Sexta, 19 Abril 2024

* enviada especial à Operação Unitas

 

Terceiro dia de viagem. O trabalho de toda a tripulação do navio segue no mesmo prumo: com organização e disciplina. O que começa a se construir entre tripulantes e civis é uma relação de cooperação, ajuda mútua.

 

Durante todo o dia, a fragata Rademaker participou de um exercício conhecido como Casex A-2/A-3/A-4. É um exercício de ações coordenadas anti-submarino realizadas em diferentes graus de dificuldade.

 

Esta atividade, excepcionalmente, não pudemos acompanhar, pois estava sendo realizada no Centro de Operações e Combate (COC), local "quase secreto" do navio. Recebíamos as informações do que estava ocorrendo pelos oficiais do passadiço. O comandante, mesmo, só foi visto à tarde. Quando nos encontrou, logo adivinhou o nosso pensamento. "Vamos conhecer o COC?", convidou. Ó-b-v-i-o que fomos correndo.

 

Ao abrir a porta, a sensação de desvendar um grande segredo. O ambiente escuro, iluminado somente pelas luzes verdes e vermelhas dos equipamentos dava a sensação de que estávamos num centro de inteligência, no cérebro da Rademaker.

 

O que encontramos naquele momento foi uma aura de atenção. O que se via era uma equipe altamente concentrada nas informações geradas pelos diferenciados painéis. O COC é dividido em quatro ambientes: guerra de submarino, guerra de superfície, guerra antiaérea e guerra eletrônica, este último isolado dos demais. Em cada um deles ficam dois operadores, um na face norte e outro no lado sul. Cada um tem a sua área de controle.

 

Existe um console onde guarnecem o avaliador e o comandante. Neste display são visualizadas as informações mais complexas, com os dados de todos os ambientes. A interpretação requer enorme conhecimento para se obter uma decisão acertada. 

 

O comandante Newton Costa explica que o objetivo do exercício em si não é fazer a identificação eletromagnética do outro, mas fazer a detecção e adotar os procedimentos para abatê-lo. E complementa: "O exercício é válido para treinar o índice de reação do sistema a uma determinada ameaça".

 

O jogo parece bem interessante. O comandante deve traçar uma estratégia para enganar ou confundir o seu inimigo utilizando recursos tecnológicos, correlacionando as informações e, claro, usando sua capacidade de inteligência. Todo cuidado é pouco no jogo. Numa guerra eletrônica, por exemplo, ao usar os radares, o oponente pode detectar sua freqüência e descobrir onde você está.

 

Newton explica que também é possível identificar o inimigo pela atitude e não pela emissão. "Às vezes você tem que abrir mão de usar os seus radares para fazer o exercício. Mas, até que ponto isto é válido?"

 

Numa operação multinacional como a Unitas, o treinamento não é uma simples simulação de guerra. "Na verdade, os outros navios não vêm somente para se relacionar com as outras Marinhas, mas para aferir algumas coisas nossas, de todos os meios que estão sendo usados. Na realidade não é um jogo de soma zero".

 

O período da tarde passou rapidamente e logo fomos jantar, às 18h30. Desta vez, uma conversa com os oficiais modernos (os mais novatos). O clima amistoso prevaleceu no jantar. Percebemos que o pessoal era mesmo bacana.

 

Uma ida à popa do navio e, de repente, fomos surpreendidos com uma noite sem luar. Tudo absolutamente escuro e silencioso. Somente a brisa nos fazia companhia. Alguns minutos de contemplação e resolvemos, então, nos dirigir à proa. 

 

Chegamos a tempo de acompanharmos o exercício de Light-line, aquele em que é simulado um treinamento para possível transferência de carga leve. O interessante deste exercício noturno é testar a comunicação entre os navios não pelo rádio, mas por meio dos sinalizadores das embarcações.

 

O protocolo de comunicação entre os navios é o Código Morse. Na Rademaker, cinco sinalizadores decifram os códigos emitidos pelo contratorpedeiro americano Ross através das luzes vermelhas. Dois deles repetiam em coro as letras (delta, índia, lima, etc) que estavam sendo geradas pela outra embarcação. Um outro tripulante escrevia num pedaço de papel cada uma delas. A confirmação de que a mensagem havia sido compreendida por nós se dava através de um facho. Logo a frase estava completa. A Ross estaria pronta para o início da operação. Deveríamos seguir em frente. A Rademaker fez a aproximação e mais uma faina se iniciava.

 

Ainda naquela noite o helicóptero Super Lynx participou de um exercício de ataque anti-submarino. Era o primeiro vôo noturno dos pilotos do esquadrão HA-1 na operação. Observamos a decolagem e o pouso...  Só mesmo com muita coragem para voar à noite.

Dia seguinte seria a nossa vez de voar. O destino: a fragata espanhola Santa María. Adios!


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