Quarta, 24 Abril 2024

A movimentação de cargas pelo Porto de Santos em 2014 superou importantes marcas históricas, com especial destaque para os recordes na movimentação de contêineres, que deverá atingir um crescimento em torno de 8,0%, e do complexo soja que tem previsão de aumento próximo a 2,6%.

O diretor presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Angelino Caputo, destaca que três recordes mensais foram atingidos em fevereiro (7,7 milhões t), março (10,4 milhões t) e junho (9,8 milhões t) e a expectativa é que Santos responda por 25,6% da movimentação da Balança Comercial Brasileira. Os embarques do complexo soja, até novembro, acumulavam 16,2 milhões t, patamar 2,8% superior ao recorde obtido no mesmo período do ano passado.

Caputo ressalta que os terminais de contêineres do Porto de Santos apresentaram desempenho superior ao dos principais complexos portuários do mundo como Roterdã, na Holanda, e Hamburgo, na Alemanha, ao atingirem a média por hora de 104 movimentos. O Tecon Santos chegou a bater, no início de setembro, o recorde histórico da América do Sul, com uma performance de 1.694 contêineres em 8,74 horas de operação, alcançando a média de 193,92 movimentos por hora.

Santos registrou, também, em agosto, seu novo recorde histórico mensal, com 220.702 unidades. Até novembro, a movimentação de contêineres somava 3,3 milhões teu (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), crescimentos de 6,6% se comparado ao mesmo período de 2013. O presidente explica que a performance foi atingida em função da disponibilização de novas infraestruturas portuárias (os terminais da Embraport e Brasil Terminal Portuário – BTP), dos investimentos efetuados pelos demais terminais que operam essa modalidade de carga e dos esforços da Autoridade Portuária, em conjunto com a Secretaria de Portos (SEP), para manter as profundidades de berços, acesso a berços e do canal de navegação do porto, que recebeu navios da classe “Cap San”, com capacidade para até 9,6 mil teu, os maiores porta-contêineres a operar no complexo santista.

Caputo destaca, também, o fortalecimento da navegação de cabotagem ao longo de 2014 que, até novembro totalizou 13,0 milhões t, apresentando crescimento de 21,3% se comparado com o acumulado no mesmo período do ano anterior. Destaca-se o número de contêineres transportados através dessa modalidade, que atingiu um crescimento de 92,3% nos 11 primeiros meses do ano. A participação da cabotagem no total de cargas transportadas cresceu de 10,2% para 12,8%. “Essa performance mostra a tendência do Porto de Santos tornar-se um porto concentrador de cargas”, afirma o presidente.

A performance da carga geral conteinerizada, entretanto, não foi suficiente para compensar a queda na movimentação das principais commodities agrícolas, como açúcar (-9,2%), milho (-22,0%) e soja em grãos (-5,0%), que são os principais itens da pauta de mercadorias que passam pelo porto. O presidente explica que “elas foram afetadas por uma combinação de fatores decorrentes de aspectos climáticos e da conjuntura econômica internacional, que impediu que o Porto de Santos superasse, neste ano, o recorde anual histórico obtido em 2013”. Para Caputo, 2013 foi um ano totalmente atípico na curva de crescimento da movimentação do Porto de Santos. Apesar do movimento neste ano ter sido menor que em 2013, ainda assim, permaneceu dentro da curva estabelecida pela consultoria Louis Berger, dentro do Plano de Expansão do Porto de Santos, explica o presidente.

A previsão é que o movimento geral de cargas atinja 110,5 milhões de toneladas, ficando 3,1% abaixo do resultado obtido no ano passado (114,0 milhões t), mas se caracterizando, ainda, como o segundo melhor movimento anual da história do porto, ficando atrás somente do total excepcional verificado em 2013. Os embarques devem atingir 75,9 milhões t e as descargas 34,6 milhões t.

Os reflexos da conjuntura econômica internacional afetaram com maior profundidade a movimentação do Porto de Santos, tendo em vista que cerca de 47,0% de suas cargas são granéis sólidos e 76% desses granéis são açúcar, complexo soja e milho.

A crise internacional que afetou os principais países da Europa, Ásia e Américas acabou se refletindo com força nos mercados internacionais de commodities agrícolas e minerais. No caso das commodities agrícolas, somou-se a um cenário de demanda retraída a confirmação de uma supersafra norte-americana de soja e milho em 2014, o que elevou a oferta global destes grãos a um patamar recorde. Como consequência, houve a intensificação da trajetória declinante dos preços das commodities nas principais bolsas internacionais.

O preço do milho foi o que mais sentiu o efeito do aumento da oferta global, com queda de, aproximadamente, 37% ante o já retraído preço de 2013, fazendo com que sua cotação voltasse ao patamar praticado em 2009. Da mesma forma, os preços da soja em grãos e farelo de soja também sofreram quedas significativas ao longo de 2014. Enquanto isso, a cotação do açúcar permaneceu estável, mas em patamar deprimido historicamente, com os mercados bem abastecidos com os maiores volumes exportados por outros importantes produtores, como a Índia.

Os produtores brasileiros, além de terem suas receitas comprimidas pelas quedas dos preços internacionais (parcialmente compensada pela desvalorização do real), tiveram a produtividade de suas lavouras afetadas pela forte estiagem que caracterizou o ano de 2014.

A seca intensa, que em São Paulo foi a pior em oitenta anos e levou à paralisação da hidrovia Tietê-Paraná (importante via de escoamento da safra direcionada ao nosso porto), reduziu a produtividade das safras de açúcar, milho e soja, fazendo com que a produção destes produtos ficasse abaixo das estimativas divulgadas no início do ano. No caso do setor sucroalcooleiro, os baixos preços internacionais do açúcar motivaram os produtores a privilegiarem a produção de etanol para abastecimento do mercado interno. Além disso, o porto sofreu dois grandes incêndios em 2014, que afetaram os embarques do produto.

Devido à histórica relação do Porto de Santos com o agronegócio brasileiro, foi inevitável que este cenário adverso para o setor tivesse reflexo sobre a movimentação de cargas.

2014

A Codesp estima encerrar este ano com uma movimentação de 51,9 milhões t de sólidos a granel (-9,0%), 14,9 milhões de toneladas de líquidos a granel (-6,8%) e 43,6 milhões t de carga geral, que ficará 6,6% acima do ano passado. Os sólidos a granel representam 47,0% da movimentação de cargas, enquanto a carga geral soma 39,5% e os líquidos 13,5%. Os embarques devem totalizar 75,9 milhões t (-4,5%) e as descargas 34,6 milhões t (+0,1%).

