Sexta, 29 Março 2024

A importação de produtos – mesmo com a recente alta do dólar – provenientes de países como China, Índia, Bangladesh e Indonésia continua a ter um papel fundamental para composição da diversidade do varejo nacional.

 

A importação atende a dois objetivos fundamentais do varejo: oferecimento de um mix diferenciado a um consumidor que está cada vez mais ávido por novidades e preços; e a possibilidade do aumento da margem bruta da categoria em relação a uma operação 100% nacional. Não por acaso, novas marcas continuam a chegar ao País baseadas neste modelo, seja na área de casa & decoração, presente & papelaria e moda.

 

No entanto, um processo de importação pode trazer grandes riscos aos resultados orçados em um varejista, especialmente aquele que trabalha com necessidade de coordenação como o varejo de moda.


Então, como fazer a gestão da importação de modo que essa gere e não subtraia valor dentro do Supply Chain de um varejista?


O primeiro ponto que é necessário entender: a importação para esse varejo é um processo ou um projeto? O que isso quer dizer?


Para um varejo de fluxo contínuo como um supermercado ou hipermercado que precisa compor sua variedade continuamente com itens de alimentos secos e bazar, por exemplo, a importação é um processo. Ou seja, a importação acontece o ano todo com base em um processo de strategic sourcing que se renova anualmente. Uma característica adicional é que são produtos industrializados e comoditizados – “make to stock”. Não existe desenvolvimento específico.


Já para um varejo de moda, a importação é um projeto, pois cada coleção concebida tende a produzir um resultado único em um determinado prazo. É a essência da definição do que é um projeto do PMBOK. Ou seja, tem que ser tratado como um projeto desde a análise de tendência até a venda dos produtos de moda nas lojas.


Por isso, são necessárias as ferramentas típicas de um projeto como cronograma com atividades, responsáveis e prazos; e uma figura análoga a de um PMO, para fazer a gestão das frentes que compõe um projeto, como escopo, prazo, recursos financeiros, humanos, suprimentos, etc.


Recentemente, tive a experiência de auxiliar um grande varejista de moda a estruturar sua importação com base no conceito de projeto. No fim, de maneira quase paradoxal, foi um projeto para organizar um processo:

 

  • Estruturar as datas
  • Garantir o alinhamento entre áreas
  • Definir prazos e responsabilidades
  • Considerar as diversas particularidades de origem / tipo de produto
  • Dar a visibilidade dos processos em andamento
  • E estruturar a rotina de geração de indicadores, análise e tomada de ações (cancela/ adianta/ adia/ etc.)


Desta forma, foi criado um cronograma gerencial para as reuniões de acompanhamento e um detalhado para gestão da rotina. Também foi estruturado um gráfico “waterfall” para controle dos diferentes status desde a produção até a chegada do produto no Brasil. Tudo isso com um “war room” em paralelo para garantir o desempenho do “projeto” vigente. 

Como resultado, a empresa conseguiu ter um controle muito melhor das etapas de importação, permitindo uma melhoria sensível no atendimento do seu planejamento comercial. Isso tem claramente reflexo nas lojas onde, por exemplo, uma calça jeans estilizada nacional precisa combinar, em um determinado momento, com uma blusa de malha importada desenhada para a estação de inverno e que é muito mais valorizada quando exposta junto à calça.


Finalmente, essa abordagem permitiu um aumento de vendas “same store sales”, ou seja, aumento de vendas por loja, com incremento de margem em bases comparáveis ano a ano.


Concluindo: estamos certos de que a importação é uma atividade que, cada vez mais, ganha importância no varejo nacional, seja ela de produtos industrializados, seja de vestuário e moda.


O grau de valor que essa atividade pode trazer passa em reconhecer inicialmente qual a natureza dela dentro do seu Supply Chain e gerenciá-la apropriadamente.


Em tempos de crise, uma parte importante das vendas e margem pode estar escondida dentro da sua importação. E substituir a importação não é o caminho que os varejistas têm adotado.

 

*Philippe Minerbo é diretor da Cosin México e da Cosin Consulting Brasil, consultoria de negócios e TI.

 

 

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