ferrovias em construção e também na fiscalização das ferrovias existentes. Mas a falta de gestão adequada é devida a quais motivos? Seria muito melhor que os próprios envolvidos (Dnit e ANTT) respondessem, mas os que acompanham o setor tem opinião formada e ela não é boa. Basta ver que o ex-presidente da VALEC, o “Dr. Juquinha”, apesar de ter sido exonerado por diversas acusações nem sequer foi condenado (muito menos preso...).

Foto: Divulgação Valec

Funcionário trabalha na construção de dormentes para Ferrovia de Integração Oeste-Leste

Pelo menos alguma coisa parece ter acontecido dias atrás. O sr. Bernardo Figueiredo, que já passou por todos os órgãos da área de transporte ferroviário do Governo Federal nas duas últimas gestões (além de ter sido o representante da “Ferroviária do Ano” e que foi buscar o prêmio), perdeu o posto de todo-poderoso dos transportes e foi colocado na geladeira. Ele, por quem a presidente Dilma já comprou uma briga com o Senado e criou uma nova empresa para ele administrar, a EPL, parece ter cansado sua chefe e a “Ferroviária do Ano” resolveu fazer jus ao seu título.

Para quem, mesmo fazendo parte do governo desde há muito tempo, falou e falou sobre o trem bala e sequer conseguiu licitá-lo, não conseguiu implementar o pacote de concessões federais de ferrovias para a iniciativa privada e não faz o Ferroanel de São Paulo sair do papel, parece ter ganho o que (não) plantou. Resta saber se seu sucessor irá realmente dar uma nova dinâmica ao setor ou se seu viés ideológico irá prejudicar o andamento de tais projetos.

Mas a verdade é que a presidente ligou o sinal de alerta em relação à possibilidade de chegar às eleições sem nenhuma obra marcante no setor de transportes que possa ser atribuída a seu governo. Esperamos que isso não implique no abandono de obras importantes para que os recursos sejam apenas dirigidas àquelas de grande impacto. Se for assim, toda nossa esperança por gestão adequada terá ido por água abaixo. E a gerentona não terá mostrado a que veio e só a FIFA não terá o que reclamar...

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