No segmento dos granéis sólidos, destacam-se o açúcar, que deve atingir cerca de 15,3 milhões t, ficando 9,2% abaixo do ano passado; complexo soja, com 16,2 milhões t (+2,6%), sendo 12,4 milhões t de soja em grãos (-5,0%) e 3,7 milhões t (+38,7%) de soja peletizada; milho, com 8,6 milhões t (-22,0%) ; o adubo com 3,5 milhões t (-3,0%%); o carvão, com 1,6 milhão t (-19,3%); o enxofre, com 1,8 milhão t (-6,0%) e o trigo, com 1,4 milhão t (-4,8%).

Já entre os líquidos a granel aparecem o álcool, com 1,2 milhão t (-39,4%); consumo de bordo (diesel e combustível), com 1,7 milhão t (-2,1%); gasolina, com 1,3 milhão t (+2,9%); óleo combustível, com 2,0 milhões t (-13,4%); óleo diesel e gasóleo, com 1,9 milhão t (-3,2%) e sucos cítricos 1,8 milhão t (-1,4%). A carga geral solta deve atingir 4,5 milhões t (-7,9%); a carga conteinerizada 39,1 milhões t (8,6%) ou 3,7 milhões teu (8,0%); os veículos de importação 78,0 mil unidades (-31,4%) e de exportação 147,1 mil unidades (-41,9%).

2015

Para 2015 o cenário mostra-se desafiador para o comércio exterior brasileiro e o Porto de Santos refletirá essa condição. Assim, a empresa trabalha com três cenários. Um otimista, que projeta 117,2 milhões t, outro realista, com 114 milhões t e o pessimista, com 108,5 milhões t. Considerando as tendências de mercado e levando-se em conta as variações cambiais, a Companhia fez um ensaio que oscilou entre essas três perspectivas, resultando na projeção de 112,0 milhões t, com tendência de alta. A Codesp acredita que o complexo santista conseguirá retomar o crescimento verificado em anos anteriores, principalmente, por conta do aumento de 2,9% estimado para os embarques (78,1 milhões t), em relação às projeções para 2014. Para as descargas (34,2 milhões t) é projetada queda de 1,0%. O total estimado para 2015 deverá ficar 1,7% acima do projetado para este ano.

Para os sólidos a granel é estimado um total de 52,6 milhões t (+1,2%), enquanto o movimento dos líquidos a granel deve permanecer no mesmo patamar deste ano (14,9 milhões t). Já a carga geral deve somar 44,8 milhões t (+2,8%). Para 2015 a composição de movimentação física por tipo de carga deve situar-se em 46,8% para sólidos a granel, 39,9% para carga geral e 13,3% para líquidos a granel.

A expectativa da CONAB para a safra 2014/2015 é de novo recorde na produção de grãos, que deverá atingir cerca de 201,6 milhões de t (acréscimo de 4,2% ante a safra 2013/2014), com destaque para o desempenho da soja, com crescimento estimado em 11,2% (95,8 milhões de t). A expectativa para o milho é mais modesta, com queda prevista de 1,5% (78,7 milhões de t). Além disso, o aumento da participação do produto brasileiro no mercado internacional está sujeito à superação dos desafios relatados. Segundo a mais recente projeção divulgada pela USDA, as exportações brasileiras de soja em 2015 devem permanecer estáveis em relação a 2014, enquanto as de milho deverão cair 9%. Para o açúcar as apostas ainda indicam a persistência das dificuldades no setor, com produção comprometida por problemas climáticos, preços baixos e direcionamento da maior parte da produção para o etanol, visando o abastecimento do mercado interno.

Análise por produto

Considerando a movimentação por natureza de carga, o segmento de carga geral será o único a apresentar crescimento no Porto de Santos em 2014, com volume estimado de 43,7 milhões de t (+ 6,6% ante o resultado de 2013). Entendemos que a movimentação desse tipo de carga deverá se destacar em 2015, atingindo patamar próximo a 44,9 milhões de t (+ 2,8%), novamente impulsionado pela movimentação de contêineres e celulose.

· Contèineres – A forte expansão no volume movimentado de contêineres foi o grande destaque ao longo de 2014, a exemplo do ocorrido em 2013, quando o Porto de Santos subiu três posições no ranking dos principais portos do mundo na movimentação de contêineres, divulgado pela publicação especializada “One Hundred Ports - 2013”, da revista britânica “Conteinerisation International”[1]. Com este desempenho, ocupou a melhor posição dentre os portos da América Latina. Em 2014 volta a se destacar, acumulando até novembro 3,3 milhões teu, recorde para o período, levando a Codesp a estimar que a movimentação supere em 8,8% o recorde anual de 2013 (3,4 milhões teus), atingindo 3,7 milhões teu. Verifica-se que o acréscimo de 177.928 unidades no acumulado até novembro, aproximadamente, 85% (169.429 unidades), é resultado do aumento nas operações de cabotagem. Com esse desempenho, a participação da cabotagem na movimentação total de contêineres em Santos atingiu o patamar recorde de 16,3%.

· Carga Solta – O segmento de carga geral solta deverá acumular 4,5 milhões t em 2014, retração de 7,9% em relação a 2013. Tal desempenho reflete a queda estimada de 54,8% nos embarques de açúcar em sacos e de 38,7% no total de veículos exportados e importados. Para 2015 espera-se crescimento em torno de 1,5% para esse segmento, atingindo 4,6 milhões t, resultado impulsionado, principalmente, pelas exportações de celulose.

· Celulose - A recuperação dos preços da celulose no mercado internacional e a expansão da capacidade de produção das fábricas nacionais refletiram positivamente nas exportações de celulose em 2014. Segundo análises veiculadas pela imprensa, a demanda internacional se mantém aquecida, com destaque para a Europa e China. A desvalorização do real frente ao dólar reduziu o impacto negativo da queda dos preços pressionados pela maior oferta global, garantindo a competitividade da celulose brasileira no mercado internacional. Diante deste cenário, estima-se para 2014 um crescimento de 5,8% nos embarques de celulose, com devendo atingir cerca de 3,5 milhões t. Para 2015, vislumbra-se que o cenário continuará favorável ao setor, que deverá totalizar embarques em torno de 3,7 milhões t, aumento de 5,0% sobre 2014.

· Veículos - A movimentação de veículos deve apresentar queda em 2014, após a expansão verificada em 2013. Foram movimentados 207.257 unidades entre janeiro e novembro de 2014, volume 40,1% inferior ao verificado no mesmo período de 2013, refletindo a queda de 44,3% nas exportações e de 37,0% nas importações.

