Os 300 empregados da Portofer Transporte Ferroviário, responsável pela chegada de granéis, contêineres e outros produtos de exportação pelo porto de Santos, podem entrar em greve a qualquer momento.
Em assembleia na noite de quarta-feira (27), no sindicato dos operários portuários (Sintraport), a categoria recusou proposta da empresa para acordo coletivo e decretou ‘estado de greve’.
O vice-presidente do sindicato, Robson Gama dos Santos, enviou ofício à gerente de relações sindicais da Portofer, Mônica Vohs de Lima, nesta quinta-feira (28), alertando-a sobre a iminência da paralisação.
O sindicalista requereu “urgência” na resposta ao ofício, “uma vez que a assembleia deliberou o ‘estado de greve’ e pretende, em prazo curto, com ou sem resposta da empresa, se reunir” no sindicato.
“Avaliaremos a resposta ou a falta de resposta da empresa o mais breve possível e daremos continuidade à campanha salarial para a data-base de 1º de março”, adianta Robson Gama.
Defasagem
O vice do Sintraport considera “insuficiente” a contraproposta da Portofer. Segundo ele, a empresa ofereceu “apenas” a reposição inflacionária de 7,69% nos salários e benefícios.
O tesoureiro do Sintraport, Albino Calixto de Souza, aposentado do setor ferroviário do porto, pondera que, “há 11 anos, a empresa concede apenas a reposição inflacionária, deixando os ganhos bem defasados”.
“Essa reposição é ridícula”, diz Albino. “Ela não reflete a inflação real dos supermercados e do comércio em geral. Se considerarmos os preços dos serviços, então, a situação piora”.
O presidente do sindicato, Claudiomiro Machado Miro, por sua vez, lembra que a empresa suprimiu as horas extras sem a indenização que deveria ter sido paga imediatamente após a medida.
Segundo o diretor jurídico do sindicato, Nilson Franco, maquinista da Portofer, a categoria reivindica, além do índice inflacionário, aumento real de 2,31%. Dessa forma, a correção total seria de 10%.
Os trabalhadores pleiteiam ainda vale-refeição de R$ 22, inclusive nas dobras de turno, alegando que Santos é comprovadamente uma cidade com alimentação das mais caras do estado e do país.
Mais: pagamento retroativo do vale-refeição e vale-transporte ao empregado chamado para trabalhar em dia de folga, isonomia salarial na oficina e respeito ao intervalo de 11 horas entre as jornadas.
Efetivo e movimento
A Portofer tem 80 maquinistas, 80 operadores e 140 empregados em funções como supervisores, líderes e auxiliares de pátio e de operação, escriturários, pessoal de manutenção, rondantes e ‘olhos vivos’.
A empresa opera 800 vagões por dia na margem direita do porto, em Santos, e 600 na margem esquerda, no Guarujá. A maioria das cargas são granéis sólidos e contêineres.