Continua a nossa análise de custos para as empresas no Brasil. Conforme escrevemos no artigo anterior, o estoque é uma necessidade ruim no mercado local. Trabalhos com “just in time” são feitos apenas parcialmente e em geral apenas por grandes indústrias que podem impor essa filosofia de trabalho aos seus fornecedores. Porém, o resto da cadeia produtiva deve sofrer com a manutenção de seus estoques.
* Custo Brasil nas empresas (1)
* Continuamos a análise do Custo Brasil nas empresas
* Custo Brasil (3)
* Custo Brasil (4)
No varejo o trabalho com ECR (efficiente consumer response) tem proporcionado um grande avanço na redução de custos da cadeia de suprimentos, porém mais fortemente aplicado pelos supermercados. No restante do varejo continua a síndrome do fim do mês. Antigamente a versão era que na virada do mês os preços aumentariam (acreditem: mesmo após 16 anos do real ainda há gente que usa desse jargão).
Hoje a questão é do fechamento do balancetezinho mensal. Ficam aquelas loucas discussões entre fornecedores querendo empurrar seus estoques e compradores querendo fechar o dia 30 do mês com imaginário estoque zerado, para no dia seguinte correr atrás dos produtos para não perder vendas e consequentemente clientes.
Nessas horas me atormenta saber que há falta de conhecimento mínimo de que o custo do estoque se dá por média e que zerá-lo um dia significa uma falsa ideia de não compromisso assumido, pois os pedidos de compra, em geral, já estão assumidos.
Por outro lado, em função dessa síndrome, mais de 30% das vendas são realizadas no último minuto e quase sempre com preços reduzidos em relação ao resto do mês. Novamente os custos aparecem, pois todos sabem que haverá consumo então quantidades de produtos precisam ser produzidos e estocados. Mais um grande custo é jogado na cadeia produtiva sem qualquer vantagem ao consumidor. Penso que seria melhor se o mercado atuasse como basquete americano, ou seja, em quatro tempos, no caso quatro semanas.
Um custo logístico associado ao grande volume de vendas na virada do mês é a falta de transporte, basicamente caminhões, o que normalmente implica em aumento do valor dos fretes e no resto do mês sobra de caminhões parados nos pátios. Mais custo para toda a cadeia produtiva.
Falta maturidade nos negócios e qualidade nas negociações. Negociações que viram mais cenas de teatro com ambos os lados não querendo que o outro perca do que levadas ao mais alto grau profissional. Mais custo e menor competitividade. E depois reclamamos que os chineses estão por todas as partes.