Segundo análises veiculadas pela imprensa, a produção nacional de veículos registrou queda de 15,5% no acumulado até novembro. Para 2015 há perspectiva de recuperação da produção, com expansão em torno de 5%. Entretanto, as exportações devem sofrer com as perspectivas negativas para a economia argentina em 2015, o que pode vir a ser compensado pela conquista de novos mercados aproveitando o real mais desvalorizado e o cenário internacional mais promissor. Assim, estima-se uma elevação de 4,5% nas exportações de veículos, que devem se situar em torno de 153.767 unidades. Já as importações podem continuar sofrendo os efeitos da valorização do dólar sobre a competitividade dos veículos importados e a diminuição da disponibilidade de crédito no mercado nacional, o que deverá se refletir em nova retração nos desembarques, para o patamar de 72.361 unidades (-7,3%). Consolidando esses números, espera-se estabilidade na movimentação de veículos em 2015, devendo atingir 226.127 unidades, crescimento de 0,4% ante a previsão para 2014.

Sólidos a granel

O segmento de sólidos a granel deverá encerrar 2014 com queda 9,0% em relação a 2013, totalizando 51,9 milhões t. Ao se confirmar esse cenário, ocorrerá uma redução de 5,1 milhões t no volume de graneis sólidos movimentados pelo nosso porto em 2014, sendo menos 2,4 milhões t de milho (-22,0%); menos 1,5 milhão t (-9,2%) de açúcar e menos 873,7 mil t de minério de ferro (-61,8%).

Para 2015 estima-se recuperação para o setor, com movimentação em torno de 52,6 milhões de t, superando em 1,2% a previsão final para 2014. Dentre as principais mercadorias movimentadas pelo porto santista, as maiores taxas de crescimento em relação a 2014 deverão ser observadas nas movimentações de enxofre (12,9%), minério de ferro (6,2%), soja em grãos (4,0%) e adubo (3,1%). Já os volumes movimentados de milho, carvão e trigo deverão apresentar reduções de 3,7%, 0,5% e 0,3%, respectivamente.

· Açúcar – Líder entre as mercadorias movimentadas no Porto de Santos, o volume embarcado de açúcar em 2014 foi prejudicado pela elevada disponibilidade do produto no mercado internacional e pelas dificuldades vivenciadas pelos produtores nacionais, com problemas financeiros diante de um contexto de preços internacionais baixos e produtividade comprometida pelo menor volume de chuvas nos últimos oitenta anos.

Os preços baixos do açúcar levaram as usinas a privilegiarem a produção de etanol para abastecimento do mercado interno. Os embarques no segundo semestre também foram afetados por incidentes ocorridos em dois terminais açucareiros. Até novembro deste ano, foram movimentadas 15,7 milhões t, 12,5% abaixo do observado no mesmo período de 2013. A expectativa é que o resultado anual fique em torno de 15,3 milhões t, o que representaria uma queda de 9,2% na comparação com 2013. Conforme matéria publicada pela Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), o presidente da consultoria Datagro, Plinio Nastari, estima que o volume das exportações brasileiras de açúcar na próxima safra devem ser mantidas.

Mesmo com os menores embarques brasileiros, os estoques mundiais permanecem altos, dificultando uma alta nos preços do açúcar no curto prazo. Para a safra 2014/15, o Brasil deverá colher 607,6 milhões de t de cana, com expectativa de produção de 35,06 milhões de t de açúcar e 26,4 bilhões de litros de etanol. Portanto, a perspectiva de movimentação do produto para 2015 é de um crescimento apenas sutil, devendo atingir 17,0 milhões t, 0,1% acima do resultado previsto para 2014.

· Soja em Grãos – Segunda mercadoria mais movimentada no porto santista, o volume exportado da commodity acumula 12,5 milhões t até novembro, queda de 4,4% ante o mesmo período de 2013. Deste total, 77,0% (9,7 milhões t) foi destinado à China. Para o próximo ano, a expectativa é que os embarques totalizem 12,4 milhões t, queda de 5% ante o resultado recorde de 2013.

A interrupção do fluxo de cargas na hidrovia Tietê-Paraná, devido à forte estiagem no Estado de São Paulo, provocou atraso nos embarques e elevou o custo do grão movimentado pelo Porto de Santos. Segundo informações veiculadas na imprensa, em 2014 passaram pela hidrovia Tietê-Paraná apenas 500 mil t de soja e milho, frustrando as expectativas dos produtores, que esperavam escoar 2,5 milhões de t pelo mais importante corredor hidroviário do país.

Para 2015, as perspectivas para a produção nacional desta commodity são favoráveis, já que a expectativa é que a safra brasileira de soja 2014/2015 registre novo recorde histórico. Conforme o Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2013/14 – Terceiro Levantamento (Dezembro/2014) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja da região Centro-Oeste deverá crescer 8,6%, enquanto a do Brasil deve apresentar crescimento de 11,2%, totalizando 95,8 milhões de t. Entretanto, o aumento das exportações está limitado pelo crescimento da safra nos Estados Unidos.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) elevou para 107,73 milhões t a estimativa de produção de soja no país na safra 2014/15, bem acima da colhida no ano passado (91,4 milhões t). Cabe observar, também, a trajetória de aumento dos embarques de grãos pelos portos brasileiros do chamado “eixo norte”. Diante deste cenário, estima-se que em 2015 passem pelo Porto de Santos um total de 12,9 milhões t de soja em grãos, crescimento de 4,0% em relação ao resultado recorde previsto para 2014 (12,4 milhões t).

• Farelo de Soja – Os sucessivos recordes na produção nacional de soja em grãos, o aumento do consumo mundial de proteína animal e a desvalorização do real levaram a um significativo aumento do volume embarcado de farelo de soja. Para 2014 a estimativa é que o volume chegue a 3,7 milhões t, incremento de 38,7% se comparado a 2013. Diante da expectativa de novo recorde da safra de soja em 2015, estima-se novo crescimento nos embarques de farelo, em torno de 1,0%, chegando ao patamar de 3,8 milhões t.

· Milho – A exemplo do ocorrido com o açúcar e a soja, 2014 foi um ano adverso para os embarques de milho. A expectativa é que neste ano o volume movimentado totalize 8,6 milhões t, retração de 21,8% em relação ao recorde de 2013 (11,0 milhões de t). Tal desempenho é explicado pela supersafra do produto nos Estados Unidos, que se traduziu em forte queda nos preços da commodity e dificuldades para a colocação do produto brasileiro no mercado internacional. Segundo o Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos 2014/15 – Terceiro Levantamento (Dezembro/2014) da Conab, a produção nacional do grão deverá cair 1,5% na safra 2014/15, em resposta ao recuo esperado de 2,8% na área plantada. O USDA, por sua vez, estima que as exportações brasileiras do produto deverão recuar 9% no próximo ano. Diante do exposto, estima-se uma retração de 3,7% nos embarques de milho em 2015.

Líquidos a granel

A movimentação de líquidos a granel no Porto de Santos deverá totalizar 14,9 milhões t em 2014, o que representará uma queda de 6,8% em relação ao desempenho de 2013. Dentre as cargas deste segmento, o destaque positivo deverá ficar com a nafta, com crescimento estimado de 53,4% em relação a 2013. O destaque negativo, por sua vez, fica com o álcool, com projeção de queda de 39,4% no mesmo período. Para 2015 estima-se estabilidade na movimentação geral de líquidos a granel.

