Quarta, 08 Mai 2024

Continuando a série de artigos sobre transportes e meio ambiente, abordamos neste texto o consumo de recursos naturais através do transporte urbano. Os quatro tipos de consumos são:

• Consumo do solo (relacionado ao uso e ocupação do solo);
• Consumo do espaço de circulação;
• Consumo de energia;
• Consumo de combustível.

Consumo do solo
O consumo no solo relacionado à infraestrutura de transporte urbano corresponde ao espaço ocupado pelas vias, estacionamentos, terminais de carga e terminais de ônibus, dentre outros. Em análises já executadas sobre a ocupação do espaço urbano, sabe-se que nas grandes cidades as vias ocupam aproximadamente 20% do espaço, sendo que, quando somadas às áreas de outros serviços relacionados ao transporte como, estacionamentos e pátios, temos um valor bem mais elevado.

A figura 01 apresenta um mapa com destaque para o bairro da Lapa, na cidade de São Paulo. Através da análise do mapa podemos visualizar as vias urbanas dispostas no bairro como também identificar o quanto as mesmas ocupam da área urbana total.


Figura 1 – Bairro da Lapa: relação de espaço ocupado por vias urbanas

Consumo do espaço de circulação
O uso do espaço urbano está diretamente relacionado com as características sociais e econômicas das pessoas. Geralmente, quanto maior é a renda das famílias maior é o grau de mobilidade da mesma, sendo que, as famílias de maior renda normalmente não utilizam o transporte público para locomoção, optando na grande maioria das vezes pelos automóveis.

Analisando as características de ocupação do solo e comparando o transporte público (ônibus) com o transporte particular (automóveis), podemos identificar que além do automóvel ser um veículo que ocupa maior área, pois transporta menor número de passageiros, também é um veículo com elevado grau de ociosidade, já que geralmente é ocupado por um único grupo de pessoas, ou seja, não é compartilhado.

Na figura abaixo podemos analisar este comportamento. É visível a disputa entre os ônibus e automóveis. Outra análise interessante são os estacionamentos (à direita da figura 2) que são ocupados por carros de uma única viagem e que aumentam o espaço urbano e, consequentemente, a infraestrutura urbana utilizada.


Figura 2 – Congestionamentos são cada vez mais comuns em metrópoles

A conclusão, para efeito de politicas públicas, é de que o patrimônio público representado pelas vias de transporte não é distribuído igualmente entre a população. Portanto, tratar os investimentos no sistema viário como um ato democrático não condiz com a realidade, tendo em vista a expansão indiscriminada do sistema viário nas cidades.

Na próxima semana abordaremos o consumo de energia e o consumo de combustível dissertando sobre as suas características e apontando itens que ilustram o seus impactos ao meio ambiente e, consequentemente, às nossas vidas.

Referência
VASCONCELLOS, Eduardo Alcântara de. Transporte e meio ambiente: conceitos e informações para análise de impactos. São Paulo: Edição do Autor, 2006.

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