Entropia é definida, nos ambientes da física, como a mudança de estado, a perturbação. Em geral, se pode reduzir a entropia com a utilização de maior pressão sobre um ambiente fechado de tal sorte que as moléculas tenham menor capacidade de movimento.
Na política (e nas empresas) o aumento da entropia é conseqüência da liberação de movimentos que aumentem o nível dos problemas. A redução dessa entropia se dá quando o governante (ou o gerente) aumenta a pressão política ou gerencial para resolver o problema. Aí o governante aparece com a solução e passa a ser considerado por todos (menos por aqueles que perderam com a decisão adotada), como alguém dotado de capacidade superior, podendo assim manter o poder.
Nos governos atuais as coisas continuam a acontecer exatamente como está escrito nos manuais de política: deixar a bagunça crescer para, então, como herói, acabar com o caos.
Vários exemplos podem ser observados: a transposição do Rio São Francisco, imposta e espetacularmente difundida, é questionada por milhões como sendo a solução apenas para favorecer a poucos. Com certeza o próprio governo sabe disso e há soluções alternativas .
As invasões de diversas empresas pelos movimentos dos sem terra ou das mulheres campesinas, num flagrante desrespeito a lei (não estou discutindo problemas sociais, que talvez sejam de justa reivindicação), sobre o qual o governo dá de ombros, ou seja, finge que não vê, deixando ambas as partes do conflito livres e perdidas. Arrisco projetar que às vésperas das eleições não haverá invasões, por conseqüência de acordos desses movimentos organizados com o governo.
Os problemas de segurança nas grandes cidades, sabidamente não controláveis somente com a ação das polícias locais e, em parte, infiltradas por elementos participantes de quadrilhas que de traficantes ou bandidos comuns.
Podemos nos lembrar que, quando dos Jogos Pan-Americanos, a presença de tropas federais eficientes provou que é possível minorar as ameaças diárias sofridas pelos cariocas.
Puxa, não faz muitos anos, eu morava no Rio e passeava despreocupadamente pelas lindas praias cariocas, e voltava vivo e feliz para casa.
Até ações mais espertas do tipo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que são anunciadas após cinco anos de governo, sendo que deveriam ser rotina desde o primeiro dia. Mas não, deixaram os problemas de infra-estrutura chegarem ao caos para então anunciar pomposamente o plano de aceleração do crescimento, que até mãe tem. Por falar nisso , mãe que é mãe gosta de seus filhos e lhes dá educação. Assim o presidente também deveria reclamar dela pela falta de informações corretas que ele recebe sobre o programa.
O mais recente exemplo desse método adotado, de criar confusão para depois solucioná-la, foi a divulgação, pelo ministro da fazenda, sobre a imposição de limites aos crediários. Na verdade eu sou até a favor de algum tipo de limite a fim de se evitar problemas semelhantes com aqueles que estão ocorrendo nos Estados Unidos e que ocorreram mais antigamente na Argentina, conforme artigo anterior que escrevi. O problema é que foi anunciado. Portanto já aumentou a entropia.
Os psicólogos sociais, corretamente, chamam ao aumento de entropia de stress social. O objetivo parece então que é manter constante uma certa dose de stress social, acima daquele nível que seja o stress estimulante ao desenvolvimento.
Os problemas de trânsito de São Paulo é outro exemplo de permanente alto stress social. Formas de minimizar esses problemas existem, se me chamarem a colaborar possa até dar alguma sugestão. Afinal, os traçados das ruas ainda seguem o modelo romano, pensado nos tempos das bigas.
Outra aflição, e sofrimento constante, é a questão da poluição dos rios e das praias. A Inglaterra conseguiu limpar o rio Tamisa e nós quando vamos realmente assumir essa tarefa de forma profissional? Talvez os governantes esperem acontecer o mesmo que na Inglaterra por volta do meio do século XIX, quando o cheiro em Londres era insuportável, e doenças se espalhavam matando milhares de pessoas, segundo consta dos relatos da época.
Novamente a tecnologia para solucionar esse problema é conhecida. Por que então não se resolvem os problemas quando eles ainda são controláveis? Porque isso reduziria a entropia e, para os políticos em geral, isso não é bom.
É muito mais fácil prometer melhorar as coisas ruins quando elas são em grande numero. Também não é qualquer consolo saber que em outros países acontecem coisas semelhantes.
Se for para se fazer comparações devemos fazê-lo com tudo o que é bom e o que é ruim. O que importa efetivamente é que se comece a resolver os problemas na medida em que eles vão acontecendo.
A atual epidemia de dengue no Rio e em outras cidades mostra o descaso das autoridades em atacar o problema no seu nascedouro. No entanto deixaram-no crescer a ponto de virar crise nacional.
Logo vai aparecer alguém dizendo que tem a solução e de pronto aumenta o seu índice de aprovação.