· Álcool – Ao se confirmar a estimativa da Codesp, os embarques de álcool no Porto de Santos em 2014 deverão apresentar redução de 841,1 mil t (-39,4%) em relação ao verificado em 2013, totalizando 1,2 milhão t. Este desempenho é resultado das dificuldades apresentadas pelo setor, tanto do lado da oferta, quanto da demanda.

A forte seca que assolou a região centro-sul do país em 2014 comprometeu a produtividade do setor sucroalcooleiro nacional. Mesmo com o direcionamento da maior parte da safra de cana para a produção do álcool (em resposta aos baixos preços do açúcar no mercado internacional), a produção foi direcionada para o mercado interno diante da iniciativa do governo de elevar o teor do álcool na gasolina. Essa providência foi necessária também para absorver o excedente de álcool diante de um mercado internacional desfavorável para o produto brasileiro, em consequência da supersafra de milho nos Estados Unidos.

Como relatam matérias publicadas na imprensa, o etanol voltou à lista de combustíveis cujas exportações globais são dominadas pelos Estados Unidos, pois as vendas ao exterior do biocombustível, feito a partir do milho, cresceram 31% este ano e atingiram o maior patamar desde 2011.

Com ampla disponibilidade de matéria-prima e preços competitivos, os produtores americanos de etanol estão buscando novos mercados para expandir as suas exportações, representando um grande desafio aos produtores brasileiros de álcool. Diante deste cenário e da forte queda observada em 2014, projeta-se para 2015 uma manutenção dos volumes exportados de álcool através do Porto de Santos, em patamar próximo a 1,2 milhão t.

· Nafta – Com um volume acumulado até novembro de 256,2 mil t, a importação de nafta pelo porto santista deverá atingir volume próximo a 275,8 mil t em 2014, 96,0 mil t a mais do que em 2013 (53,4%). A nafta é um derivado do petróleo utilizado, principalmente, na indústria petroquímica, na produção de eteno e propeno, além de outras frações líquidas, como benzeno, tolueno e xilenos, sendo, também, utilizado na formulação da gasolina, para ajustar a octanagem do combustível à maior proporção de álcool.

Segundo Fernando Figueiredo, presidente executivo da Associação Nacional da Indústria Química (Abiquim), nos anos 1990, 100% da nafta petroquímica usada no Brasil era de origem nacional. Hoje, é apenas um terço. E, se houver elevação da mistura do álcool de 25% para 27,5%, é provável que o equivalente a toda a nafta para a petroquímica será atendida por importação. Sem considerar essa possível elevação, estima-se um crescimento moderado de 0,6% na movimentação do produto em 2015.

Fluxo de Navios

Após dois anos de significativo incremento do volume médio de carga transportada por cada navio no Porto de Santos, em resposta à demanda crescente por movimentação de cargas em nosso porto e aos benefícios trazidos pelas obras de dragagem de aprofundamento do canal, em 2014, este indicador deverá recuar para o patamar de 22.476 t/navio, o que corresponde a uma retração de 1,4% em relação à média de 2013 (22.801 t/navio). Este resultado negativo foi provocado, principalmente, pela menor demanda por movimentação de granéis sólidos, em especial açúcar e milho.

Outro fator a afetar negativamente a consignação média por navio foi a necessidade de reduzir a profundidade operacional do canal no início do ano, em virtude do assoreamento acumulado no leito do estuário. De modo a retornar a profundidade anterior, providências foram adotadas ao longo do ano, o que resultou em sucesso na obtenção de nova homologação para a profundidade de 13,2 m. Cabe ressaltar, que mesmo diante desta restrição, a consignação média dos navios de contêineres apresentava crescimento de 2,0% até outubro.

Considerando os navios cargueiros, verificou-se, até novembro, uma queda de 1,5% no fluxo de navios atracados, em comparação com o mesmo período de 2013. Considerando, também, os navios de passageiros, da Marinha do Brasil e de apoio às operações portuárias, a queda nas atracações foi de 3,3%.

Em 2015, com a homologação da maior profundidade em novos trechos e a continuidade das obras de compatibilização de berços e bacias de evolução, que permitirão o aumento do número de atracações de embarcações de maior porte, a estimativa é que a consignação média anual alcance o patamar de 22.917 t/navio, superando a média verificada em 2013. Assim, mesmo com a maior demanda prevista para a movimentação de cargas em nosso porto, estimamos que o fluxo de navios atracados ficará praticamente estável, com queda de 0,3%.

Reestruturação da Gestão

Para 2015 o presidente afirmou que pretende concluir as frentes de trabalho iniciadas em 2014. A modernização da gestão portuária é a principal delas e tem por objetivo a reestruturação administrativa da Codesp e a revisão de processos portuários, visando à agilização e eficiência das operações portuárias. Esse projeto está sendo desenvolvido pela Codesp, com o apoio da consultoria Delloite. “Não é um projeto do Porto de Santos, mas sim da SEP, envolvendo três companhias docas em um primeiro momento, com perspectiva de expandir o resultado para as outras quatro”, explica Caputo. “Santos saiu à frente por ser o maior e, portanto, o mais complexo, ficando sempre dois meses a frente dos portos do Rio de Janeiro e Pará”, esclarece. Segundo Caputo, esse é o projeto estruturante mais importante em termos de governança.

Como exemplo desse trabalho, o presidente mencionou que no mês de dezembro foi apresentado à Comissão Nacional de Portos (Conaportos) um dos 60 processos avaliados pela consultoria em conjunto com a Codesp, denominado “operação marítima”. Esse processo, um dos mais importantes, foi revisto e várias de suas etapas, hoje desnecessárias, serão eliminadas. “Entraremos, agora, em uma fase de implantar o processo novo, testar e fazer ajustes, para começarmos a reduzir os tempos, custos, etc.”, explica Caputo, que vem reservando quatro horas diárias de sua agenda para acompanhamento do desenvolvimento do projeto. Segundo o presidente ele está em sua fase mais importante, que é o desenho dos processos futuros. Caputo valida cada processo na medida em que eles são desenhados, objetivando agilizar sua aprovação e implementação.

A primeira reunião oficial do projeto ocorreu dia 5 de junho, quando foi apresentado um ranking preliminar dos principais processos portuários apontados como críticos.

O trabalho foi deflagrado com a captação de informações através de questionários on line e entrevistas com 40 entidades, entre associações, agentes públicos e privados que compõem os diferentes setores do universo portuário. O projeto tem o acompanhamento de equipe especial de assessoria do Governo Federal, liderada pelo ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e participação de outros ministérios, incluindo a Casa Civil.

Os levantamentos iniciais serviram para apontar e priorizar os processos considerados mais críticos. A participação do grupo especial de assessores do Governo Federal e da Codesp, que ocupa a presidência da comissão local da Conaportos, oferece uma condição muito favorável para, através dos resultados da consultoria, fomentar ações de melhoria da eficiência dos procedimentos que devem ser aperfeiçoados. O serviço de consultoria contratado pela SEP abrange a realização dos trabalhos nos portos de Santos, Rio de Janeiro e Pará.

Outro passo importante foi a criação da estrutura de tecnologia da informação e comunicação. Essa estrutura é composta pela Superintendência de Tecnologia da Informação e Comunicação (SET), subordinada à Diretoria de Planejamento Estratégico e Controle, com a responsabilidade de organizar, elaborar e propor as políticas e programas da área de Tecnologia da Informação e Comunicação. Tem como objetivo, também, coordenar o planejamento, implementar, monitorar e efetuar melhoria contínua das ações de TIC, bem como manter a disponibilidade dos sistemas e do ambiente tecnológico da Codesp.

Cabe destaque, também, a aprovação do novo estatuto da empresa. A diretoria executiva já iniciou a formulação de uma proposta a ser encaminhada à SEP e ao Departamento de Controle das Estatais (Dest). A proposta contemplará um novo percentual mínimo de 70% de cargos a serem ocupados pelos funcionários do próprio quadro da Codesp. Com isso o número de cargos garantidos para serem preenchidos exclusivamente por funcionários do quadro sobe de 32 para 46. O percentual que constava no antigo estatuto era de 63%, incidente somente sobre os cargos de Superintendente e Gerente. Agora, o novo índice de 70% será aplicado sobre todos os cargos de livre provimento, inclusive de assessores de diretoria e secretárias.

Além disso, haverá a indicação para que pelo menos a metade dos cargos destinados a nomeação de funcionários dos quadros da Codesp sejam preenchidos por meio de processo seletivo aberto, a exemplo do que foi recentemente promovido para a área de Tecnologia da Informação (TI), garantindo a democratização do acesso às posições superiores. Os cargos de livre provimento são Superintendente (15), Gerente (37), Assessor (9) e Secretária (5). Caputo esclarece que esse percentual foi retirado do estatuto porque o novo modelo é padrão para todas as companhias docas e cada uma delas tem uma composição diferenciada de colaboradores em cargos de livre provimento.

Todo o processo decisório da empresa está estabelecido no novo estatuto, que permitirá às administrações portuárias serem mais modernas e ágeis, com gestões padronizadas, mantendo uma linha de governança alinhada ao novo marco regulatório. No desenvolvimento do novo modelo se procurou inserir novas práticas de gestão, considerando-se os estatutos das sete companhias docas a cartilha do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o marco regulatório e modelos de empresas privadas e estatais. O estatuto da Codesp foi usado como padrão nesse processo.

O presidente explica que no novo documento os critérios para nomeação dos membros do Conselho de Administração estão mais rigorosos e que o novo texto elimina a obrigatoriedade do Presidente da Companhia ser membro nato do Conselho de Administração (Consad), podendo a SEP indicar dois nomes, caso um deles não seja o próprio diretor presidente. O estatuto também reduz o mandato da diretoria de 3 para 2 anos. Outro aspecto contemplado é a vinculação de parte da remuneração dos diretores ao cumprimento das metas de gestão propostas.

A Codesp instituiu, ainda, neste ano sua Comissão de Ética, com atribuições relativas à análise preliminar das consultas sobre eventuais conflitos de interesse no exercício da atividade, bem como eventuais denúncias envolvendo infração prevista no Código de Ética da Companhia (constante do Regulamento Interno de Pessoal).

A criação da Comissão atende a um série de dispositivos legais e normativos relativo ao tema, no âmbito do Governo Federal. Está constituída na empresa por três membros titulares e respectivos suplentes, designados para mandatos de 3 anos, permitida uma recondução. Como as normas de funcionamento previstas para as comissões estabelecem que os mandatos não sejam coincidentes, nesta primeira composição os membros foram designados em prazos diferenciados de 1, 2 e 3 anos de forma que não se estendam pelo mesmo período, evitando a coincidência.

Planejamento

Definir e preparar ações que garantam a modernização da gestão portuária no âmbito corporativo e na logística integrada do setor compuseram boa parte do trabalho desenvolvido pela área de Planejamento Estratégico e Controle da Codesp, chefiada pelo diretor Luís Cláudio Santana Montenegro.

“Em se tratando de planejamento não há opção de se fazer ou não. Ou fazemos bem ou fazemos mal. Planejar é algo obrigatório. Nenhuma empresa, nenhuma estrutura de governo vive sem planejamento. Em uma empresa pública ele se torna mais complexo porque não se busca exclusivamente o lucro. Há o ganho social, ético, comunitário. Nosso foco não pode ser dirigido exclusivamente ao negócio portuário e seu consequente papel fundamental de atendimento à economia. Interessa-nos o bem estar da comunidade, a geração de empregos, muito além do que em qualquer empresa privada. Temos de estar preparado para cada cenário que se possa desenhar e garantir nosso papel no futuro”, define Montenegro.

Além de uma série de estudos já em elaboração e previstos para o próximo ano, o trabalho desenvolvido pela área, integrado a ações desenvolvidas em conjunto com a Secretaria de Portos – SEP, garantiu iniciativas como o Portolog - um sistema que objetiva sincronizar a chegada dos veículos e das cargas nos terminais, a programação e o credenciamento de veículos para uso racional e utilização da plena capacidade de acesso ao porto – e o Vessel Trafic Management Information System (Sistema de Gerenciamento e Informação do Tráfego de Embarcações – VTMIS), um suporte eletrônico à navegação, dotado de radares e câmeras, com capacidade para prover a monitoração ativa do tráfego aquaviário e o conjunto de informações necessárias à tomada de decisão sobre o melhor uso dos acessos aquaviários ao porto.

Já os estudos realizados e coordenados pela área integram um conjunto destinado a um detalhado e objetivo planejamento focado na modernização da gestão corporativa da Companhia e no máximo aproveitamento do potencial de desenvolvimento do Porto de Santos, com a produção de dados e diretrizes imprescindíveis para gerir o complexo portuário santista, garantindo eficiência e capacidade.

A elaboração do Plano Mestre do Porto de Santos está sendo feito em parceria com a SEP, envolvendo dois aspectos principais: a projeção da demanda e uma avaliação de nossa capacidade para dimensionar a necessidade de expansão dessa capacidade para atendimento às demandas atual e projetada.

A área desenvolve estudo, também em conjunto com a SEP, para implantação de estacionamento na região da Alemoa, com objetivo de solucionar o problema dos caminhões que transportam contêineres vazios. A capacidade do terreno gira em torno de 1200 vagas de capacidade estática. Esta área será compartilhada com o projeto ferroviário, prevendo algumas linhas e pátios de manobra.

“O principal objetivo é criar um regramento para os caminhões que ficam estacionados no entorno do porto aguardando carga. Este é um problema sério que temos hoje”, aponta Montenegro, explicando que os veículos necessitam de um local onde permaneçam até a chamada do terminal. A área não comporta a demanda plena por vagas, no entanto o estudo poderá incorporar novas áreas para solução do problema. “O projeto se destaca pela iniciativa de se promover um regramento para esses veículos e integrá-los em um sistema de agendamento e chamada para atendimento aos terminais instalados no Porto de Santos”.
Os resultados alcançados a partir do esforço da Companhia em promover o agendamento de caminhões apontam um índice pouco acima de 85 por cento dos veículos agendados. A partir de 2015 será implantado o Portolog, um sistema mais sofisticado e automatizado. “Já estamos em fase de testes, as regras serão mantidas e faremos uma mobilização para que todos os atores envolvidos, de prefeituras e efetivos policiais rodoviários, concessionários e demais setores públicos nas esferas estadual e federal estão convidados a participar mais uma vez dessa mobilização, com objetivo de aprimorar esse trabalho e garantir que não se repitam mais os congestionamentos pela falta de uma logística mais apurada”, afirma Montenegro.

Outro estudo em desenvolvimento é o da logística ferroviária dos ramais que se conectam ao Porto de Santos. O estudo foi iniciado por um grupo de governo que elaborou um relatório apontando algumas premissas. Um dos pontos principais estabelece que os ramais a partir dos pátios de Paratinga e Perequê, a chamada ferradura, devam operar de forma integrada até o Porto de Santos.

“A idéia é estabelecer o agendamento tal qual é feito hoje para os caminhões, com as composições obedecendo a uma programação conjunta entre as concessionárias, através de uma central de controle, de forma transparente ”, explica Montenegro, comentando que todos os setores envolvidos nessa operação concordam que a iniciativa otimiza o transporte ferroviário, eliminando os recorrentes conflitos hoje observados. Para elaborar esse estudo, a Codesp atua em conjunto com a SEP, ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre), Antaq (Agência Nacional de Transporte Aquaviário), EPL (Empresa de Planejamento e Logísitica), Valec (Engenharia, Construções e Ferrovias), todas instituições ligadas ao governo federal.

A utilização da bacia hidrográfica da região como via de transporte de carga é outro projeto em desenvolvimento pelo setor em conjunto com alguns agentes privados. Em parceria com a empresa Carbocloro, estuda-se a implantação de um dolfim para a movimentação de sal por hidrovia até as instalações da empresa em Cubatão. O navio atraca no dolfim, descarrega para uma barcaça e o produto é transportado até a empresa.

“A idéia é desocupar os berços hoje ocupados por navios que transportam sal para a Carbocloro e disponibiliza-los para outras cargas, além de agregar dolfins que, quando vagos,
poderão ser utilizados para outras operações, como abastecimento de navios, por exemplo”, comenta o diretor, concluindo que a iniciativa promove ganhos para todos: a comunidade ao se tirar caminhões da estrada, a Carbocloro que terá uma logística mais barata e o Porto que amplia sua capacidade. Outra concepção para utilização do modal é o estabelecimento de uma linha regular de navegação por barcaças circulando no estuário, com foco principal no transporte de contêineres entre as margens.

Montenegro comenta que além dos trabalhos em andamento, há uma proposta em avaliação pela diretoria de um conjunto de estudos em cinco áreas temáticas, sendo que em uma delas, a do planejamento corporativo, já é trabalhada em parceria com a SEP e a consultoria Deloitte, contratada para a reestruturação organizacional e implementação de um novo modelo de gestão para a empresa. Ainda no tema corporativo, uma parceria com a Fundação Dom Cabral tem ajudado no estabelecimento de missão, visão, valores, indicadores estratégicos que nortearão as ações corporativas dentro do planejamento estratégico a longo prazo.
Outro tema previsto é o de acessibilidade, considerando-se todos os modais – ferroviário, rodoviário, dutoviário e hidroviário, além do acesso aquaviário pelo canal de navegação. “A idéia é tratar da matéria de forma sistêmica, onde toda infraestrutura e modelos operacionais de acessos, regramentos e agendamentos serão discutidos de forma integrada, concluído com a definição do controle de ações necessárias”, explica o diretor.

Utilidades é mais um dos temas que envolvem itens como abastecimento de energia, água, tratamento de resíduos, planejamento de telecomunicações e outros. “São serviços prestados pela empresa que precisam ser geridos de forma que não se tornem uma central de custos, mas passem a gerar recursos, tornando-se um negócio estratégico”, comenta Montenegro, citando como exemplo o caso dos resíduos que tem potencial de reciclagem e podem, inclusive, através de parcerias se tornar uma fonte de negócio. Outra possibilidade seria ampliar a produção de energia, expandindo a capacidade da hidrelétrica de Itatinga ou até mesmo investindo em outras matrizes energéticas, expandido o negócio de abastecimento energético. “Até mesmo a dragagem poderia ter outra modelagem, com a Companhia, participando do negócio, estabelecendo algo como sua própria empresa ou parcerias, agilizando um empreendimento que é contínuo e permanente, pois draga-se o canal o ano inteiro em função da elevada taxa de assoreamento”.

Nessa linha de gerir seu próprio negócio, Montenegro cita um exemplo que considera emblemático. “O porto de Roterdã estabeleceu em contrato que seus novos terminais deveriam movimentar pelo menos 40% da carga por ferrovia. Para não ficar dependente da empresa ferroviária, a administração portuária tornou-se sócia no negócio, como estratégia para garantir o atendimento”.

O desenvolvimento de instalações portuárias é outro segmento de estudo previsto, considerando principalmente a elaboração do novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos- PDZPS a definição dos limites previstos pela nova poligonal que demarcará a área do Porto Organizado, uma avaliação fundiária que será realizada em conjunto com a Secretaria de Patrimônio da União – SPU, a expansão dos terminais existentes e a definição de novas áreas para exploração a serem propostas ao novo Plano de Outorgas da SEP.

Um detalhado planejamento econômico da empresa completa o conjunto de itens previstos para o planejamento. Com base nesse trabalho, a empresa terá um quadro bem claro para a definição de sua estrutura tarifária, investimentos, custeio, precificação de serviços, garantindo uma política que considere os impactos de todos os componentes presentes na economia da Companhia. “Esses estudos são imprescindíveis para garantir o equilíbrio econômico-financeiro da empresa”, destaca Montenegro, frisando que a partir de 2015 a Codesp entra forte na condução desses estudos, com o objetivo de se produzir tomadas de decisão de forma cada vez mais fundamentada, técnica e profissional.

Quanto ao novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos, o diretor explica que sua elaboração está atrelada à conclusão do Plano Mestre. “Assim que recebermos o Plano Mestre, teremos um momento de avaliação interna para, então, promovermos uma discussão com a sociedade. Somente após essas etapas, já com uma validação consensual, é que partiremos para a elaboração do PDZPS”.

A implantação e consolidação da tecnologia da informação na administração da Companhia configuram mais uma meta assumida na área de planejamento. Para tanto, foi criada uma superintendência específica, com a estrutura necessária para conduzir os trabalhos. “O objetivo é se avançar largamente nesse setor, permitindo sua utilização em todos os processos da empresa. A gestão do canal de navegação contará com o VTMIS. Na gestão do acesso rodoviário e ferroviário teremos o Portolog. Os processos envolvendo os trâmites para atracação de navios já temos o Porto Sem Papel. No setor administrativo já temos o sistema da ERP/SAP gerindo o trâmite dos processos. Em todas as áreas entraremos fortes na implantação dessa tecnologia, tanto em sistemas como em equipamentos”, detalha o diretor, comentando se tratar de recursos de grande porte para atender as demandas do maior porto do Brasil.

A implementação da tecnologia da informação na empresa permitirá também que se utilize de forma mais ágil, e com grande precisão, os novos indicadores de desempenho. “Atualmente, os indicadores estabelecidos pela Antaq estão sendo rediscutidos e, com a disponibilidade dos novos sistemas, a Codesp poderá contar com um grande painel que nos permita o controle e monitoramento da logística e da operação portuária, de forma que a qualquer instante se tenha um quadro detalhado e abrangente do que está ocorrendo, da ocupação de armazéns e pátios a fluxo rodoferroviários, tráfego de embarcações, situação dos navios atracados e na barra, enfim, um Raio X instantâneo das condições operacionais e de tráfego terrestre e aquaviário no Porto de Santos”, explica o diretor, comentando que tais recursos proporcionarão, inclusive, extrapolar a área do porto e ter condições, por exemplo, de monitorar ações que ocorrem em outros pontos da cadeia logística, como rodovias, ferrovias e tráfego de embarcações que se destinam a Santos.

O Porto Sem Papel tem hoje praticamente plena adesão dos processos de todas as instituições anuentes que o compõem. “O enfoque nesse recurso para 2015 é promover um trabalho intenso na comissão regional da Conaportos -Comissão Nacional das Autoridades nos Portos, para que os processos ainda não satisfatórios sejam melhorados”, informa Montenegro. O trabalho de consultoria da Delloite estabelecerá um conjunto de melhorias para o fluxos externos ao porto que também será apresentado à Conaportos.

Quanto ao Portolog, o sistema está desenvolvido, contando com os leitores de OCR já instalados em gates públicos e terminais privados. A Codesp já deflagrou a licitação para aquisição das antenas de rádio frequência. Terminais e pátios também instalarão suas antenas para a entrada em operação plena do Portolog em 2015.

O cronograma para implantação do VTMIS prevê para abril o início das obras assim que for concluído o projeto executivo. “Esse sistema é essencial para Santos, que opera quase 6 mil embarcações por ano, pois disponibiliza informações que servem não só para o tráfego dentro do canal de navegação, mas também, para controle de questões ambientais e apoio em situações de emergência”, avalia Montenegro.

Com relação ao planejamento para os empreendimentos ligados à extração de petróleo do pré-sal, a Codesp acompanha os estudos que a SEP produz de demanda de apoio offshore às atividades do pré- sal. Os resultados desse estudos serão avaliados para que a Companhia possa definir estrategicamente sua atuação. “Uma possibilidade forte que temos hoje é fazer contratos temporários caso se identifique alguma demanda até que se definam novos arrendamentos para cargas ainda não consolidadas nas operações portuárias em Santos”.

Quanto à revitalização da área do Valongo, trata-se de um projeto hoje inserido na discussão do chamado Mergulhão (passagem rodoviária subterrânea). “A discussão hoje é o financiamento do projeto viário. A Codesp entende que a revitalização é um projeto bem interessante de integração entre porto e cidade. Para garantir a revitalização é imprescindível que o Mergulhão se estenda além do inicialmente previsto e isto demanda mais recursos do que temos garantido no PAC”, argumenta o diretor.

Infraestrutura

O ano de 2014 foi voltado para elaboração de projetos executivos, continuação das obras programadas e já contratadas, como o realinhamento do cais de Outeirinhos e o reforço e recuperação da estrutura do píer da Alemoa, bem como a assinatura do contrato para recuperação do cais do Armazém 12-A ao 23. A afirmação é do diretor de Infraestrutura e Execução de Obras, Paulino Vicente. Para Paulino, o balanço deste ano está muito focado na execução dessas três obras que estão em andamento, bem como a conclusão dos projetos executivos, voltados, em sua maioria, para acessibilidade. O projeto executivo da segunda fase da Avenida Perimetral Portuária do Guarujá deverá estar concluído ao final do primeiro trimestre de 2015, sendo, em seguida, deflagrado o processo licitatório para contratação das obras.

Sistema Viário - Dentre os projetos executivos prontos, o diretor Paulino destaca os três trechos da Avenida Perimetral de Santos: Alemoa – Saboó, passagem subterrânea no Valongo (Mergulhão) e Canal 4 – Ponta da Praia. Quanto a este último trecho, o projeto foi concluído e a Câmara Municipal de Santos já sancionou e promulgou, em sessão realizada no dia 12 de dezembro, a Lei Complementar nº 869, de 19/12/2014, que permitiu ao Poder Executivo Municipal conceder à Codesp autorização para construir obra de arte sobre o viário público municipal, interligando duas áreas de propriedade da União. A autorização da Prefeitura de Santos foi enviada à Codesp no dia 23 de dezembro e o aviso de edital para a realização do certame licitatório para contratação das obras foi publicado no dia 29 de dezembro, ficando a abertura das propostas marcada para o dia 30 de janeiro de 2015. A Codesp publicou, também, no dia 29 de dezembro, o aviso de edital para contratação de empresa ou consórcio que cuidará do gerenciamento civil dessa obra. As duas licitações serão feitas através de Regime Diferenciado de Contratação (RDC).

O viaduto a ser construído sobre a Avenida Mário Covas e a remodelação daquela via possibilitarão eliminar um conflito entre os segmentos de carga conteinerizada e granéis sólidos de origem vegetal, bem como dar maior fluidez ao tráfego urbano. O prazo para execução das obras é de 30 meses. Com o empreendimento, as linhas férreas de acesso ao Corredor de Exportação de Granéis Sólidos de Origem Vegetal, que hoje passam no meio de terminais, serão transladadas para junto da Avenida Mário Covas.

Serão disponibilizadas quatro linhas férreas, a fim de favorecer a utilização do modal ferroviário, permitindo o adensamento de áreas naquela localidade. Por outro lado, o viaduto, em “y”, eliminará o conflito rodoferroviário naquela região, bem como as filas de caminhões transportando contêineres que se formam na Avenida Mário Covas. Para isso serão construídos novos gates (portões) para acesso de caminhões, dotados de leitores de OCR, que propiciarão um acesso rápido à área portuária. Os caminhões que apresentarem problemas naquele trecho, serão desviados para um pátio próximo ao começo do viaduto, para verificação, não chegando a acessar o terminal.

As obras na avenida contemplarão novos asfalto, iluminação, paisagismo, manutenção da ciclovia, sinalização vertical e horizontal e uma nova configuração, no sentido de dar mais agilidade ao fluxo rodoferroviário, bem como ao tráfego urbano. O viaduto dará acesso aos terminais por sua haste direita, ficando a esquerda para saída dos veículos da área do porto. Cerca de 60% dos veículos sairá da faixa portuária, naquele trecho, acessando a Avenida Mário Covas. Os 40% restantes sairão por uma via interna, com três faixas num total de 10,5 metros de largura. Essa via interna dará acesso aos terminais daquela região, desde a Libra até a Citrosuco.

Já o projeto executivo do trecho Alemoa – Saboó, por ter uma interface com o projeto de acesso à cidade de Santos e ao porto, passa por uma verificação das necessidades de compatibilizações. O projeto de acesso à cidade contempla sete intervenções, desde o Rio Casqueiro até a Avenida Nossa Senhora de Fátima, das quais, duas serão o viaduto na Avenida Martins Fontes, em direção à Avenida Nossa Senhora de Fátima e o viaduto no Jardim São Manoel.

Os projetos estão prontos e já foram disponibilizados para que a Prefeitura de Santos possa lançar as obras. Todas as intervenções trazem benefícios para o porto. Em algumas os ganhos são maiores. É o caso da alça de saída da área portuária em direção à Rodovia Anchieta que elimina a rotatória que hoje dá acesso aquela rodovia, permitindo uma ligação direta, passando o fluxo de veículos urbanos na rodovia Anchieta por baixo do viaduto. Esse ordenamento permitirá que os automóveis trafeguem pela esquerda e os caminhões pela direita, ficando posicionados para acessar a área portuária através do viaduto, por uma via mais lenta. Esse cenário está sendo estudado antes de se iniciar o processo licitatório para contratação das obras do trecho Alemoa – Saboó. O projeto com as sete intervenções está sendo feito pela Dersa, dentro de um convênio firmado entre o Governo do Estado de São Paulo e a Codesp. A Prefeitura de Santos e a SEP são intervenientes nesse termo de convênio.

Enquanto se conclui esses aspectos, a Codesp pretende deflagrar licitação, até a segunda quinzena de janeiro, para construção de quatro faixas viárias no Saboó, numa extensão de 820 metros. Serão duas faixas em cada mão de direção, que ocuparão áreas onde hoje se encontram os bolsões de estacionamento para os terminais Ecoporto e Rodrimar.

O objetivo dessa pista é que o trânsito de veículos que se destina à toda a margem direita do porto seja desviado da Avenida Antonio Alves Freire, para a nova pista. Em decorrência disso, a mencionada Avenida ficará exclusiva para acesso aos terminais do Saboó. Essa obra, somada à pista de 960 m já executada pela Brasil Terminal Portuário, contribuirá para a agilização do tráfego de veículos na margem direita. A licitação, através de Regime Diferenciado de Contratação (RDC), foi deflagrada dia 23 de dezembro. A expectativa é que o certame esteja concluído até abril de 2015 e que a obra, a ser realizada com recursos próprios da Codesp, esteja terminada até o quarto trimestre do próximo ano.

Quanto à obra do Mergulhão, o projeto executivo foi concluído em outubro, com uma laje de cobertura de 937 metros (do Armazém 1 até o edifício da Alfândega do Porto de Santos). A obra tem um custo estimado de R$ 1 bilhão e o orçamento disponível é de R$ 310 milhões. Considerando o custo apurado e a verba disponível no PAC, a Codesp, juntamente com a Prefeitura de Santos e participação do Ministério Público Estadual, trabalhou no sentido de reduzir a extensão do Mergulhão, chegando a uma alternativa de consenso de 700 metros de laje coberta, onde se apurou um custo estimado da ordem de R$ 800 milhões. No momento, busca-se alternativas de parcerias para implementar o empreendimento.

Com relação ao viário da margem esquerda (Guarujá), encontra-se em andamento o projeto executivo da segunda fase da Avenida Perimetral Portuária. A expectativa é que esteja concluído até abril de 2015, possibilitando que a licitação seja realizada ainda no primeiro semestre daquele ano.

O projeto básico está definido, com a anuência da Prefeitura de Guarujá, e já foi apresentado à Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo (Artesp) e à Ecovias. Serão feitas duas obras de arte, sendo uma ponte estaiada sobre a Avenida Cônego Domênio Rangoni, objetivando eliminar conflito naquele trecho de acesso ao porto, e uma segunda ponte, com cerca de 990 metros de comprimento, que fechará uma concepção de projeto onde o trânsito portuário é segregado do tráfego urbano.

O acesso portuário ocorrerá por baixo da ponte e o urbano, por ser mais leve, por cima. Os custos estimados da obra são da ordem de R$ 300 milhões e o licenciamento ambiental já se encontra em andamento. A expectativa da Codesp é iniciar a licitação até o final do primeiro semestre de 2015.

Paulino explica que a obra começará pela ponte estaiada para que o tráfego que hoje se dirige de Vicente de Carvalho para o centro de Guarujá seja desviado para ela, a fim de possibilitar a construção da ponte de 990 metros .Será uma obra de 36 meses.

O diretor de Infraestrutura afirma, também, que as obras de acessibilidade dentro do porto são fundamentais, mas não suficientes para garantir seu crescimento. São necessários investimentos no sistema viário externo para que se possa ter a expansão portuária. Algumas obras já foram entregues e outras se encontram em andamento pelo Governo do Estado de São Paulo.

Berços de atracação - Quanto aos berços de atracação, é importante destacar a conclusão do projeto dos pieres 5 e 6 do Terminal para Granéis Líquidos da Alemoa, efetuado pela empresa Planave e doado pela Associação Brasileira de Terminais Líquidos (ABTL). Foram feitas simulações de atracação para os dois pieres projetados para atender granéis líquidos, que é um segmento com grande demanda de curto prazo no Porto de Santos.

Além disso, estão sendo investidos R$ 55 milhões, com recursos pr&#

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